Autoconhecimento e Liberdade de Escolha: APRENDENDO A DIZER NÃO!
Por Regiane Catosso (*)
O “não” é uma palavra que ouvimos desde o nascimento, mas não aprendemos a dizê-la como um valioso instrumento de limite entre o Eu e o Outro. Aprendemos muito bem, mas somente a ouvi-la, e tememos usá-la. Já em nossa vida profissional, dizer “sim” é um hábito importante.
Mas o que acontece quando esses dois lados da vida se chocam?
Em muitas situações, dizer “não” é fundamental para a saúde, quer física, mental ou até de uma relação.
Observa-se que a dificuldade em dizer não surge na infância quando, para agradar e conseguir atenção, vamos percebendo o quanto ser bom e disponível favorece as relações. Além de ser a palavra mais escutada pela criança, há o temor em desagradar e não ter as suas necessidades básicas atendidas. Crianças intimidadas vão dizer sim para tudo, para evitar conflitos com os pais e adultos mais próximos.
A consequência na vida adulta, é verificarmos homens e mulheres que temem o rótulo do egoísmo, mas não conhecem seus próprios limites, tendo muita dificuldade de se colocar diante de seus desejos, da vida, e do outro, suportando as relações com um grande sofrimento psíquico e abalando a sua saúde mental, pois vão renunciando os próprios anseios e dizendo o “não” para si mesmos.
Outro ponto importante, é o fator social: brasileiros são solícitos.
Padecemos desta fama, que é contrária em outros países e outras culturas que defendem a individualidade como prioridade, pois egoísmo tem definições mais claras. Ainda socialmente, as mulheres se submetem muito mais a esta prática que os homens, principalmente na maternidade, onde a falta de colocação do limite é vista como proteção e amparo.
Podemos observar que os relacionamentos mais desafiadores para o exercício do limite, são os próximos e confiáveis, pois os desconhecidos adentram o nosso espaço tateando as possibilidades, já os próximos, não.
Aprender a dizer não tem como base o autoconhecimento: se não conhecermos nosso espaço, vamos permitindo essa invasão e acabamos por explodir, ou se afastar. Portanto, dizer “não” é uma habilidade importante para si e para relacionamentos saudáveis.
Há anos vejo pessoas dizendo “sim” para os outro, e “não” para suas vidas com uma frequência que me surpreende. E o fazem simplesmente porque não têm certo para si o que é leve ou pesado fazer (ou escolher).
Desse modo, diante de situações que te evoquem uma postura pessoal, além de estar com a terapia em dia, leve em consideração se utilizar dessas reflexões:
- Vá direto ao “Não”. Fale-o sem sofisticação, nem meandros;
- Diga “não” e não justifique, nem invente embustes. Pronuncie a palavra, e não os sentimentos (pois estes devem estar claros para si mesmo);
- Utilize a linguagem corporal para que o outro já perceba os seus limites sendo colocados: cruze os braços, junte as pernas, feche os punhos. O outro já perceberá por que o corpo fala.
Recomendo a leitura do livro “A coragem de não agradar” (Kirawareru Yuki) de Ichiro Kishimi, traduzido por Ivo Korytowski.
Resenha: Partindo do pressuposto de que o autoconhecimento é a base do limite entre o meu universo, e o do outro, este livro narra um encontro fictício entre um filósofo e um jovem, que discorrem como lidar com esta dinâmica existencial tão devoradora, buscando encontrar uma saída mais saudável e possível para acolher a si, e conviver harmoniosamente na sociedade.
Gostou do artigo? Quer aprender a dizer não, através do autoconhecimento e da liberdade de escolhas? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
(*) Regiane Catosso é Bacharel em Naturologia, Doutora e Mestra em Ciências (UNIFESP), Pós-graduada em Fitoterapia e Acupuntura, estuda e pratica Ayurveda desde 2006 e Medicina Chinesa desde 2017, atua clinicamente em Saúde Integrativa há 15 anos, pesquisadora e Docente do Bacharelado em Naturologia (Universidade Anhembi Morumbi) entre 2015 e 2020.
Regiane Catosso
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