Pela agenda normal, esta publicação deveria ter saído no dia 18/5, última sexta-feira, na Coluna Dimensões do Sucesso, e agradeço ao pessoal da Cloud Coaching pela compreensão sobre o atraso, publicando-o na coluna Espaço do Coach. Porém, não é todo dia que temos um casamento real para inspirar nossos comentários e, por conta disso, aguardei a cerimônia em que o Duque e a Duquesa de Sussex, Harry e Meghan, oficialmente juntaram suas escovas de dentes. Certamente, evento que foi acompanhado com muita expectativa não só pelos súditos da realeza britânica, mas por milhões (seriam bilhões?) de pessoas em todo o mundo.
Meu interesse prioritário está em associar esse evento, e todos os seus simbolismos, com o que os profissionais de Coaching, Mentoria, Consultoria e Aconselhamento encontram no cotidiano das organizações mais tradicionais, independentemente de seu porte ou de ainda serem de característica familiar. É extremamente atual e comum encontrar discurso de inovação e transformação como forma de avançar em um mundo empresarial tão dinâmico, algo que não é fácil, mas que a Monarquia Britânica, em especial, tem feito com sucesso.
No passado, encontraremos casos curiosos em casamentos reais, em que tradições cederam lugar a mudanças que impactaram nas pessoas e no convívio social. Em 1365, Isabella de Coucy, filha de Eduardo III, desistiu do casamento antes de viajar ao encontro do noivo, na França. Em 1533, Henrique VIII decidiu anular seu casamento com Catarina de Aragão para se casar com Ana Bolena, o que foi reprovado pelo Papa Clemente VII, motivando o Rei a romper com o Vaticano e a fundar a sua própria Igreja (Anglicana). A Rainha Vitória governou a Inglaterra de 1818 a 1901, e foi pioneira em casar por amor com Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, tendo influenciado fortemente as mulheres da época.
Em 1937, a polêmica tomou conta do Reino Unido quando Eduardo VIII teve que abdicar do trono para casar-se com Wallis Simpson, que já havia sido esposa de um americano, e por essa razão não sendo aceita nem pela Família Real e nem pela Igreja. Tivemos o caso já bem recente de Charles e de Diana que, após um casamento com altos e baixos que gerou infidelidade mútua, levou a Rainha Elizabeth II a escrever para ambos pedindo o divórcio, em 1995 (no ano seguinte, haveria a morte de Diana, e muitos padrões da até então comunicação oficial da Rainha Elizabeth II precisaram ser adaptados às cobranças dos súditos, exigindo respeito com a morte da Princesa Diana).
O tempo passou e agora, sete anos após o casamento do irmão Willian com a colega de faculdade Kate, fato acompanhado por cerca de 2 bilhões de pessoas, Harry e Meghan sobem ao altar exalando amor e simbolismos. A tradição do feriado quando de casamentos reais inexistiu, pois o casal escolheu casar em um sábado. Ainda que envolta em pompa e circunstância, como dizem os ingleses, a cerimônia não foi em Londres, teve poucos convidados e ocorreu na Capela St. George, no Castelo de Windsor. Harry e Meghan abriram os jardins do palácio para pessoas de diversas idades e cidades do Reino Unido, membros de organizações beneficentes e da comunidade local, alunos de escolas e funcionários da Casa Real. E milhares de pessoas acompanharam, ao vivo e de perto, o trajeto dos noivos pelas ruas de Windsor.
Enfim, como qualquer organização tradicional e longeva, a realeza britânica tem buscado traduzir ao seu povo e ao mundo que tem a capacidade de se reinventar, passando por uma transformação sadia em que tolera a diversidade e os novos tempos. O mundo também acompanha, através desse casamento real, uma nova forma de relacionamento entre “superiores” e seus “súditos”, diminuindo distâncias, ampliando a participação próxima e o intenso ativismo em causas sociais, sem hipocrisias.
Sem se preocupar com críticas ou restrições oficiais, Meghan Markle decidiu não pronunciar a palavra “obedecer” nos tradicionais votos de casamento (que são “amar, cuidar e obedecer”), fazendo valer sua posição de representante da ONU Mulheres, que defende a igualdade de gênero, bem como seguindo o que fizeram Diana e Kate. Meghan dispensou profissionais e cuidou de sua própria maquiagem, penteou-se como faz em seu cotidiano, vestiu-se de forma elegante e sóbria. Harry mostrou-se um modelo moderno de líder, sem preconceitos ou egocentrismos, enquanto toda a Família Real demonstrou que é possível, ainda que com naturais dificuldades políticas e econômicas, caminhar para uma grande transformação em tempos modernos.
Enquanto isso, temos que conviver com empresas e instituições que não conseguem fazer o mesmo caminho da transformação positiva. Por que ainda tantos executivos que se colocam em redomas para dificultar o contato? Por que tanto preconceito, em suas diferentes formas? Enfim, cabe a profissionais de Coaching, Mentoria, Consultoria ou Aconselhamento refletir e contribuir a respeito, oferecendo suas competências para a construção de um mundo sempre melhor.
Aos noivos, os cumprimentos e, aos leitores, a imagem do bolo de limão, coberto com creme de manteiga e decorado com flores frescas colhidas pelo casal no jardim real, o que pouca gente teve a chance de ver!
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