É possível entender a linguagem das emoções? A Inteligência Emocional é mais ampla do que simplesmente a capacidade de controlar ou administrar as emoções.
Levando em conta que o conceito da inteligência emocional foi oficialmente “lançado” em 1990 com o artigo de Peter Salovey e John Mayer intitulado “Inteligência Emocional”, publicado no Journal Imagination, Cognition, and Personality, e depois em 1995 “popularizado” com o livro best-seller de Daniel Goleman, “Inteligência Emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente”, assim podemos considerar que após 30 anos do “lançamento oficial”, este conceito não seja mais “novo”.
Mesmo sendo “popularizada”, o entendimento sobre a inteligência emocional ainda pode ser considerada e interpretada de forma superficial diante da profundidade do seu potencial efetivo na atual realidade que vivemos.
O conceito de inteligência emocional acabou sendo genericamente entendido como uma forma de controlar (em muitos casos reprimir) impulsos emocionais, como por exemplo a raiva quando vem aquela vontade de xingar no trânsito (ou algo pior), bem como acaba também sendo compreendida como uma forma de controlar o medo e o nervosismo a exemplo de pessoas introvertidas diante de uma apresentação em público.
Enfim, a inteligência emocional tem sido genericamente compreendida como uma habilidade de evitar surtos, escândalos, reações indesejadas e afins.
De certa forma este entendimento de “controle dos impulsos” não é de todo errado, entretanto, trata-se de uma pequena parcela de um multiverso de significados, conceitos e entendimentos sobre as emoções.
O fato é que a inteligência emocional é ainda mais ampla do que simplesmente a capacidade de controlar ou administrar as emoções. A inteligência emocional pode ser considerada como a nossa “linguagem nativa” como espécie humana, onde a comunicação se dá aos tons e nuances das emoções de forma verbal e não-verbal, e que traduzem de fato a verdadeira e autêntica forma de comunicação das nossas necessidades intrínsecas.
A questão é que nós humanos, no processo evolutivo da nossa espécie, desenvolvemos a comunicação, a fala e a escrita em diferentes tipos de linguagens para cada etnia, cultura, regiões, países, aprimorando a escrita, sistemas de educação e metodologias de ensino que foram evoluindo durante milênios até os dias de hoje, onde temos esta diversidade de idiomas que representam assim tantas culturas e diferentes nações.
Desta diversidade de idiomas e linguagens, muitos indivíduos conseguem aprender mais de um idioma e até se tornam poliglotas. Entretanto, até o limite da minha humilde visão e conhecimento de mundo, ainda não conheço qualquer tipo de curso consistente do idioma “emoção”, que possa ser comparado com os cursos de idiomas mais comuns como inglês e espanhol. Além disso, também não temos nenhum tipo de certificação no idioma “emoções” como o TOEFL ou IELTS para a fluência e compreensão da linguagem das emoções. Isto apesar de o próprio Daniel Goleman citar um capítulo do livro sobre o custo do analfabetismo emocional (capítulo 15 do livro inteligência emocional) e outro capítulo sobre a educação emocional (capítulo 16 do livro).
Apesar de não termos todo o aparato dos idiomas para a linguagem das emoções, felizmente ainda temos alguns conceitos e metodologias interessantes que contribuem para o entendimento desta linguagem. Por exemplo, o livro “Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais” de Marshall B. Rosenberg e Paul Ekman com o livro “A linguagem das emoções”.
No universo dos assessments, talvez não tenhamos uma metodologia que sirva como método de capacitação e aprimoramento da linguagem das emoções. Entretanto, existem no mercado algumas opções de assessments de quociente emocional que contribuem significativamente no mapeamento e medição do nível de competências relacionadas às emoções. E apesar de não ser o método pronto de capacitação das emoções, a possibilidade de medição já é um grande salto para a melhoria na sua gestão.
Então como diria o ícone da administração Peter Drucker:
“O que não se mede, não se gerencia.”
