Características da Adolescência em Relação à Família, Escola e Comunidade
A adolescência, período entre a infância e a idade adulta, parece ser a época mais difícil de todo ser humano. A cada vinte anos, creio ser esta fase diferente para os que a observam. As mudanças no modo de vida têm sido cada vez mais aceleradas e, portanto muito diferentes de geração para geração.
O adolescente na idade média mesmo sofrendo as mazelas peculiares da adolescência, em muito difere do adolescente da atualidade. Vejo, que os desejos, necessidades, situações vividas com a família, escola, comunidade e a lei atualmente, não servem de parâmetro para com a vivência de um adolescente no início do século.
Os pais modernos, na maioria das vezes trabalham os dois. A vida diária tem o tempo contado para cada um dos afazeres. E os filhos muitas vezes se veem sem o suporte emocional necessário para o crescimento sadio.
O alijamento circunstancial sofrido pelos adolescentes é motivo de comportamentos incompreensíveis para a maioria dos pais. A informação recebida via Internet, televisão e outros meios de comunicação não é objeto de reflexão, mas só de assimilação. Penso que isso prejudica toda e qualquer criação de valores para aqueles que sem dúvida serão os organizadores de uma nova sociedade.
Tais fatos são irreversíveis e incontestáveis, e esta nova sociedade que surge como será? Tão difícil para os filhos, e também para os pais, educadores e todos aqueles que organizam a sociedade em prol dos que os sucederão.
Os antagonismos comportamentais vividos por todos, causam perplexidade e apreensão quanto ao futuro e as características da fase de adolescência em relação a tudo que lhes cerca são estudadas para que se possa compreender melhor o porquê dos acontecimentos.
Falar de adolescentes não implica em se observar tão somente àqueles onde existe uma família constituída, com poder aquisitivo possível de mínimas realizações, como estudo, passeios, cursos suplementares e outros.
E, quanto àqueles que nem mesmo o que comer têm? Seus anseios e desejos são os mesmos daqueles outros adolescentes. Contudo, sem a menor perspectiva tanto pelo lado daqueles que os geraram, como daqueles que se elegeram para tal.
A sociedade os vê com apreensão e medo, quando fogem às regras impostas pela lei. Não se reflete sobre as causas que surtiram nos efeitos indesejados. Porém as características desta fase são as mesmas para todos os adolescentes.
Estas características se fundem, e tem a adolescência como “a etapa de transição da dependência infantil à emancipação própria dos adultos”. (Vezzulla:29)
Esta etapa repleta de atos transgressores muitas vezes peculiares nesta fase de evolução destes seres, que litigam com seus próprios sentimentos e vontades justapondo-se ao comportamento futuro.
É nesta fase que transformações significativas de ordem física e psicológica colocam o adolescente diante da questão: como será sua vida com os outros, e qual será o conceito destes sobre ele? Configura-se desta forma a importância de sua identidade perante os demais, e de que forma sua autonomia sobrepujará á daqueles que até então foram seus guias.
O acompanhamento da família nesta fase de transição, a adolescência, é de fundamental importância para seu desenvolvimento psicossocial. Também a sociedade funciona como um eixo de equilíbrio para aquele, que precisa estar fortalecido em sua segurança e autoconfiança, para suavizar sua entrada na fase adulta.
O fortalecimento da identidade é variável conforme a sociedade em que vive o adolescente, e diferente de um para outro dependendo das circunstâncias pessoais e ambientais vividas por eles.
A família dá ao adolescente o nome e o modelo de vida a ser seguido e em seu conceito será aceito por aqueles que o geraram, os pais. A forte ligação com a mãe torna muitas vezes o adolescente objeto das realizações não concretizadas por ela, e quando ele não se liberta desta dependência, fatalmente sua transformação para a idade adulta estará prejudicada, pois continuará a ser objeto de anseios não realizados, porém daquela que o gerou, e deixa o seu eu sujeito de lado, passando a não respeitar os demais sujeitos e consequentemente as normas sociais.
Parece-me ser essa uma maneira de confiscar o direito à própria identidade do adolescente.
As relações familiares também sofrem influência da sociedade, cujo sistema paternalista não promove a independência dos filhos. Respeitar a função paterna não significa, obedecer cegamente toda e qualquer vontade por ele emanada. A sociedade desta maneira não possibilita responsabilidades conscientes aos futuros cidadãos, ora em transformação.
Vemos então, que os desejos destes adolescentes outrora crianças truncam-se, pois mais importante que sua maturação completa, está a necessidade daqueles que os geraram de se sentirem satisfeitos com aqueles que lhes possibilitarão sua perpetuação, os “adolescentes perfeitos”.
Para o adolescente a família é o primeiro e mais difícil elo com quem deve romper para atingir a maturidade e independência. A busca da própria identidade nem sempre lhes é tarefa fácil.
Muitas vezes, esta passagem é dolorida e mal compreendida por aqueles que o cercam. Veem-no como alguém irresponsável, sem delimitar com clareza quais são suas reais responsabilidades.
Algumas vezes o tratam como criança e outras como adulto. Estas situações são incompreensíveis para o jovem, pois ao mesmo tempo que sente necessidade de procurar novos conceitos, sente-se como se estivesse traindo àqueles que ama. Contudo, não são eles pais, mas seus sentimentos, ideias, conceitos e anseios que são diferentes.
É marcante a característica do adolescente frente a sociedade que não define seu lugar como cidadão integrante do mundo. É exaltada sua beleza, força, saúde, porém a natural rebeldia é considerada perigosa para a população. E a sociedade encontra uma gama de estereótipos para defini-las.
As potencialidades do adolescente, muitas vezes não são apoiadas em prol de sua independência, pois implicariam numa individualidade, que nega ou aceita imposições estabelecidas pela escola, esta que tem função de capacitá-los e socializá-los, também restringe por medo de perder o controle sobre os alunos. A necessidade de poder impera mais que a necessidade de novos talentos.
A sociedade também tem dificuldades em aceitar diferenças, que creio eu, não são diferenças, mas complementos do vazio do outro. É nas sociedades mais primitivas que estas diferenças têm uma maior integração social e respeito, e principalmente quanto aos adolescentes “temos muito que aprender das sociedades não evoluídas.
Caracterizadas pelo respeito às tradições e pela integração de todos os seus membros, qualquer que seja seu sexo, idade e características pessoais, as sociedades não evoluídas se baseiam nas condições de cada um, suas habilidades, capacidades e potencialidades, para indicar-lhes atividades, responsabilidades e direitos. Nada é melhor ou pior, todos têm sua função e por isso merecem respeito”. (Vezzulla:35)
O pensamento refletido sobre esta conduta madura e consciente dessas sociedades ajuda a encontrar meios mais eficientes para a abordagem de assuntos tão complexos como a infância e a adolescência.
Creio, que para a sorte de todos, a maioria dos adolescentes transgridem. E se eles passam por uma profunda transformação neste estágio para a vida adulta, não é menos verdadeiro que esta mudança também acomete aos pais. Sem nos esquecermos da sociedade como um todo, que certamente será objeto de novos paradigmas.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre as características da adolescência em relação à família, à escola e à comunidade? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em orientar.
Luísa Santo
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