Parece ser senso comum que as pessoas de sucesso são aquelas que fazem aquilo que amam e que este é o segredo daquelas muito prósperas, realizadas e felizes. Mais grave ainda é uma geração inteira que acreditou nisso e que cria a ilusão de que seguirão uma carreira fazendo apenas o que verdadeiramente gostam.
Fato é que a grande maioria dos jovens das gerações Y e Z se sentem frustrados logo nos primeiros meses, quiçá dias de trabalho quando descobrem que junto com aquilo que gostam muito, há inúmeras outras atividades, compromissos, responsabilidades e até pessoas que não gostam tanto assim.
Você já deve ter conhecido alguém que gosta muito de cozinhar e se aventura a montar um restaurante. Logo, logo, o sonho vira pesadelo porque ser proprietário de um restaurante é muito mais complexo do que simplesmente cozinhar alguns pratos para um grupo de amigos que irá sempre elogiar, especialmente se a comida for 0800.
Além da cozinha, há todo o processo de gestão que vai desde o relacionamento com fornecedores, colaboradores e clientes, gestão financeira de todos os gastos e receita, estratégias de marketing para atrair novos clientes, retê-los, ainda transformá-los em multiplicadores que tragam outros até a gestão do tempo dedicado ao negócio nos fins de semana ou até altas horas madrugada afora.
Seja você o dono de seu próprio empreendimento ou o funcionário, saiba que acreditar que viverá de uma profissão com a qual estará em uma eterna “lua de mel”, é tão ingênuo e ilusório quanto acreditar que a terra é plana. A lua de mel vai durar muito menos do que você gostaria, mas unicamente porque você não se programou devidamente e não entendeu que lua de mel é para durar pouco mesmo e tem dia para acabar.
Antes de abraçar qualquer trabalho ou negócio, planeje-se. Uma maneira bastante eficaz é fazer um “benchmark”, ou seja, conhecer bem do ofício que deseja abraçar e de tudo que envolve esta profissão ou carreira. Converse com as pessoas que estejam há algum tempo no mercado e conheça bem do ramo. Se desejar seguir o caminho e fazer aquilo que realmente ama, faça um estudo mínimo do seu perfil e do negócio. Se puder, seja voluntário e procure aprender ainda mais sobre aquilo que você acreditar amar e deseja transformar em carreira.
Sugiro que comece com um SWOT analyse ou Análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças), colocando num papel suas forças e as oportunidades que poderão surgir ou buscar por conta daquilo que faz muito bem, suas virtudes, competências e habilidades. Faça também uma lista de tudo aquilo que não gosta de fazer, que faz mal ou simplesmente não sabe fazer e de tudo aquilo que pode ser ameaçador em função dos pontos que não é tão bom ou boa e que precisa melhorar.
Voltando no exemplo da pessoa que gosta de cozinhar, no quadrante das FORÇAS deve estar tudo aquilo que a pessoa é boa como: organização na cozinha, agilidade, criatividade para criar novas receitas, etc. Já no quadrante das fraquezas deve estar tudo que não é bom, que precisaria contratar alguém ou que teria que desenvolver como, por exemplo, fazer a contabilidade da empresa ou negociar preços com fornecedores. A partir daí, pensar em todas as oportunidades que surgirão por causa de suas forças como não precisar contratar um chefe de cozinha e as ameaças como não dar conta de comprar a preços competitivos ou de ter bons fornecedores. Além de considerar o quanto estaria disposto(a) a trabalhar todos os fins de semana, feriados e datas comemorativas enquanto seus amigos e familiares estarão curtindo.
Sem dúvida alguma, devemos sempre fazer aquilo que amamos e focarmos ainda mais em nos tornarmos excelentes no que somos muito bons ou boas. A armadilha está apenas em acreditarmos que ao escolhermos fazer o que amamos não estaremos sujeitos(as) às intempéries e a dias ou situações que odiaremos. O grande desafio está exatamente em aprendermos também a amar aquilo que fazemos e não apenas fazermos o que amamos.
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