A Felicidade: Será que existe uma Receita para Ser Feliz?
“Feliz é aquele que olha para dentro de si” (Sócrates)
Em um mundo em que toda e qualquer informação está disponível para qualquer pessoa, o tempo todo – até onde se sabe é a primeira vez que a humanidade chega a este patamar – o conhecimento se transformou em algo fugaz e superficial. A disponibilidade e acesso parece fazer com que não se estude e/ou aprofunde absolutamente nada. Isso porque sempre que for necessário, o conhecimento, estará disponível, online, 24h por dia, todos os dias do ano.
A felicidade, por ser a busca de todos os seres humanos, ao longo de toda a vida, tem um número imenso de estudos, análises. Praticamente todos os filósofos abordaram o assunto, de uma forma ou de outra.
A Felicidade é individual.
Este parece ser o ponto de convergência de todos os estudos. Para Abraham Lincoln (1809-1865), “Ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história”, no século XIX, que marcou a história americana pela Guerra Civil Americana. Filho de sapateiro e hostilizado desde a infância, Abraham Lincoln faliu duas vezes e perdeu várias disputas para a presidência americana. E finalmente foi eleito, com 50 anos.
Sócrates aconselhava a levar uma vida refletida, uma vida sem autoexame não deveria ser vivida:
“Por ser dotado de razão, o humano não deveria viver a esmo. O virtuoso ou sábio ideal, para Sócrates, é o perito na arte de viver. Quem domina esta suposta arte não precisa de sorte para ser bem-sucedido. Como um bom médico cura pelo conhecimento e usa a ciência, e não por sorte, o sábio atingiria a felicidade por causa da sabedoria somente. A sabedoria seria o único bem em si, a ignorância o único mal, as outras coisas serão boas ou más conforme o uso sábio ou ignorante que delas se faça”. (Sócrates)
Poderia seguir, passando por milhares de figuras importantes ao longo da história e até nos momentos da vida atual. Definições de felicidade que marcaram épocas e seus valores morais, éticos e que cujas definições sobre a tal Felicidade ainda nos impactam nos dias atuais.
“Às vezes a felicidade se esquece de nós. Mas nunca devemos nos esquecer da felicidade.” (Mahatma Ghandi)
No entanto, apesar das divergências e contextos em que os pensadores lançaram seus ideais de Felicidade, algo que me parece absolutamente incontestável é, que para alcançá-la, é necessário que as pessoas tenham consciência sobre seu papel na construção dos seus dias.
Indiferentes ao contexto social e de renda, vemos pessoas felizes todos os dias e julgamos – quando não encontramos uma associação coerente entre a qualidade de vida e a felicidade – os que vivem assim, sem uma razão aparente para tal comportamento. O Sorrir é uma “arma” potente, capaz de desarmar qualquer poder bélico.
A dificuldade naturalmente aparece quando o ser humano se empenha em TER como atributo primordial, sacrificando seus dias em busca da perfeição de “sucesso”, “beleza”, ideal de “realização”. Dessa maneira, nunca satisfeito com o que possui, passa todo tempo em atividades de conquistas, como dinheiro, poder, títulos. E deixando para “depois”, para a “velhice” o momento em que passa a “SER”. Neste caso, desvincula-se a sabedoria da capacidade de acumulação material. Ou seja, quanto mais acumulamos materialmente, menos desenvolvemos em “sabedoria” existencial. O que acumulamos não representa satisfação plena. Quanto mais temos, mais dispendemos em tempo e vida para garantir que não seja perdido aquilo que acumulamos.
Em um tempo de sociedade em que tudo deixa de ter valor, momentos depois de ser considerado algo importante – e substituímos por algo que deve permanecer até que seja demolido novamente – cada vez mais rápido – a sensação de que nada consegue realizar a tal felicidade se transforma em sentimento de frustração, impotência. Emergem a indústria farmacêutica vendendo felicidade em cápsulas ou tratando as consequências da falta dela. Ou gurus oferecendo a Felicidade com receitas rápidas para ser mais belo, mais rico, mais importante, mais feliz. Em outras palavras, modelos perfeitos.
“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.” (Carlos Drummond de Andrade)
Abundância tem sido a palavra mais buscada no Google, quase como sinônimo de felicidade e realização para muitos. As chamadas trazem a ordem em que as coisas acontecem “Prosperidade, Abundância e Felicidade”.
No auge da maior revolução, em todos os setores da vida, impulsionada pela tecnologia, quando valores éticos e morais, são acionados todos os dias nas aplicações de soluções digitais e de inteligência artificial, a prosperidade individual, parece, para muitos, ser a base da felicidade.
Ao realizar a prosperidade, as pessoas passam a se esconder em esquemas de segurança (individual) por medo dos ataques daqueles que não conseguem atingir o mesmo patamar, mas parece não ser um problema. Afinal, no seu pequenino mundo, está tudo bem. E o nível de problema que os outros seres provocam aos que estão vivenciando a prosperidade, é um definidor do quanto próspera é a vida de uma pessoa.
Enfim, segundo o dicionário, Felicidade é o estado de quem é feliz, uma sensação de bem-estar e contentamento, que pode ocorrer por diversos motivos. A felicidade é um momento durável de satisfação, onde o indivíduo se sente plenamente feliz e realizado, um momento onde não há sofrimento.
Se momento ruins acontecem ao longo da vida e isso é fato, escolha o que você vai te guiar: os poucos motivos realmente tristes ou ser definido pelos muitos momentos felizes?
Se você leu o artigo até aqui, já percebeu que eu não tenho nenhuma receita de felicidade. Seria impossível considerar toda a diversidade de olhares, cenários, possibilidades que todas as pessoas criam o tempo todo, todos os dias e estabelecer um modelo, uma receita de felicidade que atendesse a esta diversidade.
Acredito que a felicidade é uma escolha, mesmo em dias de guerra, de pandemia, de terremotos ou chuvas torrenciais, de nascimento e de morte. Claro que esses eventos afetam e mudam as pessoas e as sociedades. Mas, como vamos enfrentar tais eventos e que não dependem de nós? Já existiam antes de nascermos e ainda estarão por aqui depois que formos embora. O que podemos escolher é como vamos viver, apesar de todos os eventos que não dependem de nós.
“Não fazer como aqueles que, ao serem picados pelas abelhas, renunciam a colher o mel.” (Michel Foucault)
Escolher estar feliz porque está vivo, apesar do noticiário, é o que podemos fazer. Comece a sorrir e de repente, um dia, você estará sorrindo sem “saber” exatamente o porquê.
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Sandra Moraes
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