A sensibilização e preparação das pessoas em todos os níveis hierárquicos na organização é fundamental para que uma empresa se torne inclusiva pois é através do conhecimento da realidade, da quebra de barreiras, da mudança de mindset ao enxergar a pessoa e suas potencialidades em detrimento da deficiência e limitações que será trilhado o caminho da inclusão.
Um ponto importante é QUANDO realizar ações inclusivas e a resposta é SEMPRE, porque para se mudar uma cultura é preciso gerar informações e oportunidades de debates constantemente.
É comum empresas que colocam o foco no cumprimento da lei de Cotas somente e os resultados são desastrosos, pois aumenta a rotatividade, gerando um esforço imenso de fechamento de vagas.
Normalmente no processo de sensibilização empresas contratam palestrantes para abordar o assunto, o que sem dúvida é uma grande iniciativa, mas nada se compara a experiências que propiciem a vivência dos colaboradores, pois geram entendimento muito maior do contexto.
E para contar um pouco sobre estas vivências convidei, para participar deste artigo, a Stella Aguiar, facilitadora de vivências de Team Building E COACHING EM LIDERANÇA PELA S.B.C., que usa a dança como ferramenta para desenvolver habilidades como parceria, criatividade, liderança, protagonismo e, agora, na parceria que firmamos com a Training People, trabalhará também com foco em inclusão de pessoas com deficiência.
Luciano Amato: Qual a importância das vivências no processo de aprendizagem?
Stella Aguiar: A introdução de vivências no processo de aprendizagem, sejam dinâmicas corporais, teatrais, musicais, entre outras, traz uma nova forma de descoberta e transformação. É um processo eficiente, por ser rápido e divertido e tem conceitos facilmente absorvidos, às vezes, de forma consciente, às vezes, de maneira subliminar.
O desenvolvimento de habilidades através do lúdico, nos abre para estado interior fértil, facilitando processos de comunicação, socialização, expressão e construção do conhecimento, tão necessários em um mundo corporativo em geral, e ainda mais no ambiente que se prepara para a inclusão.
E falo aqui, não só da minha experiência no mundo corporativo, mas como professora de dança de salão por mais de 30 anos, onde transformar pessoas é o resultado natural desta aprendizagem. De quebras de crenças e grande timidez a casamentos e up grades no ambiente profissional; do Samba ao Tango eu já vi de tudo.
Luciano Amato: É possível aplicar a dança para sensibilizar gestores, colegas de trabalho em prol do acolhimento das pessoas com deficiência? Como?
Stella Aguiar: Começo a responder com uma frase: Onde a comunicação verbal muitas vezes falha, a comunicação através do corpo e da música consegue sucesso.
A dança é uma linguagem ancestral, possível a todos. A ideia então, é usarmos a dança para propor uma experimentação e um diálogo com o outro (ou com os outros), dentro da realidade de cada um, em seus vários níveis cognitivos. Desenvolvendo a criatividade, uma nova percepção de si mesmo, uma percepção do outro e de cada um no coletivo, as relações interpessoais são aprofundadas de forma prazerosa.
É possível propor que os colaboradores vivenciem as diversas deficiências e criem uma coreografia com a limitação de um dos sentidos e tentem ensiná-la para os outros grupos. E ao final criar uma coreografia única.
Ao término deste processo, não só existiu a vivência da deficiência, com suas dificuldades, mas acima de tudo com suas POSSIBILIDADES, como se trabalhou a comunicação com aqueles que representavam a deficiência.
Luciano Amato: Pessoas com deficiência podem participar destas vivências? É necessária alguma adaptação?
Stella Aguiar: A vivência descrita acima, pode, facilmente, incluir as pessoas com deficiência, sendo que a mesma, com certeza, será a PROTAGONISTA e grande professora deste grupo. Se em alguma vivência a inclusão não for tão direta e fácil, outros elementos serão tratados, tais como a empatia, adaptação, disponibilidade de ouvir o outro.
Várias outras dinâmicas podem ser criadas incluindo pessoas com e sem deficiência, buscando tirar o melhor da habilidade de cada um. Hoje a dança para pessoas com deficiência é bastante difundida pois, além de uma ótima forma de lazer e sociabilização, desenvolve a identificação e ampliação dos limites físicos e mentais, estimulando a expansão cognitiva, psicomotora, afetiva e educacional.
Luciano Amato: Como tratar possíveis resistências?
Stella Aguiar: Quando a empresa nos apresenta possibilidades de resistência, começando criando vivências de quebras de crença do próprio colaborador, e nada melhor que a dança para trabalhar isto, já que mesmo é sujeita a algumas crenças e preconceitos. A sua própria descoberta do prazer e facilidade de dançar, seguida de um bom debriefing, já pode mostrar como pré-julgamos muitas limitações antes de experenciá-las.
Após isto, colocamos todos juntos em dinâmicas colaborativas, onde a pessoa com deficiência terá papéis protagonistas, mostrando suas habilidades e possibilidades, e na maioria das vezes ensinando ao colaborador muito mais do que ele poderia pensar em aprender.
Luciano Amato: Stella só temos a agradecer estes seus esclarecimentos.
Baseado na entrevista percebemos que as possibilidades são inúmeras. Trabalhar os diversos canais de aprendizado (visual, auditivo e cinestésico) é fundamental para que a experiência seja marcante. Quando incluímos a dança nestas vivências os resultados são ainda melhores, pois ela toca no nosso âmago, na nossa essência, assim como a música que a acompanha ela é a linguagem universal.
Fica aqui nosso convite “Vamos criar, deixar fluir, dançar, incluir”
E então, aceita nosso convite? É só chamar!
Participe da Conversa