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Adulto Adulterado?

Deveríamos passar mais horas com as crianças para aprender a lidar com esse “Novo Mundo” e manter sempre viva a criança que existe em você.

criança sempre viva

FÓRMULA = MANTENHA A CRIANÇA SEMPRE VIVA QUE EXISTE EM VOCÊ!

E assim começa a nossa história…

Caminhamos pela praia cerca de meia hora. Durante todo o tempo, ela permaneceu em silêncio, imersa em seus pensamentos. Aproveitei para sentir o calor do sol, observar as pessoas e então relaxar, o que não fazia havia vários anos. De repente, dei-me conta de que estávamos chegando à ponta da praia. Olhei para trás e me surpreendi com quanto havíamos caminhado.

Pouco depois, ela então parou e sentou-se na grama, à sombra de uma árvore. Procurei por algum formigueiro oculto e, nada encontrado, então sentei-me ao seu lado para descansar.

– Veja aquelas crianças – indicou, chamando minha atenção.

Um menino e uma menina, de 4 ou 5 anos, faziam castelos de areia. Baldes e pás de plástico colorido eram suas ferramentas.

Acompanhei o trabalho daquelas crianças durante algum tempo.

– Você já notou como elas estão concentradas no que fazem? – perguntou.

De fato, ambas estavam completamente entretidas.

– Quando eu tinha essa idade e estava brincando, esquecia-me até de comer – comentei.

– E então quando foi à última vez que você fez algo que o manteve tão concentrado e lhe deu tanto prazer?

– Quando? A ponto de esquecer-se de comer? Para ser sincero, não sei. Acho que só mesmo quando era criança – respondi.

Ela então ajeitou-se melhor.

– É curioso dizermos que uma pessoa está brincando quando não leva o trabalho a sério. Deveria ser o contrário. Não existe ninguém mais sério do que uma criança brincando. Já pensou como o mundo seria maravilhoso se os adultos se dedicassem ao trabalho com o mesmo prazer e concentração das crianças?

– Só poucos têm essa sorte. A maioria considera o trabalho um castigo – observei.

– É também uma questão de ser capaz de mudar a perspectiva. Existe uma antiga história que ilustra bem este ponto. Quer ouvi-la? – perguntou.

– Claro que sim.

– Conta-se que na Idade Média três homens trabalhavam numa pedreira. Tinham a mesma atividade. A diferença é que um estava sempre resmungando, o segundo fazia seu trabalho com total indiferença, e o terceiro era alegre e disposto. Certa vez foram perguntados sobre o trabalho que faziam.

– Eu quebro pedras – grunhiu o primeiro.

– Faço blocos para poder sustentar minha família – disse o segundo, sem entusiasmo.

– Trabalho na construção de castelos e catedrais – disse o terceiro, orgulhoso e feliz.

Encolhi as pernas e assim abracei os joelhos.

– Já conhecia essa história, mas não me lembro de onde – comentei.

– Eu também não me lembro de quando a ouvi pela primeira vez, mas ela é bem adequada para mostrar diferentes perspectivas em relação ao trabalho.

– O difícil é chegar ao ponto de achá-lo divertido, como as brincadeiras da infância – desabafei.

– Ser criança é ver o mundo em toda a sua exuberância. É mergulhar nele com intensidade. Tudo é sempre novo e maravilhoso. As crianças possuem uma energia inesgotável e não conhecem bloqueios…Lembra-se dos seus primeiros anos na escola, quando a professora pedia um desenho qualquer? Não havia problema. Você pegava sua caixa de lápis de cor, e em poucos minutos lá estava sua obra de arte. Ou quando ela pedia uma redação? Era só pegar a caneta, e logo o texto já estava no papel. Declamar, dançar, representar, cantar…Quando somos crianças, sabemos e podemos tudo – argumentou.

Ela pegou pela haste uma folha que estava caída no chão e então girou-a entre os dedos como se fosse um brinquedo.

– Você já viu crianças de diferentes nacionalidades quando se encontram? A língua não é barreira para elas. Quanto menores forem, mais rápido começam a brincar juntas. Elas conhecem a linguagem universal.

Continuou brincando com a folhinha enquanto falava.

– Quando crescemos, complicamos demais o mundo. As divertidas brincadeiras se transformam nos sofridos empregos, e as grandes amizades da infância são substituídas pelos relacionamentos superficiais. Já não sabemos mais desenhar nem contar histórias. Cantar? Temos vergonha. Declamar uma poesia? Nem pensar. Para dançar, precisamos entrar numa escola. Representar passa a ser uma atividade de profissionais. E o pior: os adultos estão sempre cansados…até mesmo nas férias.

– Existe alguma solução? – perguntei.

– Basta manter a perspectiva da criança sempre viva. Não ter medo de fazer. Não deixar que a palavra ‘adulto’ signifique ‘adulterado’ para indicar uma criança estragada, falsificada.

E assim este texto de Roberto Lopes continua…

Se tiverem curiosidade de ler esta joia, o título do livro é “O livro da Bruxa”.

Existem muitos ensinamentos neste livro, mas hoje me ative a este. Tenho achado as pessoas extremamente tristes com seus trabalhos. E isso se reflete em vários comportamentos, principalmente em casa com os filhos, sejam eles adolescentes ou crianças.

Deveríamos, ao contrário, passar mais horas com elas para aprender de fato a lidar com o ‘Novo Mundo’. Com certeza elas sabem muito mais que nós neste momento, principalmente no que diz respeito a comportamentos que possam nos deixar mais leves.

Além disso, vamos admitir, a construção deste ‘Novo Mundo’ está nas mãos delas. Seriedade não é sisudez! Então pensem nisto…

Até o próximo encontro!

Elizabeth Kassis
Coluna Tudo Azul

Confira também: Mensagem à minha querida família

 

Filha da Luiza, meu maior exemplo, minha verdadeira fonte de inspiração de todos os dias. Empresária focada no desenvolvimento de Pessoas, Grupos e Organizações dos principais Setores da Economia. Engenheira de Produção – Universidade Mackenzie com Pós-Graduação em Administração Financeira e Orçamentária – FGV, Marketing de Varejo – USP e Desenvolvimento Empresarial – INSPER. Atuou como Executiva no Mercado Financeiro durante 24 anos. Líder e agregadora, focada em resultados. Conviveu em ambientes multiculturais, competitivos, inovadores e globais. Atuou durante seis anos como Conselheira Consultiva do Banco de Investimentos LLA ANDBANK. Trabalha com Hunting, Aplicação de Assessment, Mentoring, Escritora, Professora e Palestrante. Tem Especialização em Formação de Líderes, Consultores e Facilitadores – ADIGO. Certificada no Instrumento MBTI Step I e II – Fellipelli. Certificada no Projeto Emotions – Relações Interpessoais e Inteligência Emocional, Gerenciamento de Estresse – Tomada de Decisão – Fellipelli. FIRO B – Fellipelli e Técnico Master Disc – Sólides.
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