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A Vitória da Resiliência e da Representatividade Feminina: As Olimpíadas de Paris nos deixam grandes lições

As Olimpíadas de Paris foram palco de uma cena histórica com três mulheres negras no pódio. Simone Biles e Jordan Chiles reverenciaram a campeã Rebeca Andrade, destacando a resiliência e representatividade feminina no esporte.

A Vitória da Resiliência e da Representatividade Feminina: As Olimpíadas de Paris nos deixam grandes lições

A Vitória da Resiliência e da Representatividade Feminina:
As Olimpíadas de Paris nos deixam grandes lições

Você algum dia imaginaria a seguinte cena: três mulheres negras subindo no pódio de uma Olimpíada e as medalhistas de prata e bronze se ajoelhando em reverência à atleta que levou a medalha de ouro?

Pois foi exatamente isso que aconteceu nas Olimpíadas de Paris durante a premiação das ginastas do solo. As atletas americanas Simone Biles e Jordan Chiles, medalhas de prata e bronze respectivamente, se ajoelharam e estenderam as mãos à brasileira Rebeca Andrade quando ela subiu no pódio para ser condecorada com a medalha de ouro.

Uma cena épica que ficará cravada na história das Olimpíadas e gravada na memória de todos mundo afora. Especialmente, de nós, brasileiros e brasileiras, tamanha a força simbólica que ela carrega.

Num ambiente altamente competitivo como são as competições olímpicas, muito se fala da competição mais acirrada que existe e ainda maior entre as mulheres. Parece até haver um senso comum de que há mais rivalidade entre mulheres do que entre homens. E será que a ciência também confirma essa rivalidade?

Um artigo científico publicado pela “Royal Society” de Londres em 2013 diz existir uma raiz biológica para tal. Porém, há também quem defenda que se fosse uma questão meramente biológica, não haveria possibilidade de convivência e amizade entre as mulheres, o que nós sabemos bem não é verdade.

Não só há inúmeros exemplos de convivência e amizade entre mulheres como há também alguns estudos que destacam a importância dessas relações para a saúde da mulher, destacando inclusive a produção de oxitocina, o tal hormônio do amor.

A cena das atletas norte-americanas e da brasileira chamou atenção até de celebridades como Viola Davis, que postou na sua rede social o seguinte:

“Eu celebro você, Brasil! REBECA!!!! Você é luz!!! This is the most beautiful photos of sportsmanship, respect, and love!”

Viola, uma das maiores e mais importantes atrizes de Hollywood da atualidade, que é uma mulher preta, teve uma infância e adolescência extremamente miserável que ela revela no seu livro de memórias “Finding Me”. Em tradução livre, “Encontrando-me”, ela também tem advogado sobre a importância da representatividade das mulheres pretas.

Num vídeo emocionante, mostra uma criança negra de dois anos de idade em frente à TV assistindo às apresentações das ginastas e fazendo piruetas, movimentos como os das atletas, no chão da sua sala, e a frase: representação significa muito.

Igualmente, nós sabemos que tanto Simone Biles quanto Rebeca Andrade vieram de famílias muito humildes. Simone, com 3 anos, foi levada com os irmãos para uma “foster family” (família provisória de adoção) porque sua mãe era viciada em álcool e drogas, onde ficou até os 6, quando foi adotada pelos avós. Foi com essa idade, numa excursão da escola, que Simone conheceu a ginástica e chamou a atenção de uma treinadora ao dar cambalhotas e piruetas.

Ao longo de sua carreira, Simone acumulou inúmeras medalhas e conquistas. Porém, em 2018, ela denunciou o abuso sexual que sofreu pelo ex-médico da sua equipe, Larry Nassar. Nassar foi também acusado por centenas de outras atletas e condenado a 175 anos de prisão. O saldo de tudo isso foi uma doença mental que lhe abalou profundamente e lhe tirou das Olimpíadas de Tokyo em 2021.

