Qual o padrão da inteligência? Nem sempre a educação formal ou a faculdade são capazes de identificar e desenvolver capacidades específicas.
Desde a nossa primeira infância somos condicionados e direcionados para receber a educação formal, ou seja, os pais colocam seus filhos na escola para receberem a base de ensino tradicional matemática, história, português… e principalmente ainda na infância é comum que os pequenos já demostrem maior facilidade e interesse por determinadas áreas e aprendizados. O problema é que se estes interesses não forem de encontro com o que os pais e a sociedade de modo geral esperam, provavelmente a criança será desestimulada e tolhida. E por quê? Qual o parâmetro e fundamento é capaz de dizer que um acadêmico é mais inteligente do que um mecânico ou um marceneiro?
Não quero polemizar e muito menos apontar as falhas (a meu ver) do atual sistema de educação tradicional. Estudar é importante, porém tão importante quanto é o estudo complementar, ou seja, ao invés de sabotar a espontaneidade e as características que cada um carrega dentro de si, os pais deveriam observar e estimular o desenvolvimento da capacidade específica do seu filho, isso sim é dar poder à inteligência genuína.
Obter notas altas em testes na escola, por exemplo, não quer dizer necessariamente que seu filho seja um crânio. Ele apenas pode ser bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a dele.
Muitos pais não percebem que até de forma inconsciente cobram resultados dos seus filhos estipulados pela sociedade, e que não necessariamente pautados pelas crenças e vontades deles mesmos. O problema é que atitudes assim, demasiadamente inconsequentes, vão influenciar diretamente no futuro dos seus filhos. Quando um pai proíbe o filho de ser músico, ou mecânico, até mesmo quando interfere na escolha da sua profissão, no fundo ele está retirando a possibilidade do seu filho ser muito bom em algo que ele realmente sentiria prazer e realização em fazer, ou seja, se dedicaria.
Os acadêmicos que dedicam sua vida aos estudos que o façam por escolha, não porque um título de doutor irá te transformar em alguém superior. Quando o carro deste mesmo doutor estraga ele é capaz de consertá-lo sozinho? Quando ele compra móveis para sua casa, ele seria capaz de materializar peças com tamanha habilidade e precisão? Então quem é mais inteligente?
A inteligência, portanto, na minha opinião, não é algo absoluto, mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade que não perde a chance de criar regras e paradigmas que acabam privilegiando um determinado grupo em detrimento do outro.
Acredito no poder das ideias, da liberdade de criação e expressão, em todas as suas formas. Idealizo um futuro onde nossas crianças possam escolher desde cedo o que vão querer fazer com suas vidas, sem a interferência ou condicionamento social. Não são bem-sucedidos e inteligentes apenas os médicos, advogados, engenheiros ou megaempresários. Sucesso para mim é você poder acordar todo dia e estar feliz com suas escolhas e com o rumo que sua vida tomou. Nem tudo gira em torno do dinheiro, mas para aqueles que ainda precisam dessa motivação, uma pessoa pode se tornar um advogado ou médico medíocre (quando forçado), mas poderia ter sido um chefe de cozinha, um empreendedor, ou um mecânico, uma referência de profissionalismo e felicidade.
Até quando vamos criar dificuldades e limitações para aqueles que só têm a contribuir com suas habilidades específicas? Seja ela qual for, não permita que caia no esquecimento ou que não passe de um sonho longínquo.
Participe da Conversa