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A dor que cura ou o sofrimento como opção!

Não há certezas absolutas sobre como funciona a relação entre a mente e o cérebro, mas sabe-se que o cérebro modela a mente e, na medida em que a mente se transforma, o mesmo acontece com o cérebro.

Os leitores deste espaço sabem que tenho buscado trazer conteúdos extraídos de estudos avançados, publicados pelo mundo, com foco em temas relacionados com o ser humano. Hoje farei referência ao trabalho de Rick Hanson, neuropsicólogo e professor de meditação, e Richard Mendius, neurologista, sócios do Instituto Wellspring de Neurociência e Saber Contemplativo (EUA). Eles escreveram O cérebro de Buda, em que explicam o funcionamento do cérebro e mostram como podemos alcançar a felicidade a partir de práticas simples, ativando pensamentos positivos que se contraponham aos negativos.

Minha intenção não é resumir as 270 páginas do livro em poucos parágrafos, mas sim tratar do que me parece fundamental, ou seja, como podemos fazer para que as experiências boas sejam usadas para aliviar, equilibrar ou até mesmo substituir as experiências ruins. Para não perder a qualidade da abordagem, assumo desde já que repetirei aqui frases dos autores para formar um conjunto de proposições que será extremamente útil aos leitores, desde que praticado no dia a dia.

Para começar nosso passeio pelo texto do livro, há um curto parágrafo chamado “A dor que cura” e que tem toda relação com o processo de Coaching. Os autores afirmam que, quando duas lembranças são retidas na mente ao mesmo tempo, cria-se forte ligação entre elas. É por essa razão que ao conversar sobre temas difíceis com uma pessoa (e aqui eu aponto a figura do Coach, que apoia e faz bem pelo suporte à necessidade do Coachee) um profissional consegue estimular que as lembranças dolorosas sejam arquivadas na memória acompanhadas desse sentimento de aconchego, alento e relação próxima, diminuindo a dor da experiência negativa.

Os autores deixam claro que não há certezas absolutas sobre como funciona a relação entre a mente e o cérebro, mas sabe-se que o cérebro modela a mente e, na medida em que a mente se transforma, o mesmo acontece com o cérebro. E como o cérebro dos humanos de hoje é o resultado da evolução dos nossos mais distantes ancestrais, que tinham prioridade extrema na sobrevivência e preservação da prole, o cérebro aprendeu a regular a si mesmo e os outros sistemas do corpo pela combinação dinâmica de atividades ao mesmo tempo excitantes e inibidoras: sinal verde e sinal vermelho.

Uma metáfora interessante dos autores é que já se comprovou que o cérebro funciona como um velcro bem aderente para as experiências ruins e como um teflon para aquilo que nos é agradável. Pense em seu cotidiano e verá que, mesmo quanto às melhores experiências, elas ocupam menos “resgate” automático na sua memória do que as piores experiências. A razão disso é que, na evolução através do tempo, o ser humano nunca perdeu a referência do que é negativo como um perigo (sinal vermelho). Ele primeiro deve sobreviver para, depois então, vivenciar qualquer outra boa experiência (sinal verde).

Alguém pode perguntar: e o que isso tem a ver com o sofrimento? Os autores usam de uma expressão criativa para tocar no ponto: a dor é inevitável, o sofrimento é opcional. Se a pessoa se mantem forte diante de qualquer experiência negativa de que se lembre, sem se entregar ao sofrimento, alcançará a chance de seguir em frente controlando a dor. Os autores lembram do erro que as pessoas cometem ao quererem manter a sua vida “estável” em um ambiente social absolutamente “instável”, concluindo que por não existir a segurança absoluta, mostra-se sabedoria ao se enfrentar as mudanças com resiliência.

Ficando apenas na questão da dor e do sofrimento (pois o livro vai muito além), os autores sugerem um caminho a percorrer em busca de seu “harém de felicidade”. Em primeiro lugar, deve-se trabalhar para que a mente entenda como experiência positiva todo e qualquer fato positivo (por mais simples que seja, carimbe assim o que for do seu agrado, desde uma paisagem, o sorriso de uma criança ou o carinho da pessoa amada).  Em segundo lugar, deixe que a sensação dessa experiência agradável dure o máximo de tempo possível, evitando a tendência natural de não dar o devido valor ao fato positivo por estar preocupado com os desafios que terá (ficar vendo o sinal vermelho quando ele está no verde).

Em terceiro lugar, tente imaginar a experiência positiva sendo incorporada pelo seu sistema físico e mental, de forma a ter certeza de que a imagem ficou marcada na sua memória para ser resgatada quando você precisar se contrapor a outras imagens negativas que, inevitavelmente, irão aparecer em algum momento.  Toda vez que alguém assimila o que é bom com a consciência plena, vai construindo uma nova estrutura de funcionamento do cérebro, bem como a nova forma de ser e de agir no dia a dia.

Enfim, absorver o bem, e gravá-lo na memória com esse grau de consciência, trará benefícios para a saúde física, mental, e ainda ajuda na prática espiritual, promovendo segurança, autoconfiança, motivação e sinceridade de propósitos. E então, vamos praticar?

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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