Dos assessments de QE (quociente emocional) que tive conhecimento até o momento, a maioria utiliza como base a teoria sistematizada por Daniel Goleman com 5 fatores (autoconsciência, autogerenciamento, consciência social, gestão de relacionamentos e automotivação) e outros o conceito do modelo Bar-On de Reuven Bar-On (aptidões intra e interpessoais, adaptabilidade, gestão de estresse e humor geral).
Destes assessments, sua aplicação toma como base os 3 modelos a saber:
Modelo 1: 12 competências da IE (D. Goleman)
Autoconsciência
1. Autoconsciência Emocional;
Autogestão
2. Autocontrole Emocional;
3. Orientação para Realização;
4. Otimismo;
5. Adaptabilidade.
Consciência Social
6. Empatia;
7. Consciência Organizacional;
Gestão de relacionamentos
8. Influência;
9. Coaching e Mentoria;
10. Administração de Conflitos;
11. Trabalho em Equipe;
12. Liderança Inspiradora.
Modelo 2: 15 competências do modelo Bar-On (R. Bar-On)
Aptidões Intrapessoais
1. Autoconsciência;
2. Assertividade;
3. Autopercepção;
4. Autoatualização;
5. Independência;
Aptidões Interpessoais
6. Relações Interpessoais;
7. Responsabilidade Social;
8. Empatia;
Adaptabilidade
9. Resolução de problemas;
10. Consciência da Realidade;
11. Flexibilidade;
Gestão de estresse
12. Tolerância ao estresse;
13. Controle de impulsos;
Humor Geral
14. Felicidade;
15. Otimismo.
Modelo 3: 5 domínios principais da IE (D. Goleman)
1. Autoconsciência;
2. Autogerenciamento;
3. Consciência social;
4. Gestão de relacionamentos;
5. Automotivação.
Do meu ponto de vista, acredito que todo tipo de entendimento que possa se complementar para facilitar o entendimento de algo tão subjetivo como as emoções, já é de grande valia. Claro que cabe a cada profissional fazer sua “lição de casa” e assim compreender as formas de se obter a melhor performance e resultado do uso destes assessments.
E antes de fechar este artigo, gostaria de destacar um dos fatores (ou domínio) da inteligência emocional que eu particularmente percebo que seja ainda mais superficializado, ou se não até banalizado, que é a motivação.
Muito se fala da motivação como um tipo de euforia e de inspiração. Entretanto, ao meu ver a motivação compreendida no conceito da inteligência emocional refere-se à motivação no sentido intrínseco, que depende diretamente de um significado individual e interior e que atribui a este uma potência extra de agir. Ou como diria Baruch Espinoza em sua descrição de alegria: “…é a passagem para um estado mais potente do próprio ser”.
E então para completar sobre a verdadeira motivação, a resiliência que tanto se demanda na atual realidade de crise e pandemia, tem seu nível de capacitação diretamente relacionada ao nível de (auto)motivação de cada pessoa. E dos assessments QE disponíveis no mercado que tive contato, a TTI Success Insights é uma das que aplica os 5 domínios do conceitos base da teoria de Daniel Goleman, incluindo o fator motivação.
Vale lembrar que como todo idioma, a linguagem das emoções demandam muito mais exercício prático no dia a dia do que somente a compreensão dos conceitos, modelos e teorias para se obter assim a fluência adequada.
Então bora praticar mais a linguagem das emoções?
Se você gostou de ler sobre como se diferenciar no mercado com o uso de assessment e fez sentido para você, te convido a ler e reler os artigos anteriores (clique aqui e acesse a minha coluna). E, principalmente, ficar atento aos próximos artigos que trarei com mais dicas e conteúdos para turbinarmos e otimizarmos nossos trabalhos de desenvolvimento humano.
Forte abraço e até a próxima!
Bruno Tsai
http://www.btperformance.com.br/
Confira também: O Quociente Emocional como importante aliado anticrise
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