Se você está realmente disposto a aprender com seus relacionamentos, comece por aceitar a diversidade humana. Respeite os gostos, as opções, as crenças, a aparência, até mesmo as manias dos outros. Aceite cada um como é e estará aprendendo a se aceitar e a se amar também. Não é só você que é único: todos são, cada um a seu modo.
Para nós, brasileiros, isso talvez seja mais fácil do que para muitos outros povos. Em alguns países, infelizmente, há pessoas que se matam porque não têm o mesmo credo, não se casam com gente de outra nacionalidade, nem deixam forasteiros morar em seu país. No Brasil não é assim: existem tantas raças, credos, cores e nacionalidades que convivem no mesmo solo. Se qualquer estrangeiro constituir família aqui, seus filhos já serão brasileiros. Há um pouco da diversidade humana em nosso DNA.
O mais desafiador, no entanto, não é aceitar o modo de ser e as opções das pessoas com quem mal convivemos: é fazê-lo com aquelas que nos são mais próximas.
Você cria sua filha única com todo o mimo, com todo o carinho, dá a ela o melhor estudo e o melhor preparo para a vida que está ao seu alcance. Sonha com a formatura dela, com o casamento, com sua casa cheia de netinhos corados e saltitantes. Um belo dia, sua adorada filha lhe comunica a decisão de abandonar os estudos e mudar-se para a Patagônia, onde trabalhará numa ONG que atua na preservação do ambiente reprodutivo dos pinguins. Que tal? Será que você vai ter um infarto ou vai respirar fundo e conseguir aceitar a escolha dela?
Talvez nunca lhe aconteça coisa tão extrema, mas mesmo assim você terá sempre de enfrentar situações que exigirão muito de sua capacidade de aceitar o modo de ser dos outros. Quem não tem uma pessoa difícil, uma “casca de ferida” em sua vida?
Certo dia, perguntaram-me o que faria para me relacionar com uma pessoa indelicada e temperamental, que me tratasse mal. Bem, se eu acredito não ter o direito nem a autoridade de tentar mudar ninguém, cabe a mim tomar uma atitude para que o relacionamento mude. Eu seria gentil com essa pessoa, daria um presentinho a ela, por exemplo. Eu a trataria bem independentemente de seus berros. Tentaria mudar o jogo para dar a ela uma oportunidade de mudar também. Mas, se nada disso adiantasse, paciência, eu deixaria de conviver com ela. Temos de reconhecer quando é chegado o momento de fechar uma porta porque às vezes é só isso que nos cabe fazer.
Há quem tenha sérios problemas de relacionamento com o chefe, por exemplo, mas insiste em ficar no emprego. Em vez de simplesmente entregar sua carta de demissão e partir para outra, mantém-se no trabalho e torce, intimamente, para ser demitido. Quando a demissão finalmente ocorre, a pessoa desabafa: “Está vendo? Eu não disse que ele era um chefe cruel? Acabou me demitindo, o desgraçado!”
Pense comigo: por que será que encontramos pessoas difíceis em nosso caminho? Porque também temos aquilo que nos incomoda nelas, e Deus faz as coisas de maneira tão integrada e maravilhosa que nos coloca uns na vida dos outros para que tenhamos a oportunidade de crescer. Quanto mais cedo percebermos isso, assumirmos a responsabilidade pela maneira como nos relacionamos e nos conscientizarmos de que essa história é nossa, melhor para nós.
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