É impossível tratar de Coaching sem falar de planejamento, já que o primeiro existe também para ajudar a formar o segundo. Nada mais cabível para o tema Universitário do que falar sobre planejamento, pois é a época em que, no mínimo, se questiona sobre o que fazer “da vida”. E quando digo “da vida”, realmente falo em todos os tipos de planejamentos, pois não apenas os planos de carreira aparecem para serem começados, mas também os de, por exemplo, formar ou não uma família seja ela a mais tradicional ou mais revolucionária possível, também como lidar com a família que já está constituída, ou seja, ver nossos pais envelhecendo e pensando em como cuidar deles, etc.
O que quero enfatizar aqui é que, a Universidade é o momento da vida em que a necessidade de planejar, seja em qualquer esfera temática da vida, se faz necessário. Para se planejar, porém, é necessário que se esteja estável, firme, determinado, ou seja, de onde se está e onde se quer chegar.
O meio do caminho é o que se chama de planejamento e onde o Coaching entra como ferramenta mais do que adequada a construir essa estrada. Porém vejo um empasse externo ou social muito claro nos dias de hoje para que o Coaching atinja o seu objetivo ferramenteiro: a liquidez do mundo e das relações, tão bem defino, estudado e debatido por Zygmunt Bauman, onde a falta de autoconhecimento do indivíduo e a rapidez que o tempo ganhou pelas novas tecnologias torna muito difícil ou até mesmo impossível saber em que ponto estamos das nossas vidas e muito mais difícil saber onde queremos chegar.
Bauman dizia que duas coisas são indispensáveis para ser feliz: a segurança e a liberdade. Hoje se tem muito mais liberdade do que antes. Liberdade de informação, de pesquisa, expressão e locomoção. O que não se tem na mesma proporção é a segurança.
Deixando claro aqui que Bauman dizia em segurança de si mesmo e aquela segurança de planejamento, como por exemplo, eu sei, eu estou seguro de que se eu fizer uma faculdade eu terei emprego. Hoje está bem claro que, principalmente esse exemplo já não se reveste de segurança. Com isso se tem duas opções, ou fechar os olhos para tal verdade, engando a si mesmo, pois o desespero de que tudo aquilo que se espera e planejou pode não acontecer é grande demais para ser suportado, ou usar dessa verdade de modo a produzir e a diversificar-se mais e mais.
Porém o que acontece hoje é que, por uma falta de autoconhecimento somos extremamente inseguros, medrosos e quando não temos um futuro sólido em relação a emprego, família, sucesso e etc; nós empacamos, como burros teimosos. O medo se apresenta de modo impeditivo.
Apenas uma dessas variáveis está em nosso controle, o autoconhecimento. Portanto, aí que o Coaching deve entrar, de modo quase terapêutico.
Bauman revela como causas dessa falta de autoconhecimento as redes sociais. No sentido em que elas criam uma realidade paralela onde podemos ser aquilo que quisermos e mostrarmos apenas o que queremos que o outro veja, além de estarmos protegidos por uma tela que substitui o desconforto de, por exemplo, uma rejeição amorosa pessoalmente.
Basta bloquear o outro e pronto. Não tenho que lidar com choro, por exemplo. O que é difícil de perceber é a perda de autoconhecimento que se conseguiria em um caso como esse, por ter que lidar com situações desagradáveis e até mesmo dolorosas.
Como, porém, convencer um adolescente ou jovem adulto universitário do século vinte e um sobre os perigos da falta de autoconhecimento proporcionado pelo uso indevido ou exagerado do Facebook, Instagram entre outros, quando o jovem já está totalmente inebriado pela realidade paralela que se encontra, quando já está embriagado pelo poder de mostrar apenas aquilo que quer aos outros? Não sei. Apenas sei qual o preço que se paga pela liquidez das relações e do mundo trazido por Bauman e a angústia que essa incerteza e insegurança causam ao ser humano.
Participe da Conversa