Meus amigos, eu começo por relembrar que um Coach é continuadamente colocado frente a novos desafios e, quando se trata de Coaching de negócios ou de executivos, pode-se pensar em como estes atores influenciam e são influenciados pelas organizações (ou pelas instituições) a que pertencem. Então fica a pergunta: até que ponto um Coachee consegue alcançar determinada meta de qualificação ou habilidade individual, de maneira independente da organização para a qual trabalha?
Pois bem, meu espaço hoje tratará de uma experiência que eu pessoalmente acompanhei neste último final de semana, especificamente na área de saúde, e que coloca em xeque paradigmas que carregamos sobre a qualificação profissional no serviço público e sobre a qualificação profissional na área privada. E sendo o foco deste comentário o ambiente hospitalar, reservo-me o direito de nominar o que há de bom (público) em contraste a não nominar o que é crítico (privado).
Tenho um parente com câncer avançado, em tratamento no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, um hospital público de referência na capital paulista. Diariamente, esse parente é submetido à radioterapia e, a cada 3 semanas, à quimioterapia. A opinião dele e de outros pacientes, além de várias pessoas que costumam acompanhá-los, é extremamente positiva quanto à qualificação individual de cada profissional daquela instituição.
Ou seja, todos os funcionários do Instituto do Câncer têm noção de seu papel, sabem o que devem fazer e como fazer, atendem muito bem o paciente e interagem entre si de forma proativa e eficiente. E assim, a dor que o paciente sofre, por conta da doença, encontra atenuante na maneira humana como ele (ou ela) é tratado (a) em cada momento, em cada sessão ou avaliação.
Virando a página, tenho parente com idade avançada, problemas cumulativos de diabetes e de capacidade motora que, no sábado, apresentava sinais preocupantes de debilidade física a sugerir atendimento médico de emergência. Fomos a um hospital de referência e que atende planos e particulares (condição esta para o nosso caso). Após a triagem e a burocracia da ficha de registro, relativamente rápidas, começou o suplício nosso e de mais um grande contingente de pessoas. Algumas chegaram de ambulância e outras, com evidente demonstração de mal-estar, todas ficaram sob o escrutínio de uma potencial situação de risco emergencial. Claro que isso é o normal, mas…
Pude perceber que os equipamentos, salas e recursos tecnológicos são bastante modernos. Sem dúvida, nota-se a qualificação individual de cada profissional da instituição, sendo que cada um têm noção de seu papel, sabe o que deve fazer e como fazer, atende muito bem o paciente e assume postura proativa e eficiente. Porém, a média de quatro horas para atendimento individual (fora o tempo posterior para exames e reavaliação), as confusões entre os departamentos, as brigas entre familiares de pacientes e funcionários, e uma indignação geral de tantas pessoas sofrendo em suas dores sem uma continuidade no atendimento, tudo isso representava verdadeiro caos.
Quando da saída do hospital, de forma franca, porém sem qualquer agressividade ou emocionalismos, conversei com um dos médicos do plantão. Citei de minha surpresa em ver um hospital tão bem montado e moderno, vivendo aquele caos de atendimento (os próprios médicos reclamando da falta do jantar). E tudo porque não se fez o dever de casa básico, algo que no Coaching cabe ao Coach nunca esquecer em relação ao cliente: Não basta desenvolver excelência nas partes cognitivas, se não se conseguir criar a excelência na interação dessas partes. Aí é quando a organização vai a pique, algo que pode ocorrer a qualquer profissional, individualmente.
É fundamental desenvolver as qualidades técnico-profissionais, em diferentes áreas de conhecimento, mas nada vai funcionar sem que haja comunicação efetiva, organização e relacionamento. O todo é e sempre será reflexo da união das partes que, sozinhas, não suportam o longo prazo do crescimento.
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