As dimensões do processo de formação da personalidade
Frequentemente sou questionada sobre o processo de formação da personalidade. O mais recente deles foi numa conversa com colegas do curso de Biografia Humana. Por isso decidi compartilhar um pouco sobre o meu entendimento em relação a este assunto aqui. Digo um pouco, porque este assunto não pode ser resumido num único conjunto de palavras e, seria um tanto quanto presunçoso, discorrer sobre o tema em um único artigo.
Nossa personalidade é derivada de uma soma de fatores. Primeiro ao nascermos já recebemos uma centelha de características inatas, não necessariamente genéticas ou hereditárias, mas sim do próprio indivíduo. O ambiente que, se resume nas pessoas que convivo e as experiências vividas, funciona como alimento e nutre em mim meu esforço por repetir comportamentos que “funcionam” ou evitar aqueles em que não fui tão bem sucedida. Ou seja, resumidamente nossa personalidade é resultado da combinação entre nossa natureza, ambiente e repetição.
Neste processo de formação da personalidade, é importante considerar ainda que, ao nascermos a parte límbica do nosso cérebro, responsável pelas emoções está quase totalmente formada. Um processo que se completa até os dois anos. Já o nosso neocórtex, que nos permite processar aquilo que sentimos, completa sua formação mais tarde. Alguns estudiosos dizem que por volta dos 12 anos, outros mencionam que em torno dos 30. O importante aqui é ter em conta que nascemos preparados para sentir, mas não capazes de entender o que sentimos.
E como o Eneagrama pode nos apoiar neste processo de entender o nosso comportamento? Na Awareness to Action consideramos com igual valor para estudar e trabalhar questões da personalidade, duas dimensões.
A primeira chamamos de tendências instintivas, que nada mais são do que preferências enraizadas em nós e que nos fazem acreditar que certos aspectos da vida são mais importantes que outros. Por este motivo dedicamos a elas, mais atenção. Isso que valorizamos impacta diretamente na forma como relacionamos, como nos comunicamos, como lideramos e como funcionamos em equipe.
Estas tendências, não conscientes, nominamos como Preservar, Navegar e Transmitir e elas serão assunto de futuras reflexões nesta coluna. O fato é que cada um de nós atua movido mais fortemente por uma delas. Isso explica porque, em muitos momentos, nos surpreendemos quando outras pessoas colocam suas prioridades em um lugar distinto do que nós faríamos. E não ter entendimento disso nos causa inúmeras e desnecessárias dores de cabeça.
A segunda dimensão nominamos como Estratégias e outras escolas como Tipo. A estratégia nada mais é do que uma tendência habitual que recorremos para nos sentirmos de uma determinada maneira. Uma necessidade emocional que determina como pensamos e que, por sua vez, influencia na forma como reagimos às situações.
Esse padrão resultante do sentir, pensar e agir determina o nosso estilo de personalidade. Entender o Eneagrama e como negligenciamos certos comportamentos e exageramos em outros, nos ajuda a desenvolver a flexibilidade necessária para encontrar o equilíbrio. Nossa tarefa é sempre buscar o “caminho do meio”. Lembrando que o caminho do meio, é pra cima. É expandir. Transcender.
E então, vamos juntos?
Liz Cunha
https://www.lizcunha.com.br/
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