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Analfabeto Emocional e Espiritual

Quantos de nós não somos analfabetos e passamos pela vida sem a compreender, sem a capacidade de interpretar as mensagens que nos são enviadas a todos os momentos?

Analfabeto é a pessoa iletrada, que não conhece o alfabeto, não tem a capacidade de decodificar os símbolos, entendê-los e interpretá-los. Ser analfabeto é mais que cegueira, uma vez que o cego, apesar de não enxergar, é capaz de desenvolver mais os outros sentidos e “ver” com o tato, o olfato… Para o analfabeto, não há a possibilidade de desenvolver qualquer habilidade que o faça ler aquilo que vê apenas como imagem e símbolos sem nenhum significado ou informação.

E pensar que as letras estão em todo lugar. O mundo para um analfabeto é um mundo sem sentido ou, pelo menos, um mundo do qual ele é excluído. O que lhe é comunicado, não é percebido, não é assimilado, não é compreendido. Para tornar-se uma pessoa letrada, é preciso passar por um processo de aprendizado que começa por reconhecer cada uma das letras do abecedário, entender como elas se relacionam, se comportam. Ao uni-las, se reconhece as palavras e como estas também se combinam. Sozinhas ou em conjunto têm significado, nos enriquecem, preenchendo vazios, ocupando espaços, mostrando novos caminhos.

Há também os chamados analfabetos funcionais que são até capazes de decodificar, de ler, mas não conseguem compreender ou interpretar a mensagem ou informação que está por trás daquelas letras. Contrariamente, há iletrados que são doutores na arte de ler e interpretar a vida. Quem é que não conhece um “matuto”, um “sábio” que não aprendeu a ler a cartilha da escola, mas aprendeu as lições com maestria? São aquelas pessoas das quais não temos vontade de sair de perto tamanha a sua “letragem”. É letragem mesmo! Palavra que inventei para batizar aquele(a) que é letrado(a) na arte de perceber, compreender e interpretar as mensagens que, de alguma forma, lhes são enviadas.

A vida de um analfabeto é como um livro que só contém rabiscos, sem sentido, sem significado. E quantos de nós não somos analfabetos e passamos pela vida sem a compreender, sem a capacidade de interpretar as mensagens que nos são enviadas a todos os momentos? Analfabetos emocionais que jamais tiveram a coragem, a curiosidade, a ousadia de abrir o livro da sua alma e vasculhá-lo. Jamais entraram no seu interior para lhe entender. Analfabetos ignorantes que vivem na escuridão. E somente a busca do autoconhecimento pode lhes tornar letrados, capazes de ler e compreender a sua própria alma.

“Sê quem és, sabendo”
(Pindaro)

E não há outro caminho. Não há outra luz que nos tire da escuridão. Só sabemos quem verdadeiramente somos quando pegamos a trilha do autoconhecimento. E como ela se dá? Assim como buscamos qualquer conhecimento, precisamos investigar, ler, interpretar, buscar as informações. Sócrates dizia que o conhecimento é como parir. Que todo ser humano tem as respostas dentro de si e, através de perguntas (estímulos), pode “dar à luz”. Metaforicamente, a luz sendo aquela que nos tira da escuridão, da ignorância.

Passamos a vida sem nos perguntarmos o que nos daria à luz que precisamos para nos guiar. Sem sabermos ao certo quem somos nós, para que estamos aqui e o que podemos, queremos e devemos deixar. Ao contrário, rabiscamos o caderno traçando linhas que não nos levam a lugar algum. Gastamos muito de nossa energia e, talvez até com uma desenfreada fixação na felicidade que acreditamos estar naquele ou naquela que será o meu cônjuge, na casa ou no carro dos sonhos, no emprego com alto salário, no acumulo de posses. Reforçamos as crenças judaico-cristãs e capitalistas de que a felicidade está em se casar e ficar casado até que a morte os separe, em ter filhos lindos e saudáveis, em ter dinheiro para consumir tudo o que desejar…

Na perda de qualquer destas coisas que acreditamos ter, ficamos completamente desorientados porque nos apegamos a tudo aquilo que está fora de nós. Sem referência e sem equilíbrio, não sabemos nos apoiar em nós mesmos que é verdadeiramente o único que nos acompanha todos os dias e até o fim. Buscamos as respostas onde jamais as encontraremos porque não nos alfabetizamos e não aprendemos a nos ler.

Pior ainda, não sabemos ler as mensagens que o Cosmo, o Universo, Deus, deuses, os espíritos seja la o que você acredita, se é que acredita em algo. Fato é que somos mais que matéria e assim como você não vê o ar, ele existe, independentemente, de você acreditar ou não. O analfabeto espiritual não aproveita as oportunidades para interpretar, decodificar e aprender com as lições que a vida lhe dá.

Imagina se um analfabeto que passou a vida tendo o outro lendo as histórias para ele sem jamais saber qual era o gosto de fazer a sua própria leitura, vai dar conta de aprender com as perdas, dores, desafios e dificuldades da vida. Ao perder este outro, perde também o fim da história. A única maneira, é fecundar. Fazer perguntas. Entender o que há além da matéria, o que está nas entrelinhas. O que o Universo, Deus, seja la o que for, quer lhe ensinar com esta perda? Se ela é inevitável, como seguir sozinho? Quais são as forças que lhe ajudam a encontrar a luz? Como pode se tornar uma pessoa melhor agora que não tem mais o que tinha antes? Quais são os seus verdadeiros valores? O que deve aprender para que possa ler as histórias, vivenciá-las, interpretá-las e melhor ainda, como pode se tornar o autor das suas próprias histórias?

“Se você acredita em outras vidas, se torne cada dia melhor nesta para garantir um bom lugar na próxima. Se você acredita em apenas uma vida, não vai perder a única oportunidade que tem de se tornar cada dia melhor, não é mesmo?”
(Lúcia Galvão)

Lembre-se: Você pode ser apenas uma célula entre bilhares deste corpo, mas, com certeza, sabe que basta uma única célula cancerígena e doente para destruir um corpo. Portanto, você é único(a), é muito especial e importante. Abra este livro, que é você, e procure ler cada página, cada capitulo, e “sê quem és, sabendo.”

Cristiane Ferreira

Cristiane Ferreira é Coach formada pelo IBC – Instituto Brasileiro de Coaching, Professora da Fundação Getúlio Vargas com cadeiras em Liderança, Coaching, Inteligência Emocional, Técnicas de Comunicação e Empreendedorismo, Palestrante, Empresária do setor de Educação desde 1991, Graduada em Letras pela UFMG e Pós-graduada em Linguística Aplicada pela UFMG, MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Formada em Inglês pela University of New Mexico, EUA, Apresentadora do Programa Sou Múltipla, Fundadora da Associação das Mulheres Empreendedoras de Betim, Ex-Presidente da Câmara Estadual da Mulher Empreendedora da Federaminas (2014/2016), Destaque no Empreendedorismo feminino, recebeu vários prêmios entre eles o “Mulheres Notáveis – Troféu Maria Elvira Salles Ferreira” da ACMinas, troféu Mulher Líder, “Medalha Josefina Bento” da Câmara Municipal de Betim, “Mulher Influente” do MG Turismo e o “Mérito Legislativo do Estado de Minas Gerais”, Comenda Amiga da Cultura da Prefeitura Municipal de Betim.
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