Um tema que considero fundamental no processo de evolução em nossas vidas, com profundas implicações pessoais, relacionais e profissionais, é o das Cortinas Anti-holográficas.
Ouvi o termo pela primeira vez quando eu tinha 27, 28 anos, dos instrutores de meu primeiro curso de autodesenvolvimento, Renato e Maria Luiza Klein.
A partir do entendimento mais profundo do que eram essas cortinas anti-holográficas, tive a minha primeira experiência de abertura mental.
Foi com essa compreensão que descobri que eu estava removendo camadas e mais camadas de lixos mentais, chamadas “cortinas anti-holográficas!”
O prefixo “anti” significa contra, o que impede. “Holográfico” se refere à holografia, que vem do grego holos (todo, inteiro) e graphos (sinal, escrita).
Aqui, faço um adendo. É importante entender que tive uma formação técnica em engenharia mecânica, baseada na lógica racional.
Tive também uma rígida (des)educação de origem germânica, aliada a uma vivência religiosa baseada no dogmatismo do pecado, inferno, diabo e crenças aterrorizantes.
Todo esse background sofreu uma pancada, um rasgo, uma fissura. Repentinamente, houve um relampejo de lucidez, uma abertura de consciência, uma visão, um “clarão”, como um raio iluminador numa noite escura.
No fim, o clarão desapareceu. Tudo voltou ao “normal”, mas a lembrança do raio na noite escura ficou marcado em mim para sempre.
Daí em diante, a caminhada da autodescoberta não parou mais. Logo descobri que quem entra num processo de conscientização da Vida, só tem um rumo: ir para frente.
Não há mais como retroceder, pois representaria a morte prematura em vida. Neste caminho, o chão desmorona a cada passo, e só se pode ir adiante.
E assim foi. Por mais de 40 anos até os dias atuais, o processo de abertura da mente e ampliação da consciência continua.
Ou seja, a cortina representa um obscurecimento, um não saber ou um não conhecer, uma ignorância vivencial.
Ao abrirmos uma cortina, vemos um novo mundo, novas possibilidades, mais liberdade, mais beleza, maior amplidão, mais espaço, maior lucidez, mais sabedoria interior.
Portanto a “cortina anti-holográfica” se refere aos obscurecimentos mentais que não nos permitem ver e nem vivenciar a totalidade universal.
Tampouco percebermos a totalidade representada e presente na parte, ou seja, em nós mesmos.
Já os obscurecimentos são a própria ignorância de quem realmente somos, que geraram uma sensação de separatividade e desconexão, uma não integração e não valia, uma sensação de isolamento, de não pertencimento.
No meu caso, foi esse sentimento que, desde a tenra infância, originou meus medos e inseguranças.
Me vi isolado dentro de um mundo dual, eu e o outro, eu e a natureza separada de mim, eu marido e a esposa, eu pai e o filho, e por aí afora.
Era a visão sem conexão, integração ou interatividade humana. O que passou a operar foi um personagem que eu mesmo criei, possessivo e exigente, preso ao mundo material de competição e acúmulo de bens, porém sem amor, sem compaixão e sem contato humano profundo.
Ou seja, me tornei um “normal”, igual à grande maioria dos seres que conheço hoje, onde predomina muitas vezes o ego, o jogo de poder, o ter, o status, o carro do ano ou a posição social.
Ao longo de minha vida, descobri que existem infinitas cortinas anti-holográficas e que, na abertura de cada uma delas, se “descortinam” visões, percepções e entendimentos mais ampliados e mais livres.
Essa ampliação será base para abertura da cortina seguinte e, assim, sucessivamente.
Portanto, o segredo da remoção destas cortinas anti-holográficas que geram a mediocridade e nossa pequenez é a abertura contínua na visão de mundo.
Na prática, isso significa a abertura da consciência.
Mas como ela se dá? Como a abertura acontece?
Vou explicar de forma simples: não haverá mais nenhum obscurecimento e nenhuma cortina anti-holográfica a abrir quando tivermos a visão do Uno.
Quando percebermos a integração de tudo, da não separatividade, da interconexão ou de nossa integração com o Todo, abriremos nossa consciência.
É ao superarmos a visão dual, eu x você, bom x mau, certo x errado, que retiraremos as cortinas que nos cegam.
Agora, para termos esta fusão com o Todo, vamos nos valer dos hologramas.
Como já vimos, nós mesmos somos hologramas. Ou seja, contemos todos os elementos do Universo e do planeta em nós, de forma miniaturizada. Somos uma expressão do Todo!
Holografia se traduz como um método de registro “integral” da informação com relevo e profundidade.
Os hologramas possuem uma característica única: cada parte deles possui a informação do todo (“distributividade”).
Assim, um pequeno pedaço de um holograma tem informações da imagem do mesmo holograma completo.
Esta percepção do “Todo na parte” e da “parte como integrante do Todo” é uma descoberta revolucionária que, embora seja real, sempre foi assim.
Em outras palavras – nós contemos todo o universo em nós e estamos contidos nele.
Portanto, a última cortina anti-holográfica a ser aberta é aquela que revela o Todo na parte.
Veremos então que não temos uma Vida, mas que somos a própria Vida, e que a Vida vive a si mesma.
Isto é, não vivemos, mas sim, somos vividos. Somos uma emanação pura do Universo ou de Deus se quisermos usar uma linguagem cristã.
Após tomarmos conhecimento do Contido-Conter, a percepção de processos interno e externo continuará presente, pois o conhecimento não é a vivência.
Mas na medida em que meditarmos e contemplarmos esta realidade, entenderemos cada vez mais profundamente que o externo é uma projeção do interno.
No final, o interno e externo se fundem. Eles são e sempre foram uma só Unidade.
Esse é o momento da compreensão última, onde não há mais conflitos.
O Eu e o Todo se fundem, sem separatividade. Deus e Eu somos Um, nunca estivemos e nem poderíamos jamais estar separados.
Volto a relembrar que as cortinas anti-holográficas não têm uma existência real, externa a nós. É apenas uma metáfora ou uma imagem hábil, para nos referirmos aos obscurecimentos mentais.
Quando abrimos uma cortina anti-holográfica, veremos que algo novo ou desconhecido é revelado para nós.
Porém, devemos entender que esse novo não é algo externo. Na realidade, tudo isso já existe e sempre existiu dentro de nós.
Marcos Wunderlich
Formador em Mentoring e Coaching Humanizado ISOR®
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