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Quando a má fé se disfarça de burrice!

Você já ficou furioso, após várias tentativas de explicar o óbvio a uma pessoa, ela continua se recusando a enxergar ou mesmo a aceitar discutir a possibilidade, apesar de uma série de irrefutáveis evidências?

Olá!

Acredito que eu não seja a única pessoa que ficou furiosa após várias tentativas de explicar o óbvio, a pessoa à minha frente continuava se recusando a enxergar ou mesmo a aceitar discutir a possibilidade.

Após muitos anos trabalhando na área de orientação pessoal e profissional, o que envolve a consultoria, o mentoring e logicamente o Coaching, passei a entender que as pessoas podem sim ficar presas ao seu sistema de crenças e mesmo diante de um conjunto irrefutável de evidências, continuam negando o óbvio e refugiando-se em sua argumentação primária. Algumas vezes, este refúgio acaba em violência verbal e até mesmo física.

Este processo de recusa ao raciocínio pode ser observado em todos os setores da humanidade, independentemente de credo, cor, orientação sexual ou classe social. Quem de nós nunca ouviu de nossos pais a expressão “é assim porque eu estou mandando e pronto!”. Violência muito comum na fase em que a criança fala um milhão de vezes por dia as palavras “por que”.

Assim, segui meus estudos na psique humana acreditando que as pessoas não concordavam com o óbvio devido aos seus sistemas de crenças e isto era uma patologia que precisava ser tratada com sessões de terapia, Coaching, hipnose e outras técnicas de reprogramação associadas aos princípios da PNL, até que um belo dia caiu em minhas mãos um livro cuja origem são as anotações de Antonio Pigafeta, escriba da esquadra de Fernão de Magalhães. O nome do livro é Além do fim do mundo e o escritor, se não me engano, é Laurence Bergreen.

Eu sou apaixonado por relatos de volta a mundo. Como velejador, sempre alimentei o sonho de um dia dar a volta ao globo velejando como já fizeram os Schurmann, meu querido amigo Amyr Klink e o grande velejador Aleixo Belov. Enquanto a vida não me permite realizar este sonho, sigo de carona com estes fantásticos viajantes e seus relatos. Mas, voltando ao nosso tema, o livro de Laurence relata de maneira clara a batalha do navegador Fernando de Magalhães, português (que depois viraria Fernão) ao tentar convencer o rei de Portugal que haveria sim um caminho para o pacífico através do sul da América do Sul, se a necessidade de enfrentar o tão temido Cabo Horn, com suas águas geladas e ventos traiçoeiros.

Por mais que Fernando justificasse sua visão com fatos e dados, o tal rei de Portugal não autorizava a expedição de forma alguma, recusando-se a aceitar o óbvio. A rejeição foi tanta que Fernando, agora Fernão, aliou-se ao rei de Espanha e este sim, autorizou a expedição que culminou na descoberta do Estreito de Magalhães.

O fato que chama a atenção no relato de Laurence Bergreen é que em dado momento fica claro que o rei de Portugal não só sabia que o tal caminho existia, como já havia feito uso deste para negociar com os povos da Polinésia, Micronésia e Ilha da Páscoa. Nosso querido e amado rei sabia que Fernão contava a verdade, mas fez-se de desinformado e cabeça dura, passando até mesmo por tolo, para esconder seus pequenos segredos comerciais.

Quando acabei a leitura deste belo livro, escrito sobre relatos de Antonio Pigafeta, me ocorreu que o fato acontecido entre Fernão de Magalhães e o rei de Portugal em muito se assemelha a fatos que ocorrem em nosso dia a dia. No meu, no seu, enfim no de todos nós.

Encontramos pessoas que insistem em recusar apoio a ideias óbvias, não aceitam adotar comportamentos recomendados, ainda que estes sejam claramente melhores em relação aos comportamentos atuais ou ainda, quando estamos no mercado corporativo, percebemos que algumas pessoas resistem às mudanças sugeridas, apesar de todos os esforços para convencê-las do contrário. Em resumo, não fazem porque não querem.

Não querer algo, do ponto de vista da programação neurolinguística, significa que a pessoa, diante de sua formação de juízo sobre algo, escolhe deliberadamente um caminho contrário ao proposto.

Logo, meu querido leitor, diante dos que percebi e que compartilho contido, posso atestar com toda a certeza que em alguns casos, não se trata de sistema de crenças, dogmas, ou mesmo carência de inteligência. A máxima que carrego comigo é: Burrice em demasia é sinal de má fé!

Pense nisso!

Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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