Acessibilidade é investimento. É dignidade!
Não é raro encontrar locais sem a mínima acessibilidade para pessoas com deficiência: rampas, banheiro acessível, pessoas treinadas para atender pessoas com deficiência, com conhecimento em Libras, etc.
Basta ligar ou visitar locais (restaurantes, instituições, prédios privados e públicos) para perceber as dificuldades existentes. Recentemente procurei um espaço para um encontro com professores de um projeto social que estou à frente e como na equipe tem um cadeirante, então busquei um local que dispusesse de acessibilidade. Foram 3 semanas, quase que diariamente, listando e ligando para restaurantes e bares sem sucesso.
Fiquei bastante incomodado com a situação, o que me fez refletir que meu incômodo é pontual, mas imaginem quem convive com a deficiência diariamente e necessita de tal recurso? É desumano.
Não bastasse a defasagem estrutural ainda encontramos a falta de consciência de pessoas que ainda insistem em parar em vagas de estacionamento destinadas para pessoas com deficiências ou ainda criticam a Lei de Cotas classificando-a como uma dificuldade a mais ao empresariado.
Recentemente o empresário Luciano Hang da Havan criticou ações de acessibilidade como colocação do piso tátil, placas de vagas exclusivas que tinham medidas específicas considerando-as excessivas e alegando que somente no Brasil existem tais exigências.
E o governo mandou para votação a PL 6159 com o intuito de flexibilizar a Lei de Cotas. A medida foi duramente criticada por entidades que promovem a inclusão de pessoas com deficiência e o governo voltou atrás.
Independentemente de paixões políticas, e de que lado for, propostas como estas não agregam e somente criam dificuldades de inclusão digna das pessoas com deficiência.
No Brasil são 45 milhões de pessoas com deficiência, sendo que, apenas 1% está contratado formalmente, após 29 anos da Lei de Cotas que serão completados em 24 de julho de 2020. É um número muito baixo.
E onde está o problema? Na Lei de Cotas? No custo da acessibilidade ou excesso de regras? Certamente que não.
Em todos estes cenários têm pessoas que, na sua grande maioria, precisam exercitar empatia. Preparar-se para receber pessoas com deficiência em suas organizações, sejam gestores ou colegas de trabalho.
Vale ressaltar que muitas pessoas adquirem a deficiência ao longo da vida. São mais de 10.000 pessoas por ano, segundo o IBGE, por motivos diversos. A acessibilidade não serve somente para pessoas com deficiência, mas para um idoso, uma grávida, uma pessoa com mobilidade reduzida temporariamente; então deve-se pensar enquanto sociedade e não individualmente.
Pesquisas demonstram que empresas que promovem a diversidade em seus estabelecimentos geram mais lucros. Até porque o cliente também é impactado.
Então fica a dica:
A pessoa vem antes da deficiência. Pessoas produzem, pessoas compram, pessoas interagem. Pessoas merecem dignidade e a acessibilidade promove a dignidade. ACESSIBILIDADE É INVESTIMENTO!
Luciano Amato
http://www.trainingpeople.com.br/
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