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A convivência harmoniosa entre “diferentes”!

É preciso desenvolver a capacidade de não julgar os outros, seja no ambiente de trabalho ou no contexto social, e conviver em harmonia, apesar de todas as possíveis diferenças socioculturais envolvidas.

Amigos, eu estava preparado para escrever sobre outro assunto, mas ontem eu assisti um filme tão interessante que decidi provocar esse tema complexo que é o de alguém desenvolver a capacidade de não julgar os outros e conviver em harmonia, apesar de todas as possíveis diferenças socioculturais envolvidas. Não estou trazendo essa questão a partir de doutrinas religiosas, filosofias de vida ou mesmo estimulado pela frequente postura que muitas pessoas têm em julgar o comportamento alheio, seja no ambiente de trabalho ou no contexto social.

A minha motivação está no princípio de que a ninguém é dado o poder de adotar o seu padrão pessoal e moral para julgar ou mesmo influenciar o relacionamento dos outros. No filme, há uma situação em que o amor abre portas para a aproximação de dois jovens e, depois, os fatos que acontecem querem atrapalhar a continuidade dessa relação de amor. Certamente, não contarei o final, pois assim não estrago a bela surpresa de quem quiser assistir (está disponível no idioma original e legendado), clique aqui.

O filme A summer story (no Brasil, chamado Uma história de amor) foi produzido em 1988 e é ambientado no início do século XX, em uma região a 250 quilômetros de Londres. A música, que em si já é maravilhosa, foi assinada por George Delerue. A sinopse trata como sendo a história de um aristocrata que recorda momento especial de sua juventude, quando se envolveu com uma gentil camponesa e por ela se apaixonou. Mas ele não cumpriu a promessa de voltar e, muitos anos depois, veio a conhecer fortes e inesperadas revelações.

Alguém pode perguntar: muito bem, são tantas as histórias de amor que foram ao cinema, algumas com final feliz e outras não. O que essa história tem de especial para ser trazida como um assunto para reflexão do leitor?

Para chegar ao ponto, preciso trazer o contexto do enredo, em que uma situação imprevista leva um galante jovem inglês a se machucar quando passeava pelas redondezas de Torquay, vilarejo com fazendas em volta. Impossibilitado de caminhar por alguns dias, ele é acolhido em uma casa rural e passa a conviver com aquela  realidade bem diferente da sua. Lá, ele conhece a jovem pela qual se apaixona perdida e honestamente, sendo amplamente correspondido. Naquele momento, o amor verdadeiro dos dois não tinha fronteiras e nem diferenças, não conhecia dificuldades, e abria uma corrente de sonhos de poderem viver juntos por toda a vida.

Ambos combinam fugir para Londres, pegando o trem pela manhã. Ele iria antes a Torquay, para comprar as passagens, e voltaria para buscá-la em local determinado na estrada. Porém, o destino cria uma peripécia em que ele encontra um grande amigo, também aristocrata, com quem desfruta de momentos de lazer na praia e em restaurantes. Enquanto isso, chega a noite, as horas passam e a garota permanece esperando por ele como combinado. Amanhece e ela vai caminhando para a cidade tentando encontrar seu amado, sem saber que ele lá está com a família do amigo. Será que vão se encontrar ou não? Resposta para quem assistir ao filme.

O ponto central é que, ali na cidade, o jovem rapaz conta sua vibrante saga de amor (ou seria paixão?) para o amigo, em todos os detalhes e com toda a euforia de viver esse sonho maravilhoso com a amada. O outro gera dúvida quanto a essa relação, lembrando que o amigo é aristocrata e a jovem é camponesa, o que só vai gerar conflito em valores, cultura, relacionamentos e outros aspectos da vida do casal. Ou seja, o amigo não só quebra as expectativas do jovem enamorado como estimula que ele continue a vida de burguês, deixando a camponesa livre para o ambiente em que ela foi criada. Garantiu ao amigo que aquele amor não iria dar certo.

Na vida, até que ponto alguém abandona o amor por convicção própria ou se deixa convencer a abandonar o amor? Resumidamente, tente lembrar quantas vezes alguém veio demonstrar amizade e assumiu a liberdade de criticar os seus caminhos, as suas decisões. Isso acontece tanto na vida social como na profissional, mas é ainda mais evidente quando se trata de relacionamentos. Se você não seguir os conselhos recebidos, por vezes carregará o rótulo da insensibilidade ou da teimosia. Se tornar-se sempre dependente de conselhos dos outros, acaba por não usar do livre-arbítrio e do potencial de refletir, avaliar e decidir (base do processo de Coaching).

Quando se conta uma história sempre vem a conclusão, não é mesmo? Pois bem, aqui a mensagem é de que na nossa vida estamos destinados a conviver com o pluralismo em todas as suas dimensões, sendo que em especial no trabalho isso se torna mais evidente. Cada pessoa à sua volta é um conjunto formado pelo passado, com momentos felizes e frustrações, bem como pelo momento presente, em que ela investe para alcançar um futuro glorioso, no qual os sonhos de conquistas permeiam as expectativas. E assim como para você, os traços culturais, a personalidade, os gostos pessoais e o jeito de se relacionar são únicos, como uma impressão digital.

Para viver bem e em harmonia, é fundamental conseguir respeitar essas diferenças, sem cair no pecado do julgamento, e sem permitir que sua própria identidade seja afetada por julgamentos. Não queira mudar os outros no jeito de ser, mas se estiver tentado a ajudar, ao invés de dar conselhos busque estimular um processo de reflexão (lance perguntas que motivem o outro a pensar, analisar e decidir, segundo as próprias motivações).

Espero que tenha gostado desta postagem. E não deixe de ver o filme para conhecer uma bela história de amor!

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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