Estava sentada agora, lendo um livro que me fez refletir sobre o quanto podemos ser intolerantes com nós mesmos e, daí, sem perceber, acabamos sendo intolerantes com o outro. Vivemos num círculo vicioso, desejando ser mais legal, amigável… Mas aí alguém vem, fala alguma coisa, faz um comentário ou você lê ou ouve algo, e já se arma com três pedras na mão.
Tenho vivido isso diariamente, seja nas mensagens de WhatsApp, seja nas conversas diárias com o outro, seja na indiferença das pessoas. E a todo momento preciso prestar atenção aos meus pensamentos para evitar entrar num mar de autoconfabulações e me deixar sabotar, acreditando que o outro é ruim, que o mundo é ruim, que estão querendo me prejudicar, pois é dessa maneira que a maioria de nós vive na atualidade. Vivemos numa total intolerância e isso nos desgasta, nos deixa ansiosos, com raiva, e muitas vezes não percebemos que essa raiva, na verdade, está escondendo uma profunda tristeza e dor.
Vivemos numa sociedade na qual se busca ser feliz de fora para dentro; conseguimos isso em algumas situações e não percebemos que a felicidade está, na realidade, dentro de nós e que temos a capacidade e a habilidade para cultivar uma reforma íntima. E o que é essa reforma íntima? É prestar atenção aos pensamentos, atitudes e comportamentos. Nosso ego (orgulho) fala mais alto do que tudo e não damos espaço para novos aprendizados e conhecimentos.
Algumas pessoas têm me dito que desejam alcançar tranquilidade e que por mais que tentem não conseguem. Perguntam como eu consigo me manter tranquila diante dos problemas e isso tem me feito refletir ainda mais. Eu digo que não é uma tarefa fácil, que é preciso muita perseverança e, acima de tudo, força de vontade. A todo momento somos instigados a sair do nosso centro. É importante acreditarmos que é possível alcançar essa tranquilidade e que podemos exercitar essa busca.
Uma das coisas que tenho feito ao longo desses anos é procurar me manter o mais presente possível em minhas interações com o outro, em minhas leituras, pensar sobre meus pensamentos, ser otimista com a vida. E uma coisa que me acompanha desde a tenra idade é que minha vida tem um propósito de ser.
Aprendi que tudo e todos estamos entrelaçados. Por mais que o outro acredite que não me conhece, que pode me ignorar e não dar atenção, consigo perceber a ligação que existe entre mim e toda a humanidade, pois estamos unificados em nossa humanidade.
Podemos exercitar nossa humanidade na medida que exercitamos o PERMA, acrônimo criado por Martin Seligman, da Psicologia Positiva. Quando exercitado, podemos aumentar nossa felicidade e, com isso, aumentar mais nossa satisfação com a vida. O PERMA está diretamente ligado às seis virtudes humanas: sabedoria, justiça, temperança, transcendência, coragem e humanidade. Perceba que a humanidade é uma dessas grandes virtudes.
- P – Positive Emotions ou Emoções Positivas, é buscar apreciar a beleza nas pequenas coisas, é ser grato todos os dias pelo que você já tem ou recebe diariamente; é celebrar as pequenas conquistas, perceber em seu corpo sensações positivas, viver o presente, o aqui e o agora e com isso alcançar o bem-estar.
- E – Engajement – Engajamento, é buscar estar 100% presente no que faz; é estar focado, desafiar-se de acordo com suas habilidades. Isso trará motivação interna para seguir em frente.
- R – Relationship – Relacionamentos, é buscar conquistar e manter pessoas, criar uma rede de segurança e proteção, dar sua parte de contribuição, seja qual for, para a sociedade. As relações são importantes na vida. Por mais que alguns acreditem viver sozinhos, nascemos para viver em comunidade. O outro contribui para que possamos crescer, evoluir e aprender.
- M – Meaning – Significado, é buscar o que faz sentido na vida, é ter um propósito além de si mesmo, é a transcendência. Deixar vir à consciência o porquê de você estar neste mundo.
- A – Accomplishment – Realização, esta pode ser momentânea, resultado de objetivos alcançados, ou pode ser imbuída de sentido vivido em cada momento da vida.
Tudo isso está ligado a você se permitir fazer algo por si mesmo, independentemente de o outro fazer ou não. Precisamos ter consciência de que essa mudança, esse crescimento é única e exclusivamente para nós mesmos, independentemente de outro perceber ou não. Quando você puder olhar o outro como ele é e como ele pode ser, sem esperar que aquilo que você faz tenha impacto sobre ele, perceberá que cada um tem seu momento, sua hora para mudar e evoluir e daí poderá seguir em frente com tranquilidade e tolerância.
Evoluir em nossa humanidade é tarefa diária e de autoconhecimento.
Participe da Conversa