”Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade. Todo o nosso progresso tecnológico, que tanto se louva, o próprio cerne da nossa civilização, é como um machado na mão de um criminoso” (Albert Einstein)
O progresso só acontece quando envolve mudanças de comportamento, sejam elas individuais ou coletivas
Os avanços tecnológicos, particularmente a partir da segunda metade do século 19, trouxeram enormes e incríveis facilidades para a vida humana. E isto foi possível porque indivíduos e organizações acompanharam o ritmo frenético do avanço da tecnologia em prol da melhora na qualidade de vida das pessoas e da sociedade em geral – o progresso social é consequência da evolução dos indivíduos.
Estamos hoje às portas de um novo mundo ainda por vir onde grandes e profundas mudanças afetarão sobremaneira a vida de pessoas e das organizações. E o que esperar deste futuro não tão distante?
É oportuno aqui mencionar o livro Admirável Mundo Novo, do escritor inglês Aldous Huxley escrito em 1931 cuja história se passa no ano de 2.540 – ou no século VII d.F. (depois de Ford – Henry Ford). Nesta obra de ficção, os bebês são produzidos em laboratórios e a sociedade é dividida em castas onde não existe a instituição da família ou de religião. Estamos caminhando para isto?
Num mundo virtual e digital estamos ligados a todos e, no entanto, muitas vezes, nunca nos sentimos tão sós. Existe, pois, um único lugar em que podemos melhorar: o nosso próprio interior.
Um contraponto às previsões catastróficas que envolvem a utilização da tecnologia na vida humana são as recentes pesquisas – independentemente de sua de precisão – que envolvem o grau de felicidade dos povos e que indicaram a Dinamarca como a nação que tem os maiores índices de pessoas felizes entre todos os povos do planeta.
Mas o que faz dos dinamarqueses pessoas felizes? A resposta é simples e parte do princípio da conexão com o amor e a felicidade que existem e estão ao redor das pessoas; alguns dos itens de comportamento identificados: (1-confiança nos outros; (2- compromisso com estilo de vida equilibrado; (3- foco em casa, família e filhos; (4- tempo de lazer e (5 – amor pela celebração e aconchego.
No rimo atual, continuaremos alcançando grandes avanços tecnológicos; porém muitos poderão viver cercados de conforto, mas nunca serão felizes porque buscam a solução de seus problemas no lugar errado. Nós olhamos para fora quando o problema e a solução estão dentro de nós.
Nós, enganosamente, acreditamos que somos livres porque temos a liberdade de ir e vir, mas a prisão em que vivemos é a prisão da nossa própria mente; se não pudermos ser livres, nunca seremos felizes.
Pessoas e organizações utilizam muito do conforto que a tecnologia oferece para servir a objetivos nem sempre alinhados à ética e ao bem comum, bem como para suportar ações decorrentes de emoções e sentimentos negativos.
O tempo dos líderes focados em si mesmos e a busca incessante por poder e ganhos cada vez maiores deve dar lugar a uma visão holística com foco na sociedade, na natureza, no planeta, no universo, em toda a criação. E, certamente, esta mudança não ocorrerá através de práticas comuns no mundo corporativo – programas de liderança, trabalho em equipe, etc, etc. Ao contrário, a mudança deve levar em conta e aprofundar os níveis de identidade além de identificar e agir de acordo com o propósito.
A questão é que, no mundo atual, abordar essas questões é encarado como sinal de fraqueza e aqueles que detém o poder – empresários e líderes em geral – não querem passar impressão de fragilidade na condução de seus negócios. É preciso coragem para assumir riscos pois só assim as mudanças necessárias irão ocorrer.
A raiz dos males que afligem as sociedades modernas está na ignorância, e na auto-ignorância e somente (novos) líderes esclarecidos poderão produzir a mudança tão necessária para tirar proveito das dádivas da tecnologia.
Em tempos de “4ª revolução industrial” e de todas as suas implicações, se faz necessária a verdadeira (r)evolução, não apenas a tecnológica, produtiva, econômica ou política mas sim uma transformação mental conduzida por líderes esclarecidos e organizações comprometidas com o meio em que atuam para que os benefícios advindos do progresso tecnológico possam efetivamente beneficiar a sociedade como um todo.
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