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A Luta por Diversidade se aproxima de Seu Limite?

Descubra como a luta por diversidade e inclusão enfrenta desafios contínuos. Saiba mais sobre os avanços e retrocessos nos direitos das minorias e como superar os obstáculos para construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

A Luta por Diversidade se aproxima de Seu Limite?

A Luta por Diversidade se aproxima de Seu Limite?

De tempos em tempos é preciso alguma mudança para que nada mude“.

Frase atribuída ao Príncipe Fabrizio Salina, protagonista do romance histórico O Leopardo, escrito pelo autor italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Na obra, ambientada na Sicília durante a unificação italiana do século XIX, o príncipe utiliza essa frase para refletir sobre a necessidade de adaptação às mudanças sociais e políticas da época, sem perder a essência e os valores da família e da aristocracia.

Essa frase passou a ser usada em vários contextos de movimentos políticos e sociais. Parece deixar claro que as mudanças em geral têm um limite até onde podem chegar. No contexto da luta por diversidade e inclusão, a frase assume um significado preocupante, ecoando com alguma melancolia.

Mesmo com todos os progressos que tivemos até aqui, os movimentos em prol das minorias, como a comunidade LGBTQIAP+ e os negros, ainda enfrentam uma trajetória marcada por lentidão e desafios contínuos. Sem falar na enorme resistência.

É claro que presenciamos progressos inegáveis: a comunidade LGBTQIAP+ conquistou marcos históricos. Por exemplo, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a criação de políticas contra a discriminação e o aumento da visibilidade na mídia. As cotas raciais abriram portas antes inimagináveis e o discurso da igualdade se disseminou.

É sempre muito bom olhar para todas essas conquistas, mas também é impossível evitar uma sensação de um movimento pendular que se faz sempre presente: avançamos alguns passos, apenas para sermos arremessados de volta por retrocessos e pela persistência de preconceitos arraigados. Andamos muitas vezes uma casa para frente e duas para trás.

Pode parecer um excesso de pessimismo, mas sabemos que a aceitação plena daquilo que não é considerado padrão ainda está longe de ser uma realidade, com números alarmantes: em 2023, o país foi apontado, pela 14ª vez seguida, como o lugar no mundo em que mais se mata transexuais.

A tolerância ao diferente é algo que deveria ser, de fato, trabalhado nas escolas. Contudo, a simples menção a discutir diversidade sexual em salas de aula ainda gera discussões muito acaloradas, tendo como base apenas preconceito e ignorância.

Especialmente se olharmos para os Estados Unidos, a reação por lá está cada vez mais forte, chegando ao absurdo de um movimento para o banimento de livros considerados inadequados para crianças se tornar cada vez mais forte, levando a perseguição de bibliotecárias, inclusive com ameaças físicas. Infelizmente, falar dos Estados Unidos de hoje muitas vezes é falar do Brasil de amanhã, já que tendências conservadoras de lá são cada vez mais copiadas por aqui. Antes, importávamos a moda; agora são os piores preconceitos e a intolerância.

Em nossas escolas, livros já têm enfrentado campanhas de banimento. O caso mais recente teve a Secretaria de Educação de São Paulo removendo o livro Cartas para minha avó, da filósofa Djamila Ribeiro, de uma plataforma de leitura usada pelos professores de português do estado.

Depois da repercussão negativa, o livro voltou à plataforma. A mesma autora teve outra obra sua contestada em Salvador.  Um colégio, católico e privado, que havia adotado o livro Pequeno Manual Antirracista nas aulas de religião, recebeu críticas pesadas, baseadas unicamente na religião da autora, o candomblé.

A luta por igualdade de direitos e pelo respeito à identidade de gênero se mostra árdua, enfrentando cada vez mais resistência. Cada vez mais ouvimos falar de empresas que começam a recuar em seus programas de diversidade e inclusão. Será que atingimos o limite dessa luta? Daqui não dá mais para passar e avançar?

Em outra frente, as cotas raciais implementadas para combater o racismo estrutural, abriram oportunidades para negros e indígenas em universidades e no mercado de trabalho.

No entanto, o preconceito racial continua presente na sociedade brasileira, se manifestando em episódios de violência policial, na disparidade salarial e na falta de representatividade em cargos de poder. Aqui, a sensação de que, apesar dos avanços, também ainda estamos longe de alcançar a verdadeira igualdade racial é latente.

Essa dicotomia entre progresso e retrocesso, entre avanços e recuos, gera um sentimento de frustração e impotência. É como se estivéssemos em um limiar, prestes a alcançar uma sociedade verdadeiramente justa e inclusiva, mas constantemente impedidos por barreiras invisíveis e pela força da inércia de muitos, muitos mesmo.

Afinal, é sempre mais fácil deixar as coisas como estão. Ou só mudar aquele mínimo para parecer que as demandas estão sendo atendidas.

E como superamos esse impasse?

Primeiro, é fundamental reconhecer que a luta por diversidade e inclusão é um processo contínuo, que exige engajamento constante e persistência. Precisamos de investimentos nesse sentido na educação, em políticas públicas. Precisamos promover o diálogo aberto e honesto sobre questões raciais, de gênero e de orientação sexual, buscando construir pontes entre diferentes grupos sociais. Um diálogo não baseado em crenças, nem em fake news ou em ignorância.

Essas são, sem dúvida, medidas essenciais para romper com o ciclo de avanços e retrocessos e construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva, mas sem esquecer de nossas ações individuais, seja em casa ou no trabalho. Para isso, nunca é demais se questionar:

Até que ponto eu sou realmente inclusivo e tolerante?

Até que ponto minhas falas e minhas ações refletem esse desejo por mudança?

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Quer saber mais sobre os desafios, os avanços, os retrocessos e a contínua luta por diversidade e inclusão? Quer saber também como promovê-las na sua empresa ou comunidade? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Marco Ornellas
https://www.ornellas.com.br/

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Marco Ornellas é Psicólogo, Master of Science in Behavior pela California American University e Mestre em Biologia-Cultural pela Universidad Mayor do Chile e Escuela Matrizstica. Pós em Neurociência e o Futuro Sustentado de Pessoas e Organizações.Consultor, Coach, Designer Organizacional, Palestrante e Facilitador de Grupos e Workshops em temas como Liderança, Complexidade, Gestão, Desenvolvimento de Equipes, Inovação e Consultor em Design da Cultura Organizacional.Autor dos Livros: DesigneRHs para um Novo Mundo, Uma nova (des)ordem organizacional e Ensaios por uma Organização Consciente.CEO da Ornellas Consulting e Ornellas Academy.
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