A tempestade imperfeita na história da humanidade
“Desde que a minha vida saiu dos trilhos, sinto que posso ir a qualquer lugar”(Zack Magiezi)
Ainda temos muitos dias de um 2020 que teima permanecer – Trump, não quer deixar a cadeira de presidente às vésperas da posse do outro presidente eleito – Tudo o que aprendemos até um pouco antes não serve mais para nos guiar ao longo deste novo caminho de fato. Aliás, quando foi a última vez que você percorreu um caminho sem saber aonde vai chegar e sem escolher fazer o percurso? Como se não bastasse toda a estranheza do cenário, ainda viver este momento com pessoas que você não escolheu, em um lugar que não deseja estar.
A pandemia, ela própria, no rastro de tantas mortes e pessoas duramente testadas deixa uma lição. Ou tem para todo mundo ou não terá para ninguém! Em todos os sentidos e em todas as esferas e setores da vida. Algumas vezes fica a sensação de que enquanto não aceitarmos as mudanças – também ficaremos com a pandemia. Que não parece ter um desfecho nos próximos meses ou talvez anos.
Não adianta termos água, sabão, comida, roupa limpa e cama confortável. Nas ruas nos deparamos com uma parcela importante da sociedade que não tem água para lavar as mãos. Muito menos uma casa para ficar. Estas pessoas precisam sair para assim garantirem alguma refeição à mesa. Até que consigamos prover a todos uma vida digna, uma renda mínima, conviveremos com pandemias de todo tipo.
Em que ano você nasceu?
Se você tem em torno de 40 anos, então deve saber que na época em que nasceu éramos metade da população que somos hoje na Terra. Atualmente somamos cerca de 7.7 bilhões de pessoas.
Em termos de longevidade, segundo as projeções da ONU, a expectativa de vida ao nascer aumentará, globalmente, de 72,6 anos em 2019 para 77,1 em 2050. Claro que esta projeção não tem, ainda, a real leitura das mudanças que vieram com a Covid 19 de fato. Muito menos o impacto de tantas mortes, na leitura da expectativa de vida em 2020, que certamente reduziu, em relação a 2019. Será necessário um distanciamento temporal deste momento para começarmos a entender tudo o que aconteceu. Para começar, será necessário a superação deste problema.
Estudo realizado pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health aponta que até o dia 15 de novembro-2020, alguns países reservaram 7,48 bilhões de doses de vacinas testadas por 13 fabricantes. Os principais destaques do estudo são:
- Mesmo se todos os fabricantes de vacinas atingirem a capacidade máxima de produção, quase um quarto da população mundial não terá acesso às vacinas até 2022, ou mais;
- 51% das doses produzidas já foram destinadas aos países ricos: 14% da população mundial;
- Países de baixa e média renda, onde vivem mais de 85% da população global, teriam potencialmente acesso às doses restantes.
Somados a isto: escolas paradas enquanto a revolução nas tarefas cotidianas com novas tecnologias fazendo trabalhos antes feitos por pessoas.
As tempestades perfeitas são momentos na história da humanidade em que a soma de fatores produz um movimento maior que as partes envolvidas. Isso gera resultados muito diferentes do esperado e mudando para sempre o modo de vida, modelos econômicos, sociais, produtivos, entre outros.
Precisamos que ao menos metade da população esteja imunizada para que os efeitos benéficos da vacina sejam percebidos. Por isso poderá levar mais de um ano para acontecer, não vai acontecer mais rápido. Enquanto isso, o vírus segue se propagando.
Não estamos no início do fim desta pandemia. Talvez estejamos no fim do princípio.
Então vamos viver com máscaras e períodos com maiores restrições pelo menos até o início de 2022. A partir de então será possível conquistar a imunidade de grupo. De maneira natural porque o vírus infectou quantidade suficiente de pessoas para isso — com enorme custo humano — ou porque muita gente se vacinou. Em seguida, temos que nos recuperar dos impactos sociais, psicológicos e econômicos.
Milhões de pessoas estão sem trabalho. Muitas crianças interromperam os estudos. E muitas pessoas estarão de luto. Superar todos esses problemas de fato não será rápido.
A atual etapa em que a pandemia se encontra se estenderá pelo menos até o início de 2022. Então depois virá um período intermediário e, por volta de 2024, entraremos no pós-pandemia. Este é um modelo de ciclo das pandemias na história da humanidade.
Em períodos de pandemia, as pessoas tipicamente se voltam mais para a religião. Poupam dinheiro e têm aversão ao risco. Tem menores interações sociais e ficam mais em casa.
Em pós-pandemias, tudo isto muda, como aconteceu com os loucos anos 20 do século passado. As pessoas inexoravelmente vão buscar mais interação social. Vão a casas noturnas, restaurantes, manifestações políticas, eventos esportivos.
A religiosidade diminui, haverá uma tolerância maior ao risco e as pessoas gastarão o que não puderam gastar.
Se observarmos o que aconteceu nos últimos 2 mil anos, quando as pandemias acabam, há uma grande e longa festa. Pode ser que participemos de algo parecido no século 21.
A grande diferença, em relação aos eventos anteriores, é que nesta pandemia fatores como: “Tecnologia” e “Inteligência Artificial” – produzirão, como efeito colateral, a maior revolução da história da humanidade.
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Sandra Moraes
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