Autenticidade, Segurança Psicológica e Saúde Psicoemocional – o que uma coisa tem a ver com a outra?
É muito provável que você conheça alguma empresa que utilize gritos de guerra para “motivar” equipes. Ou ainda, que você já tenha feito parte de um.
Um grito de guerra ou grito de armas segundo o site Wikipédia, é, normalmente, uma palavra ou frase simples, de uma entidade, para juntar ou incentivar ao combate ou à ação, os seus membros ou seguidores.
Quando o “grito de guerra” é um convite a uma manifestação coletiva, ou um time onde há segurança psicológica eu não duvido dos efeitos motivacionais; mesmo que momentâneos. Mas e quando esse grito é dentro de uma empresa, num time e/ou cultura onde você não se sente seguro?
Foi assim com a Fernanda, líder de produção de uma empresa incorporada por uma grande rede de varejo. Ela relata que sua equipe foi “incentivada” a fazer um grito de guerra todo início de dia – “faz parte da cultura da empresa, disseram eles”. Só que mal sabiam ‘eles’, que a cada grito de guerra a Fernanda, que era uma excelente líder de produção, sentia mais dores no estomago. As dores da Fernanda eram um sinal claro de incongruência. Uma incongruência entre o que ela sentia em relação àquele momento da empresa e o que ela “tinha que gritar”. Depois de um mês Fernanda pediu demissão, e o time dela, sempre que tem oportunidade muda algumas palavras do grito, com ironia. Triste não?
Essa história e outras que você deve conhecer, só reforçam a minha tese. Muitas empresas, em pleno 2021, ainda desconhecem ou ignoram o funcionamento humano.
A incongruência, segundo Carl Rogers, psicólogo iniciador da Abordagem Centrada na Pessoa, é maior causa de sofrimento psíquico e adoecimento humano. Ou seja, quanto mais distante é o que se sente do que se manifesta, menos saudável é o indivíduo.
O quanto no dia a dia, seja dentro das empresas ou fora delas, somos “obrigados” a vivenciar e manifestar emoções e comportamentos que não correspondem aos nossos sentimentos? Será que os espaços que ocupamos são seguros para nossa expressão mais autêntica? Ou ainda é arriscado dizer “eu não vou fazer parte disso porque não me representa, ou porque não me sinto à vontade”? Aqui o exemplo foi do grito de guerra, mas é sobre as relações de forma geral.
O quanto somos violentos nos nossos relacionamentos quando não abrimos a oportunidade para que cada individuo manifeste sua autenticidade? Ainda, quando abrimos estes espaços como recebemos o que outro tem a nos dizer?
Nesse setembro amarelo, mês que traz o suicídio e o adoecimento pra pauta, vemos também a oportunidade de refletir sobre o quanto a forma como nos relacionamos, no um a um, num time, família ou numa empresa pode ser fator de risco pra vida, ou um facilitador dos nossos processos.
Quanto maior o nível de congruência, leia-se quanto mais expressamos de forma não apenas verbal, mas existencial o nosso mundo interno, quanto mais estiverem de acordo “nosso grito interno” com nosso “grito externo”, mais saudáveis estaremos.
É simples e bem contracultura, quanto maior o clima de segurança psicológica, mais espaço para autenticidade, e então mais saúde psicoemocional e melhores resultados — na vida!
Nessa equação todo mundo ganha.
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Anne Bertoli & Brunna Martinato
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