“Nascemos sozinhos e morremos sozinhos.” Essa frase me acompanha desde quando cursei a faculdade de Psicologia. Nossos relacionamentos e as pessoas que compartilham a vida conosco, nos ajudam de alguma forma em nossa evolução, mas ninguém poderá viver nossa vida por nós.
A vida acontece nos relacionamentos que construímos. Mas não devemos colocar a nossa expectativa de felicidade na mão de outras pessoas e esperar que os outros resolvam nossos problemas, nos tragam soluções e direcionem nossas decisões. Isso gera frustração. Devemos ter o protagonismo de nossas vidas.
Precisamos viver com autenticidade, ser o melhor que pudermos, dentro de nossas limitações, nos apropriando de nossos talentos, competências e virtudes. Desfrutar de bons e saudáveis relacionamentos. Embora muitas vezes possamos nos sentir solitários e isolados, somos seres gregários e precisamos nos sentir pertencentes, ter o nosso senso de valor reconhecido. É reconfortante saber que pertencemos a um lugar, a uma família, a uma comunidade e também contribuímos de alguma forma.
Existem fatores em nossas vidas que são determinantes e que não podemos escolher, como por exemplo a família em que nascemos, o lugar onde ela está inserida, a época em que vivemos. A forma pela qual percebemos o mundo, nossos hábitos e atitudes estão estreitamente relacionados ao contexto e ao ambiente em que vivemos.
Não podemos deixar de levar em consideração que, pessoas que crescem em ambientes hostis e são privadas de direitos fundamentais, têm oportunidades restringidas. Como sociedade, devemos ter o compromisso permanente de diminuir as desigualdades existentes e nos empenhar para contribuir para a construção de um mundo mais equitativo.
Além das limitações reais, existem também as limitações que criamos em nossa mente, que nos fazem acreditar que não temos alternativas, que nos estagnam e nos fazem conformar com o ordinário, nos aprisionando em nossos próprios pensamentos e crenças.
Dentro das delimitações a que estamos sujeitos, temos sempre escolhas possíveis. Conforme a vida vai se desdobrando, ao buscar nosso desenvolvimento pessoal e autoconhecimento, vamos ganhando maturidade e autonomia, nos responsabilizando pelas nossas escolhas e decisões.
Precisamos encontrar a melhor forma de sermos nós mesmos, sem fazer comparações com outras pessoas. Já parou para pensar quanto tempo é desperdiçado quando nos preocupamos em cuidar da vida dos outros? Em muitos casos, pessoas criam um personagem e nem vivem a realidade que demonstram. Cada pessoa cria seu mundo particular.
É importante ter consciência e aceitar que nosso controle é limitado, que não temos o controle de tudo e aprender a viver com o que se apresenta para nós. Procurar seguir o curso do rio sendo o responsável por conduzir o leme de nossas vidas. Saber receber as coisas como são e decidir o melhor a fazer dentro das escolhas limitadas que possuímos.
Autonomia significa ter controle de sua própria vida. O domínio de si mesmo é um fator importante para desenvolver a perseverança necessária para poder continuar e não desistir mesmo frente aos obstáculos e situações desafiadoras, encontrando novas formas de superá-las.
A competência é o impulso para nos sentirmos capazes e bem-sucedidos, acreditando que os resultados dependem também dos esforços que empregamos no objetivo e propósito do que queremos conquistar. Motivação consciente para trabalhar com afinco, sendo capazes de abdicar de gratificações a curto prazo por uma oportunidade de felicidade a longo prazo.
A motivação está muito ligada a alguns fatores como:
- A autopercepção e a autoaceitação;
- Ao nosso senso de pertencimento, de nos sentirmos valorizados e reconhecidos;
- Na disposição em acreditar em nosso potencial e competências, confiando que somos capazes de vencer os desafios;
- Em nossa necessidade de interagir e cultivar os relacionamentos;
- No reconhecimento do valor pessoal, de poder contribuir com a família e com a comunidade em que vivemos.
Todo pai ou mãe saudável deseja que seu filho seja feliz e se torne o melhor que ele pode ser. A teoria da autodeterminação de Edward Deci e Richard Ryan mostra que as crianças que satisfazem suas necessidades de competência, autonomia e relacionamento se sentirão bem consigo mesmas e, assim, ganharão motivação para se desenvolver, crescer e ter sucesso.
Danielle Vieira Gomes
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