Rebeca, filha de uma empregada doméstica que criou mais 7 filhos sozinha, conta que ia para os treinos a pé com o irmão mais velho e depois de bicicleta quando ele pôde ter uma. Por vezes, era a mãe quem ia para o trabalho a pé para que a filha pudesse usar seu vale-transporte até o ginásio.

Ao longo de sua carreira, Rebeca passou por algumas cirurgias por conta de rompimentos de ligamento e pensou em desistir. E ainda bem que não o fez. Além de ter sido medalhista de ouro em Tokyo, ela voltou ainda mais forte e conquistou 1 medalha de ouro, 2 de prata e 1 de bronze.

As histórias dessas e de muitas meninas pretas se encontram nesse lugar de inúmeros desafios e superação. Nada disso é para romantizar as suas conquistas e é fundamental destacar que Rebecas e Simones são muito mais exceções do que regras.

Se esforço e uma vida miserável fossem pré-requisitos para o sucesso, teríamos milhões de brasileiros ocupando não só os pódios de Olimpíadas, mas os mais importantes cargos em empresas, com salários altos e vidas dignas.

E nós sabemos muito bem que não é isso que acontece. As pessoas mais pobres e pretas são, sem dúvida, as que mais se esforçam. Acordam de madrugada e enfrentam 3/4 horas de trânsito para chegarem ao local de trabalho. Têm 3/4 jornadas de trabalho diárias e ainda assim seguem ganhando baixos salários. E, além disso, com pouco acesso a serviços, moradia, lazer, educação e saúde de qualidade.

Então não dá para romantizar mesmo, mas dá para entendermos a importância de um passo de cada vez e da representatividade feminina. Dá também para entendermos o significado da palavra sororidade quando ela sai do dicionário e vira ação.

Sororidade, que para as mulheres pretas ganha um novo léxico: “doloridade”. Um conceito cunhado pela professora e escritora Vilma Piedade, cujo livro publicado em 2017 tem o mesmo título. Segundo Vilma:

“A sororidade parece não dar conta da nossa plenitude. Foi a partir dessa percepção que pensei em outra direção, num novo conceito que, apesar de muito novo, já carrega um fardo antigo, velho, conhecido das mulheres: a dor – mas, nesse caso, especificamente, a dor que pode ser sentida a depender da cor da pele. Quanto mais preta, mais racismo, mais dor.”

E nesse lugar de sororidade e de doloridade, merecem os lugares nos pódios das Olimpíadas e na vida todas as Simones, Rebecas, Daianes, Laís, Rayssas, Martas, Beatrizes, Dudas, Marias, Ana Patrícias, Flávias, Vitórias, Julianas, Valdileias, Larissas, Mayras, Lorranes, Julias, Jades, Rafaelas…

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Quer saber mais sobre as lições de Resiliência e Representatividade Feminina no esporte e qual a importância disso para a sociedade como um todo? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Cris Ferreira
https://soucrisferreira.com.br/

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Cristiane Ferreira é Coach formada pelo IBC – Instituto Brasileiro de Coaching, Professora da Fundação Getúlio Vargas com cadeiras em Liderança, Coaching, Inteligência Emocional, Técnicas de Comunicação e Empreendedorismo, Palestrante, Empresária do setor de Educação desde 1991, Graduada em Letras pela UFMG e Pós-graduada em Linguística Aplicada pela UFMG, MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Formada em Inglês pela University of New Mexico, EUA, Apresentadora do Programa Sou Múltipla, Fundadora da Associação das Mulheres Empreendedoras de Betim, Ex-Presidente da Câmara Estadual da Mulher Empreendedora da Federaminas (2014/2016), Destaque no Empreendedorismo feminino, recebeu vários prêmios entre eles o “Mulheres Notáveis – Troféu Maria Elvira Salles Ferreira” da ACMinas, troféu Mulher Líder, “Medalha Josefina Bento” da Câmara Municipal de Betim, “Mulher Influente” do MG Turismo e o “Mérito Legislativo do Estado de Minas Gerais”, Comenda Amiga da Cultura da Prefeitura Municipal de Betim.
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