No livro “Presença”, Otto Scharmer e os demais organizadores trazem o conceito da Teoria U como um aliado para o entendimento mais profundo dos acontecimentos. É uma metodologia que se propõe a ajudar a implementar mudanças e aumentar a produtividade nos mais diversos contextos. Ela é composta por sete etapas: suspender; redirecionar; deixar ir; estar presente; deixar vir; decretar a lei e incorporar.
Um dos grandes aprendizados dessa teoria é que muitas vezes precisamos nos distanciar de um determinado problema para que possamos enxergá-lo de maneira mais clara e também evitar reações automáticas. O segredo é atuarmos como observadores da situação para que assim, aos poucos, possamos perceber o que deve ser feito. Dessa forma, é preciso dar um passo atrás e observar.
Esse “passo atrás” é de grande importância no processo de Coaching. Muitas pessoas chegam angustiadas e ansiosas para sua primeira sessão. Assim, se esse “passo atrás” não for dado, pode-se iniciar um processo de Coaching com uma contratação que não chega na essência do que a pessoa realmente está lidando. Albert Einstein dizia que os problemas significativos com que nos deparamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criamos.
A teoria U evita atuarmos no piloto automático. O segredo é ir devagar, dar um tempo e observar. Com isso, agiremos rapidamente, com um fluxo natural que vem de um saber mais profundo.
O processo da teoria U engloba três grandes movimentos: sentir, presenciar e concretizar. Sentir envolve uma profunda observação até nos tornarmos “um” com o mundo. Mergulhamos na realidade da situação até nos tornarmos um com ela. Presenciar envolve um período de recolhimento e reflexão para que o saber interior venha à tona. A condição base do U é ver a partir de uma fonte mais profunda, na qual sentimo-nos ligados às mais elevadas possibilidades futuras. Presenciar é também o ato de estar totalmente presente, algo fundamental para o Coach e o Coachee. E por fim, concretizar, que consiste um agir rápido como resultado de um fluxo natural. É uma ação que surge da conexão com essa fonte mais profunda.
Enfim, um processo de Coaching torna-se muito mais rico ao envolver essas dimensões da teoria U. É fundamental que o cliente seja convidado a ser um observador da situação que o incomoda para assim reconhecer outros ângulos e construir uma imagem sistêmica. Antes de ir para ação, é importante que exista um tempo para reflexão. E por último, o ponto chave dos processos de Coaching é concretizar o caminho percorrido entre as sessões por meio da elaboração e execução de um plano de ação. Se o cliente não se sente engajado para colocar seu plano de ação no mundo, certamente faltou presença, observação e reflexão no processo. Sentir e presenciar são dimensões essenciais para encontrarmos sentido e propósito para nossas ações. E sem sentido e propósito, fica muito difícil agirmos no mundo.
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