Pelo menos nos três primeiros minutos de um contato inicial. Esse é o tempo que nosso cérebro leva para fazer uma análise completa de alguém. No quesito da beleza, esse tempo se reduz para fração de segundos. Essa foi a constatação da antropóloga Hellen Fisher em pesquisas sobre atração e percepção. É uma percepção que não se vê ou melhor, que não vemos.
Acontece que o nosso cérebro está “aparelhado” para fazer esse trabalho – perceber com essa velocidade – para garantir, principalmente, nossa sobrevivência, ou seja, em pouquíssimos segundos temos que avaliar uma situação, se é perigosa ou não, para então agirmos de modo a garantir a vida.
Estudos realizados atualmente nos Estados Unidos para compreender os mecanismos de funcionamento da percepção humana quanto à neurofisiologia, revelam a nossa capacidade de percepção visual e assim, começam a estabelecer as relações entre visão e memoria, ou seja, nossa memória fotográfica.
Em todos os momentos da vida e presentes nas interações humanas, encontramos em ação nossa percepção visual e a memória. “Nossos olhos enviam 72 Gb de informação para o córtex visual por segundo e é preciso estimulá-lo a concentrar-se no que de fato é importante”, explica o professor Dean Radin, do Instituto Noetic, no Norte da Califórnia.
Nesse processo de concentrar-se naquilo que é importante, nossa mente percebe com precisão o objeto de interesse, mesmo quando não se tem consciência disso. E é na memória que se encontram as informações que serão referência para a avaliação que faremos da situação.
Ao visualizarmos um animal peçonhento como uma cobra, por exemplo, nossa memória imediatamente nos remete às informações necessárias para que nos afastemos do perigo.
E no mundo corporativo? Citemos como exemplo uma entrevista de emprego, onde diversos candidatos apresentam-se pela primeira vez ao entrevistador. Situação bastante comum na sala de espera, profissionais com experiência, outros nem tanto. Alguns desempregados há um bom tempo, outros há menos, mas grande a possibilidade de todos estarem ansiosos. E qual será o diferencial no momento da entrevista? Além das competências técnicas que atendam aos requisitos da vaga, a primeira impressão é a que fica.
A começar pela aparência visual, ou seja, pelas roupas, que em geral, devem ser simples e discretas. Vestir-se, é comunicar-se. A maneira como o candidato se preparou para o momento, o quanto investiu ao pesquisar sobre a empresa, a gentileza e educação que demonstra ao relacionar-se com os demais, enfim, a postura de quem é, e não de quem está. Quem é seguro, confiante e responsável, que demonstra preparo e foco, além daquela humildade de quem sabe e quer mostrar o que sabe e de quem sabe e sempre quer aprender mais.
E são essas as informações que serão recebidas, interpretadas, codificadas e que servirão como base para a decisão do entrevistador, que nesse momento, pode ser o profissional do RH, o gerente ou o diretor da vaga.
A decisão de quem fica e de quem sai.
E finalmente, a impressão que fica não é imutável. As primeiras impressões que passamos são mutáveis a partir do momento em que convivemos com as pessoas e passamos a conhecer melhor o perfil do outro. Mas até aí, nesse nosso exemplo no mundo corporativo, foi–se a chance do emprego, ou não.
Não basta ser íntegro, competente e seguro – parecer também é essencial, pois fará com que o outro tenha segurança para fazer escolhas.
De qualquer maneira, como conclui Luiz Fernando Garcia em seu livro “O Cérebro de Alta Performance”, a noção de carreira foi substituída pela de projeto, e no fim das contas, todos os profissionais são vendedores de si mesmos. Nesse contexto, uma boa primeira impressão é crucial – e pode ser a única oportunidade de sucesso”.
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