Você já fez a matrícula em alguma academia que só pagava e não frequentava? Você já tentou não comer mais doce e desistiu em pouco tempo? Você já tentou praticar alguma técnica de meditação e/ou relaxamento e não deu continuidade? São várias situações que queremos algo, começamos, mas não damos continuidade.
Quando estas e outras situações em que não temos sucesso acontecem, ficamos muitas vezes tristes, decepcionados, frustrados, sem esperança, desanimados e portanto com baixa autoeficácia (crença de que você não é capaz de realizar as situações específicas nas quais já teve frustrações anteriores).
A autoeficácia não se trata de possuir certas capacidades, mas sim de acreditar que as tem, ou que pode adquiri-las por meio de esforço pessoal. Você pode ter muita capacidade e habilidade para corrida, mas não acredita que pode participar de uma prova curta de corrida.
A autoeficácia envolve a crença de que com empenho podemos governar acontecimentos gerando o efeito almejado. De acordo com Bandura, a autoeficácia requer não apenas habilidades, mas também força de vontade em acreditar na capacidade de exercer uma determinada conduta. A autoeficácia refere-se às crenças que o individuo possui sobre seu valor e suas potencialidades.
A autoeficácia pode determinar como a pessoa se sente, pensa e se comporta (COX, 2006). Se você tem baixa autoeficácia em relação a praticar corrida, você vai se sentir incapaz de correr e desanimado, vai pensar que não vai conseguir e provavelmente não vai mesmo praticar corrida ou se praticar é provável que não se saia bem.
Bandura (1997) identifica quatro mecanismos que influenciam as percepções da eficácia: compromisso com tarefas desafiadoras, persistência com o esforço, se manter calmo durante as tarefas, e organizar os pensamentos de modo analítico. Aqueles com alta eficácia percebida são mais prováveis de alcançar níveis de maior sucesso do que os que se percebem com baixa eficácia, que desistem das tarefas difíceis, que ficam ansiosos e não pensam de maneira clara.
Se o coach, por exemplo, puder apoiar o coachee para aumentar a sua autoeficácia percebida, então seu desempenho irá melhorar. E esse apoio inclui: fornecer feedback sobre as capacidades e sucessos (experiências de domínio); fornecer informação comparativa sobre outros (experiências vicárias); falar do que os outros acreditam que ele é capaz de fazer (persuasão verbal); e o coachee julgar sua própria habilidade de realizar a tarefa ou meta (estados psicológicos). Pessoas com maior autoeficácia traçam metas mais altas e se comprometem mais (LOCKE E LATHAM, 2002).
A maneira mais eficaz de construir um forte senso de eficácia é por meio de experiências de domínio e de sucesso. Os fracassos diminuem essas crenças. (BANDURA, 2006). Se as pessoas experimentam apenas sucessos fáceis, passam a esperar resultados rápidos e podem se desencorajar facilmente pelo fracasso. A eficácia resiliente exige experiência em vencer obstáculos pelo esforço constante. A resiliência também é desenvolvida com o treino em manejar fracassos e aprender com eles.
Quando as pessoas têm alta autoeficácia, elas atribuem o fracasso ao conhecimento ou esforços insuficientes, em vez de pouca habilidade ou forças universais trabalhando contra elas.
Outra maneira de desenvolver a autoeficácia é pela modelagem social. Modelos são fontes de inspiração, motivação e competências. Ver pessoas serem bem-sucedidas pelo esforço perseverante aumenta a crença do observador em suas habilidades. (BANDURA 2006). Na atualidade, ideias, valores e crenças são socialmente aprendidos por modelagem também no ambiente virtual e na mídia. Muitos influenciadores impactam a vida de milhares de seguidores. Isso permite que as pessoas se inspirem com modelos fora de seu ambiente físico.
A persuasão social é outro modo de influência. Se a pessoa é persuadida a acreditar em si mesma, ela irá se esforçar mais e terá mais chances de sucesso. Pessoas persuasivas devem praticar o que dizem e construir a eficácia de outros pelo arranjo de situações que trarão sucesso, e evitar situações que aumentam chances de fracasso, segundo Bandura, (1997).
Sistemas sociais que cultivam competências, que constroem a crença das pessoas em sua eficácia para influenciar eventos que afetam suas vidas criam estruturas de oportunidades e fornecem recursos de ajuda, permitindo espaço para as pessoas descobrirem o que querem se tornar e a alcançar realização, segundo Bandura (2003).
No processo de Coaching vamos sempre trabalhar com as experiências de sucesso, as experiências vicárias, persuasão verbal e metas smart (metas específicas, mensuráveis, com tempo determinado, realistas e atingíveis). É importante que o cliente saia da sessão com uma meta bem definida e detalhada. Também o grau de confiança do coachee para conseguir atingir a meta é algo que precisamos prestar atenção. Se o grau de confiança for alto (pede-se ao cliente para dar uma nota para o grau de confiança em relação a cada meta estipulada de 0-10, 0 sendo nada confiante e 10 muito confiante) a probabilidade do cliente alcançar a meta é maior e portanto vai ocorrer um aumento da autoeficácia quando o cliente conseguir realizar a meta. Se o grau de confiança for baixo é importante que o cliente reformule a meta para a confiança aumentar.
Portanto o aumento da autoeficácia é o maior objetivo e o resultado esperado de um processo de Coaching. Também é importante ressaltar que para auxiliar os coachees sem provocar resistência, coaches precisam expressar confiança na habilidade do cliente de que ele irá alcançar suas metas. Quando esta confiança é verdadeira, honesta e baseada nos pontos fortes do cliente, ela apoia muito a autoeficácia.
“Queremos que nossos clientes não apenas alcancem as metas que os trouxeram para o Coaching, mas também queremos que eles se tornem confiantes em suas habilidades para estabelecerem novas metas no futuro e enfrentarem desafios ao se erguerem. Queremos que eles, em outras palavras, aprendam a aprender, assim podem avançar a partir do Coaching de maneira autodirigida e bem-sucedida.” (Moore amp; Tschannen-Moran)
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