A Importância de Combater Fake News e Deepfakes
Vivemos a era da informação sem precedentes na história da humanidade. Você sabia que a palavra “news” do inglês é um acrônimo e, por isso, um substantivo singular? O “n” é de North (Norte), o “e” de East (Leste), o “w” West (Oeste) e o “s” South (Sul). Reza a lenda que os reis e nobres enviavam mensagens e ordenavam aos mensageiros que as entregassem nos quatro pontos: Norte, Leste, Oeste e Sul.
Obviamente que desde os primórdios as informações acabavam sendo distorcidas pelo caminho. Você conhece a brincadeira do telefone sem fio na qual se falava uma frase do ouvido de uma pessoa e ela ia passando para a próxima numa sequência de várias pessoas na roda.
Ao final, o autor da frase inicial perguntava qual tinha sido a frase que chegou ao último ouvinte e em 100% dos casos havia uma enorme distorção. A frase original havia sido completamente modificada.
Fofocas, mentiras, calúnias sempre foram, infelizmente, algo presente na comunicação humana. Muitas levaram à destruição de reputação, de casamentos, de negócios e, acredite, até a conflitos e guerras. Falhas seríssimas na comunicação e total falta de ética e de diplomacia seja entre pessoas comuns, empresários, políticos, grandes líderes e por aí vai.
Com o advento e a popularização da internet, das redes sociais e de plataformas de mensagem como WhatsApp e Telegram, o famigerado efeito “telefone sem fio” tomou proporções inimagináveis. Não se trata mais de uma brincadeira inocente realizada entre um pequeno grupo sentado em círculo no chão.
A desinformação e distorção de fatos rompe todas as fronteiras não só da ética, mas também geográficas. Uma frase ou notícia falada ou postada aqui pode chegar a pessoas que estão a milhares de quilômetros de distância.
Estima-se que a cada segundo 6,000 tweets (hoje X) são compartilhadas; 740 mil mensagens no WhatsApp; 700 posts de Instagram. E é isso mesmo que você ouviu, por segundo.
Nessa escalada do que chamávamos de desinformação, que tinha na base a descontextualização. Descontextualização é quando se tira um trecho de contexto para manipular selecionando aquilo que convém.
Em seguida, vieram as chamadas “propagandas” políticas como aconteceu durante o nazismo de Hitler onde o que se propagava era um ponto de vista de um determinado ator que utiliza de contextos políticos ou militares para influenciar a opinião pública.
Hoje, lidamos com as fake news, ou seja, notícias falsas que se apresentam como verdadeiras para difundir dados falsos e prejudicar a reputação de alguém ou de alguma entidade.
Não satisfeitos com a fábrica de mentiras, que rende bilhões e até trilhões de dólares, os produtores de mentiras e manipulações utilizam agora o que chamam de Deepfake utilizando toda a tecnologia e sofisticação da “inteligência artificial” adulterando arquivos de vídeo, imagem ou voz através de softwares capazes de alterar completamente os arquivos originais e lhes fazer parecerem verdadeiros.
O termo “viés cognitivo” ou pré-conceito cognitivo foi cunhado pelos psicólogos Kahneman e Tversky em 1972 que se referem as operações mentais inconscientes que nos levam a interpretar o mundo e tomar decisões.
Temos uma forte tendência de acreditar que não somos manipuláveis e que somos capazes de interpretar o mundo sem a influência do ledo engano! O nosso cérebro muitas vezes “nos engana” porque tudo ou quase tudo que fazemos ou acreditamos está diretamente relacionado à nossa necessidade primitiva de sobrevivência.
Os vieses cognitivos são classificados da seguinte maneira:
- Favoritismo do grupo: quando pensamos que pessoas da nossa cidade natal, escola, trabalho, região, são naturalmente amigáveis;
- Verdade ilusória: quando passamos a acreditar em algo porque muitos anúncios, posts, matérias repetem. Por exemplo: um alimento é bom porque muita gente começou a falar que é;
- Efeito halo: quando julgamos, analisamos, tiramos conclusões de uma pessoa ou situação a partir de uma única característica e formulamos um estereótipo global do indivíduo como aparência, vestimenta, raça, postura, fala, etc.;
- Confirmação: quando lemos algo ou buscamos informações em veículos que confirmam nossas crenças e reforçam nossas ideais;
- Autoridade: quando damos autoridade a alguém, julgamos, por exemplo, “competente” apenas porque é famoso ou se apresenta como alguém muito bem-sucedido;
- Heurística de disponibilidade: quando generalizamos a partir de um fato, quando definimos a probabilidade de um evento acontecer com base em outro evento passado mesmo que a probabilidade seja praticamente zero. Por exemplo, tememos tomar uma vacina comprovadamente eficaz porque 0,00001% teve reação ou óbito. Mesmo quando os outros 99,999999% não tiveram;
- Ancoragem: quando tendemos a confiar em alguém ou algo por causa da aparência, preço ou primeira informação que tivemos. Por exemplo: acreditar que um vinho é bom porque alguém famoso bebeu ou porque é caro;
- Efeito da terceira pessoa: começar a gostar ou seguir alguém ou perfil porque viralizou na rede e muitas outras pessoas seguem;
- Efeito marco: quando somos enganados pelos números. Por exemplo, acreditar que uma taxa de sobrevivência de 90% é melhor que uma taxa de mortalidade de 10%;
- Falso consenso: quando acreditamos que todos os nossos amigos gostaram de algo só porque nós gostamos;
- Influência continuada: quando acreditamos em algo mesmo que a ciência já tenha comprovado o contrário. Por exemplo, achar que o ovo faz mal e é o grande vilão do colesterol ruim.
A questão das fake news e deepfakes é algo extremamente relevante e prejudicial a todos os indivíduos e ao coletivo.
É urgente que a sociedade civil, o poder público e os 3 poderes da federação discutam e votem um marco da internet com o objetivo de proteger os cidadãos.
É necessário que saibamos reconhecer os limites entre liberdade de expressão e crime. Afinal, calunia, difamação, racismo, homofobia, transfobia, atos de violência contra a mulher, feminicídio entre tantas outras formas de expressão de ódio e mentiras já são caracterizados como crimes na nossa legislação e devem ser também aplicadas no ambiente virtual.
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Quer saber mais por que combater a desinformação causada pelas fake news e deepfakes é extremamente importante a todos os indivíduos e ao coletivo? Entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Cris Ferreira
https://soucrisferreira.com.br/
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