Ativando o Negociador Interior
Qual a relação da culpa, da raiva e da vergonha com o conflito?
Quando foi que aprendemos a sentir vergonha por algo que fizemos? Raiva por determinada situação ou culpa diante de algum fato?
São essas tão somente ideias em nosso imaginário?
Ou, será que são resíduos emocionais correntes em nossa forma de viver, que não se adequam ao que a vida nos apresenta no momento presente?
O que foi que criou em mim determinada raiva?
Qual a causa para que eu me sinta culpada diante de certos fatos?
Por que me sinto envergonhada com certas situações?
Existe um mundo de perguntas dentro de cada um de nós, e lá se encontra um negociador que precisa ser ativado.
ATIVANDO O NEGOCIADOR INTERIOR
Encare a razão de seus sentimentos obscuros.
Signifique-os para que suas necessidades sejam satisfeitas.
Encontre o lado positivo do sentimento, que você interpreta como negativo.
Construa algo maior com seus conviventes, que também se autoquestionam e se encontram tão necessitados quanto você. Parabéns. Você cresceu com o sentimento, sua necessidade foi satisfeita, e ainda ajudou o outro a se resolver com você.
A vivência plena de cada ser se inicia quando sua percepção do certo e errado, bom e mau, próprio e impróprio, normal e anormal, não instiguem seus sentimentos obscuros a aflorarem em detrimento dos sentimentos daqueles que o cercam, uma vez que a compreensão e reconhecimento de seu próprio valor é maior que o sentimento que obscurece seu comportamento.
Como posso agir mais e julgar menos com o que acontece com aquele com o qual me confronto, sem perder meus próprios parâmetros?
Uma boa opção é desenvolver uma linguagem que foque no processo interno de cada um dos envolvidos no conflito, considerando-se as necessidades de ambos. Esta pode ser uma das formas mais amenas para se resolver um conflito no qual se detecta as questões subjetivas mais importantes.
Para Marshall Rosenberg, criador da Comunicação Não Violenta:
“A raiva é válida quando a utilizamos como um despertador, que nos desperta para uma necessidade que ainda não concretizamos e na qual pensamos ser impossível de ser realizada”.
Disto podemos concluir, que devemos ouvir o que a raiva quer nos dizer, ao invés de afastar tal sentimento de conflito. Quando ouvimos nossos sentimentos e avaliamos nossas reais necessidades, acende-se uma luz no final do túnel para que novas possibilidades surjam.
A Raiva, a culpa e a vergonha são sinais de que temos necessidades que não foram devidamente preenchidas.
A atenção nelas, quando aparecem, merecem uma reflexão de nossa parte. Precisamos saber o que está nos faltando e que faz com que tal sentimento desabroche de maneira tão intensa. Com esse esclarecimento conseguiremos melhorar o nosso desempenho futuro e provavelmente rirmos de um fato que já passou, eis que o sentimento que se acende quando a emoção desabrocha, raramente nos ajuda a perceber a necessidade não satisfeita.
A emoção sentida nos distrai, uma vez que miramos no erro ao invés de focar na necessidade.
Quando um desses sentimentos desponta, pergunte-se: O que eu quero de verdade?
O que me faz acreditar que algo está errado comigo, ou que falhei de alguma forma quando me senti envergonhado ou culpado? Por que não fiz diferente?
Atribuir culpa a outro, quase sempre demonstra que não nos sentimos culpados ou envergonhados por um fato acontecido. Só enxergamos as falhas do outro. Porém, se refletíssemos e nos perguntássemos: O que ocorreu para que isso acontecesse? Será que fui bem entendido? Provavelmente nossa visão sobre o fato seria bem diferente.
Muitas vezes, deixamos aflorar certas emoções e permitimos que a adrenalina flua em nosso corpo para nos sentirmos vivos. Isto nos dá a sensação de conexão com a vida.
E, as nossas necessidades, conectamos com elas?
Tal atitude, faz com que arrisquemos o não favorecimento daquele que nos contrapõe, bem como o nosso. Isto porque reconhecer a necessidade do outro, torna possível o reconhecimento também da nossa necessidade.
Tender para o autojulgamento com conotação negativa nos faz pensar sobre aquilo que julgamos estar errado. A consequência poderá ser a repetição do comportamento, pois ainda que o consideremos como péssimo, o mesmo pode se tornar um círculo vicioso e difícil de escapar.
Estudos mostram ser raramente a violência o resultado de um ato súbito de raiva, pois esta se encontra registrada em nosso sistema emocional como uma humilhação anterior, na qual a pessoa foi desrespeitada.
Ruminar assuntos passados nos fazem adoecer física e mentalmente.
A raiva, a vergonha e a culpa são sentimentos frutos de emoções residuais em nossas vidas e esta relação gera conflitos pessoais e interpessoais. Qual a necessidade subjacente a esses sentimentos?
Para isso se faz necessário buscar ajuda, pois o terceiro sempre poderá olhar de fora o problema em que você se colocou por ter priorizado seu sentimento em detrimento de sua necessidade.
E, como bem disse Sócrates:
”Transforme as pedras que você tropeça nas pedras de sua escada”.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre a relação da culpa, da raiva e da vergonha com o conflito? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Luísa Santo
https://www.linkedin.com/in/luisasanto/
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