Como a Liderança Consciente Responde aos Desafios do Mundo RUPT
Mundo VUCA e mundo BANI já ficaram no passado; entramos no RUPT.
O conceito VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) foi desenvolvido no final da década de 1980, inicialmente pelo exército norte-americano, para descrever o ambiente incerto e dinâmico pós-Guerra Fria. Não demorou para ser adotado no mundo corporativo e em outras áreas.
Já o conceito BANI (Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível) é mais recente, introduzido pelo antropólogo Jamais Cascio em 2020. Ele reflete uma visão do mundo ainda mais caótica, marcada por vulnerabilidades e tensões agravadas.
Incrível como, no espaço de 10 anos, muita coisa mudou.
O conceito RUPT (Rápido, Inesperado, Paradoxal e Tenso) é um cenário que exige mais do que respostas tradicionais; ele demanda líderes que compreendam a complexidade, entendam a vulnerabilidade e inspirem suas equipes a navegar por mudanças rápidas e desafiadoras.
No contexto RÁPIDO, a tecnologia acelera ciclos de inovação, transformando a forma como vivemos e trabalhamos. Esse ritmo cada vez mais avassalador impõe uma pressão constante sobre as organizações para se adaptarem rapidamente. Quando entra o INESPERADO — como crises climáticas e políticas ou uma pandemia — é testada a capacidade de resiliência.
A contradição e a dualidade do mundo PARADOXAL desafiam líderes a integrarem diferentes perspectivas, enquanto o ambiente TENSO amplifica a necessidade de resultados, éticas firmes e equilíbrio emocional.
Parece difícil? Mas o que é fácil hoje, seja lá em que cenário for?
Neste ambiente RUPT, liderar requer mais do que habilidades técnicas. Exige um estado permanente de consciência, propósito e coragem para transformar o caos em oportunidades. E é aqui que acredito que entra a Liderança Consciente, representando um novo paradigma.
O relatório Gartner destaca que, embora as organizações invistam significativamente no desenvolvimento de líderes, apenas 36% dos profissionais de RH acreditam que esses programas estão preparando os gestores para os desafios futuros. Esses números são alarmantes e revelam um grande hiato entre as necessidades reais (atuais e futuras) e as abordagens adotadas. Seminários genéricos e treinamentos tradicionais não estão equipando líderes para um mundo onde habilidades como pensamento sistêmico, empatia e adaptabilidade são fundamentais.
A liderança consciente surge como uma resposta a essa lacuna.
Inspirada por movimentos como o Capitalismo Consciente, ela propõe um modelo que prioriza a criação de valor para todos os stakeholders — funcionários, clientes, fornecedores, comunidades e o planeta. Líderes conscientes servem ao propósito organizacional, cultivam confiança e promovem uma cultura que equilibra resultados financeiros com impactos positivos.
A essência desse novo paradigma está na transição do egocentrismo para o ecocentrismo. No modelo egocêntrico, o foco está no “eu”: resultados pessoais, sucesso financeiro e ganho individual. Já no modelo ecocêntrico, o foco se expande para “nós” — uma abordagem que reconhece a interdependência entre pessoas, organizações e o meio ambiente. Somos parte da natureza, e essa consciência é vital para reverter práticas pouco humanizadas e insustentáveis.
Líderes conscientes criam um impacto que transcende o curto prazo. Eles enxergam a liderança como uma plataforma para transformação positiva, não como um meio para ambições individuais. Mas, para isso, é preciso que a consciência desses líderes seja sólida, construída gradualmente, à medida que se desapegam de padrões e comportamentos ultrapassados e se abrem para novas perspectivas.
Outro ponto, que pode soar estranho em um mundo extremamente competitivo, é praticar a vulnerabilidade.
Isso implica aceitar que “não sabemos o que não sabemos,” algo que pode ser encarado como um primeiro passo para expandir a consciência. E aqui, o terceiro ponto é complementar: adotar uma mentalidade de aprendizado, encarando erros como oportunidades de crescimento e promovendo um ambiente onde equipes se sintam seguras para experimentar.
Sim, já vimos que essa jornada não é fácil, mas é essencial para líderes que desejam navegar com integridade em um mundo RUPT.
Ao contrário, o que mais temos visto atualmente são falhas profundas nas estruturas de liderança e gestão. Escândalos financeiros, fraudes contábeis e práticas desumanas estão cada vez mais expostos, amplificados pela transparência proporcionada pela tecnologia. Por trás de marcas premiadas e empresas renomadas, muitas vezes encontramos culturas tóxicas, líderes sem sensibilidade e, sem dúvida, uma desconexão entre valores declarados e práticas reais.
Esses escândalos refletem um modelo de gestão focado no curto prazo, na maximização de lucros e na ambição desmedida. Esse paradigma está falhando, como demonstram falências e crises éticas que ocupam os noticiários regularmente.
A liderança consciente se opõe a esse modelo, oferecendo uma alternativa baseada em transparência, responsabilidade social e valores humanos. Ela busca construir organizações saudáveis e sustentáveis, que não apenas sobrevivam, mas prosperem em um mundo em transformação.
E, nesse contexto, transformação é mesmo a chave para uma liderança consciente, que pode se apoiar em três pilares, a saber:
- Desapegar (abandonar ideias ultrapassadas e abrir espaço para o novo);
- Doar (entregar-se às relações, com cuidado genuíno com pessoas e criação de valor coletivo);
- Descobrir (explorar problemas complexos e construir soluções humanizadas e inclusivas).
Líderes conscientes reconhecem que suas ações – ou omissões – têm impactos amplificados por sua posição.
Essa abordagem não é apenas ética, mas estratégica, uma vez que promove engajamento, inovação e sustentabilidade, criando culturas organizacionais baseadas em confiança e colaboração.
O mundo RUPT traz desafios sem precedentes, mas também oportunidades únicas para reimaginar a liderança e as organizações. Líderes conscientes têm a chance de construir um futuro diferente, onde resultados financeiros e impacto positivo andem lado a lado. Precisamos lembrar que tudo isso acontece hoje em um planeta ameaçado, que depende das nossas decisões para continuar a ser um local que possa abrigar a Humanidade.
Esse é o momento de agir. Não podemos mais adiar a transição para uma liderança consciente. O futuro depende disso.
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Quer saber mais como a Liderança Consciente pode transformar o mundo RUPT? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Marco Ornellas
https://www.ornellas.com.br/
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