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Carnaval, paixões e o dia seguinte!

Aviso a você, amigo Coach: Atenção quanto à essência das demandas de seus clientes em março ou abril. Não que esses dois meses sejam simbólicos de algo diferente pela sua natureza, mas é que eles chegam logo depois do Carnaval. Ficou curioso?

Aviso aos amigos Coaches: atenção quanto à essência das demandas de seus clientes em março ou abril. Não que esses dois meses sejam simbólicos de algo diferente pela sua natureza, mas é que eles chegam logo depois do Carnaval. E muita gente vai recorrer a intervenções como Coaching, terapia, mentoria ou outra forma de apoio porque estará em ampla e incrível dificuldade de gerenciar a paixão nascida durante as festas de Momo. Não conseguem se equilibrar com as exigências mais típicas relacionadas ao dia a dia executivo.

A questão da influência nefasta das paixões no resultado das atividades regulares do ser humano permeia nosso cotidiano desde as mais antigas eras, havendo casos contados e recontados, derivados da mitologia ou desde que Abrahão se casou com Sara. Um dos mais antigos livros de sabedoria de que se tem notícia, o Bhagavad-Gita, dá a sua definição para a Paixão no capítulo 14 (verso 8): “O modo da paixão caracteriza-se pela atração entre duas pessoas… Quanto maior o modo da paixão, maior será o anseio pelo prazer material, o que se reflete na busca do gozo dos sentidos…”.

A cabeça do apaixonado fica dando voltas mirabolantes e perde seu rumo. Doce ilusão é querer resistir aos impulsos dos sentidos quando a pessoa se apaixona, pois seu metabolismo assumirá uma liderança incontrolável sobre todos os pensamentos e movimentos. Literalmente, o citado texto sagrado diz que “um rapaz se encontra com uma moça, e os seus sentidos impelem-no a vê-la, a tocá-la e a ter relação sexual com ela. No começo isso pode ser muito agradável para os sentidos, mas, no final e passado algum tempo, isso se torna exatamente como veneno”. Veneno para ambos os sexos. Mas que veneno?!

Será que o “veneno” é o sentimento destruidor gerado quando a paixão acaba, deixando em seu lugar vários dos piores sentimentos humanos, tais como raiva, ciúme, angústia, inveja ou ódio? O Bhagavad–Gita vai além, em seu capítulo 18 (verso 38), para explicar a preocupação que se deve ter para evitar o “veneno” da dor advinda do final de uma paixão. Diz que “as pessoas se separam e surgem a lamentação e a dor. A felicidade derivada de uma combinação dos sentidos do prazer deve sempre ser evitada”. Ou seja, toda a relação que começa pela paixão ou, em outras palavras, pela busca da satisfação através do sexo, tende a deixar dor e sofrimento no final.

Ah! E o Carnaval está aí a bater nas nossas portas, estimulando as pessoas a se extravasarem em luxúria. Muitos confundem amor e paixão, dando-lhes entendimento equivalente. Afinal, o apaixonado sempre acredita que o outro é a personificação do Amor Maior, sua alma gêmea. Para um artista, é inspirador buscar na mitologia a formação de arquétipos para suas obras. A divindade mais celebrada no amor, junto com Eros, talvez seja Vênus (ou Afrodite). Os estudiosos apresentam diferentes origens a Vênus (na própria associação dessa figura mitológica com a questão da paixão tem-se várias explicações divergentes), mas em qualquer uma, ela é reconhecida como a Mãe do Amor, Deusa dos Prazeres.

Portanto, amigo Coach, eu começo por esperar que esse tal “veneno” não esteja em seu caminho e nem no caminho de seus clientes. Mas, se você ou ele conhecer alguém numa situação inesperada, sentir um calafrio na espinha, não conseguir deixar de pensar nessa pessoa e passar por variações de comportamento a cada instante que se lembrar de um contato mais íntimo, é bem possível que a paixão esteja se instalando (ou já esteja instalada). O veneno fez seu efeito e o consolo é saber que há muita gente nessa mesma situação.

O lado negativo desse cenário é que você não está no Olimpo e nem tem chance de virar um Deus da mitologia, resolvendo seu problema por outros caminhos. Dependendo de sua situação conjugal, a alternativa que sobra é fugir e esconder-se na floresta, pedindo apoio aos amigos de Cupido como uma maneira de deixar as emoções abrandarem, fuga essa recomendada por Santo Agostinho como o único efetivo remédio contra a paixão. Sua sorte maior será a de não ser confundido com um louco, que perdeu todo o controle de si mesmo pois, para todos os efeitos, as descrições apresentadas sobre a loucura também servem muito bem para exemplificar o comportamento do ser humano no momento de paixão, aí incluindo suas manifestações sensoriais, todas recheadas de desequilíbrios.

Aos Arlequins, Pierrots e Colombinas, divirtam-se! Mas fujam dos primeiros sinais de envenenamento!

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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