A Saúde Mental enlatada e vendida como artigo de consumo
A globalização econômica, as inovações tecnológicas e as novas formas de gestão, e mais recentemente a pandemia da COVID-19, causaram rápidas transformações no mundo do trabalho.
Como vivemos numa sociedade racional e pragmática, rapidamente procuramos soluções práticas e padronizadas para toda e qualquer cultura organizacional e indivíduos de forma geral, sem dar atenção ao aspecto do trabalho como mediador da integração social, considerando-se o valor econômico, cultural e psicossocial fundamentais na constituição da subjetividade de todas as pessoas.
Em relação as soluções padrões, surgem uma série de fórmulas e receitas prontas para serem aplicadas no cotidiano do trabalho. Poções mágicas que transformariam o status quo da saúde mental nas organizações.
A adoção de práticas fragmentadas que abordam superficialmente os aspectos da Saúde Mental, de fato, banalizam a importância de intervenções multidimensionais e sistêmicas que impactem e tragam soluções no ambiente de trabalho.
Será que ainda hoje a saúde mental no trabalho torna-se importante nas organizações apenas quando se evidencia o aumento de produtividade? Ou a aplicação de “US$ 1 dólar de investimento para US$4 de retorno”?
As questões relacionadas a saúde no trabalho não são recentes. Contudo sempre foram priorizados os aspectos físicos, mecânicos, químicos e biológicos dos ambientes laborais como fatores de risco à saúde dos trabalhadores. Enquanto os aspectos sociais, econômicos, organizacionais, psicossociais, psicoafetivos e os seus impactos sobre a intrasubjetividade e a intersubjetividade dos indivíduos são minimizados, ignorados e estigmatizados
Diferentes correntes de pensamento vêm estudando aspectos da saúde mental que podem estar relacionados ao trabalho. Por exemplo: a fadiga, o estresse, o embotamento afetivo e os transtornos mentais. Destacando-se as principais correntes, a saber:
- abordagem com raízes na teoria do estresse, referencial vinculado à fisiologia;
- utilização do referencial psicanalítico, através da psicodinâmica do trabalho, concentrando-se em processos subjetivos, intrapsíquicos, intersubjetivos e as relações interpessoais;
- abordagem fundamentada no materialismo histórico que adota o conceito de desgaste mental, alienação, consumo da energia vital das pessoas pelos processos de trabalho, através da clínica das atividades.
- abordagem que integra a filosofia, a psicologia e a cultura institucional, integrando sentido, sentimentos, identidade e consciência construída a partir da relação com os outros.
Temos um longo caminho a percorrer para a real valorização e consolidação da importância da Saúde Mental no trabalho na nossa sociedade.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre os aspectos da saúde mental que podem estar relacionados ao trabalho? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Um abraço,
Regina Sotto Maior
https://www.estacaolideranca.com.br
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