Prezado Leitor!
Como esse é o primeiro artigo da minha coluna, acredito que assim como em uma sessão de Coaching, o primeiro passo é nos conhecermos. Então, começarei me apresentando e contando um pouco da minha história até aqui. E posteriormente, poderemos continuar essa conversa por meio dos comentários, e-mails e outras ferramentas.
Meu nome é Taynã, tenho 31 anos, sou casada com o Marco e mãe da Clara. Cheguei ao Coaching por uma intensa caminhada pela busca de sentido. Sabe aquela coisa de acordar do “piloto automático” e buscar algo que realmente fizesse brilhar os meus olhos. Nesse processo, percebi que precisava olhar para dentro, encontrar minha vocação e trazer isso para o mundo. Então, nesse artigo inicial vou falar um pouco sobre a diferença entre carreira e vocação.
Para esclarecer essa questão vale trazer o significado dessas duas palavras pelo dicionário Michaelis.
Carreira sf (lat vulg carraria) 1 Corrida veloz. 2 Caminho de carro. 3 Carreiro. 4 Trilha. 5 Curso, trajetória. 6 Caminho, fechado entre barreiras, para corridas de cavalos. 7 Corrida de cavalos. 8 Plano inclinado pelo qual desce o navio quando é lançado ao mar. 9 Estaleiro. 10 Fileira, fiada; fila. 11 Corredeira, correnteza. 12 Profissão: Preferiu a carreira das armas. 13 Esfera de atividade. 14 Meio ou modo de proceder. 15 O decurso da existência.
Vocação sf (lat vocatione) 1 Ato ou efeito de chamar. 2 Chamamento, eleição, escolha, predestinação. 3 Inclinação, propensão, tendência para qualquer estado, ofício, profissão etc. 4 Inclinação para o sacerdócio ou para a vida religiosa. 5 Disposição natural do espírito; índole. 6 Talento.
Analisando as duas palavras podemos encontrar diferenças significativas. Carreira surge como um caminho (e ainda fechado entre barreiras), como uma corrida veloz, como uma esfera de atividade, como um meio, como um modo de proceder. Se observarmos o contexto organizacional, a busca pela construção de uma carreira muitas vezes é realmente caracterizada por uma corrida veloz do individuo. As pessoas focam uma esfera de atividade (por exemplo, marketing) e assim vão se capacitando por meio de cursos e promoções de emprego em uma área especifica. É o individuo construindo o seu conceito de empregabilidade. Geralmente existe uma meta final ligada a um determinado cargo. Por exemplo, “quero ser diretor de marketing” e assim vou construindo uma carreira rumo a esse objetivo. E algumas vezes, são as empresas que vão pontuando as etapas para o individuo chegar na reta final. Existe certa intenção interior, mas o “lado de fora” tem um papel determinante.
Já a vocação surge como um “chamamento”, como uma inclinação, como uma disposição natural do espírito e está ligada ao talento. Vocação é algo muito mais profundo e está conectado com a essência do individuo. Enquanto, carreira trabalha o conceito de competências, a vocação está ligada aos talentos. Enquanto carreira busca “O que se faz?”, vocação busca o “Como se faz?”. O objetivo último de uma carreira geralmente é uma posição, um cargo. O objetivo último de uma vocação é uma causa. Carreira é meio, vocação é fim. Carreira está ligada ao racional, ao pensar; já vocação está ligada ao emocional, ao sentir. E talvez, a diferença mais marcante entre esses dois caminhos está na pergunta que os move. Carreira surge da pergunta: “O que eu quero da vida?”. Vocação surge da pergunta: “O que a vida quer de mim?”. São perguntas totalmente diferentes.
Para exemplificar, na minha trajetória profissional, iniciei com o foco na construção de carreira. O que eu queria na vida? Ser diretora de marketing! Iniciei e fui construindo os primeiros passos. Fui estagiária, analista júnior, analista pleno, analista sênior e por aí vai. Seguia os marcos que as empresas colocavam rumo a essa meta final. Contudo, em certa etapa do trajeto, esse caminho preenchia o meu tempo, mas não a minha alma. E aí surgiu, a pergunta: “O que a vida quer de mim? E depois de muito tempo, meditação, desenvolvimento e de um certo “olhar interno” pude perceber que a vida esperava que eu colocasse meus talentos para atender as necessidades do mundo e não do mercado. E assim, minha vocação estava ligada a usar dois talentos meus, a alegria e a profundidade, para ajudar o outro a ampliar a consciência, encontrar sentido, conectar-se com sua essência e assim exercer seu propósito no mundo. Construir essa resposta fez toda a diferença. E o mais interessante é que quando me conectei com a minha “causa”, minha vocação, descobri que posso exercê-la de diversas formas, com identidades distintas: consultora, Coach, empreendedora, professora universitária, facilitadora de meditação, mãe e idealizadora de projetos. Todavia, sei que essa não é uma resposta definitiva, pois a cada momento a vida nos dá um contexto diferente e também nos transformarmos e evoluímos ao longo do caminho, consequentemente, a resposta certamente irá se transformar.
Quando entendemos a nossa vocação, resolvemos a equação:
Quem sou eu? = O que eu faço!
O risco de seguir uma carreira é o de desenvolver unicamente um lado da equação (o que eu faço!), sem questionar e se aprofundar com o outro lado (quem sou eu?).
Assim, o Coaching é sim um processo fundamental para construção de carreiras e uma ferramenta de apoio para o desenvolvimento de competências. Porém, essa é apenas uma das possibilidades de se trabalhar com o Coaching. O Coaching certamente é um caminho poderoso para apoiar também a desconstrução de carreiras para uma conexão com a vocação. A grande ferramenta do Coaching são as perguntas. O que eu quero da vida? O que a vida quer de mim? Ambas perguntas são poderosas e transformadoras! Cabe ao Coachee perceber qual é a que lhe move. Afinal, a escolha e o protagonismo são sempre do Coachee. O importante é ter uma pergunta, porque de respostas o mundo está cheio. E como dizia Sócrates, uma vida sem reflexão não merece ser vivida.
Então, como todo bom Coach, termino esse artigo com algumas perguntas:
- Você segue carreira ou vocação?
- Quem é você?
- O que você espera da vida?
- O que a vida espera de você?
- Qual é o seu “porquê”?
Bom final de semana! E que a busca de sentido impulsione você em direção àquilo que você realmente quer ser. Pois como dizia Nietzsche: “aquele que tem um porquê para viver pode suportar quase qualquer como”.
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