Alguns especialistas dizem que os gestores precisam de pessoas que discordem deles, porém, dependendo do tipo da divergência, pode gerar conflitos e azedar as relações.
Por que isso acontece? Porque existem gestores que possuem um padrão mental recheado de pensamentos rígidos e inflexíveis, tais como: não posso errar, não posso mudar de opinião e nem posso dizer “não sei”. Com esses pensamentos distorcidos sua crença principal é: Eu tenho que ter razão sempre.
Por que discordar é bom?
A discordância é boa quando leva a um resultado positivo, e isso só acontece quando a discordância é assertiva, focada na solução de um problema e não somente uma briga de egos na busca de culpados.
É mais produtivo quando você discorda do conteúdo da conversa, pois seu foco está nas ideias e assim o outro se sente seguro psicologicamente.
Mas não é bom quando você discorda da pessoa porque sua comunicação se torna julgadora e crítica deixando o outro ameaçado e defensivo.
Porém, cuidado com o perigo da concordância rápida.
O consenso pode levar a soluções medíocres se feito sem análise profunda das ideias com o objetivo maior de buscar harmonia e evitar conflitos entre os envolvidos da conversa.
O que o gestor e seu time ganham com a liberdade da discordância?
- Solução mais eficaz e efetiva do problema. Porque possibilita novas conexões neurais e a ampliação do mapa mental, permitindo que o time gere várias possibilidades de solução.
- Criatividade e inovação. A discordância dá liberdade de pensar diferente e encontrar novas soluções para velhos problemas.
- Envolvimento e Comprometimento do time. A participação com ideias na solução do problema torna o time responsável e “pai da criança”.
- Segurança psicológica e Resiliência. Porque as pessoas se apoiam mutuamente na solução do problema e se sentem à vontade para dizer o que pensam verdadeiramente.
- Comunicação assertiva. A discordância focada na solução do problema liberta as pessoas e desarma suas defesas.
- Visão do coletivo. Quando as pessoas veem mais do que o interesse individual, cria-se uma relação de interdependência, aumentando a conectividade entre as pessoas e melhorando a visão dos impactos da decisão tomada na solução do problema.
Como incentivar as pessoas a discordarem dos gestores sem medo das consequências?
Incentivar e ensinar as pessoas a usarem uma comunicação assertiva, pois esse estilo cria uma aproximação com o gestor e quebra sua resistência à discordância de ideias, além de diminuir a energia límbica e libertar o pré-frontal para focar a atenção no que realmente interessa, ou seja, o time e o gestor deixam de lado suas vaidades e focam no resultado.
É uma comunicação verdadeira, firme, generosa, empática e contributiva, pois ao dizermos o que pensamos sem agressividade, oferecemos ao outro a oportunidade de contemplar o problema por outro prisma.
Veja um exemplo:
Antes de discordar, adote a postura da escuta ativa, ouça com atenção, faça perguntas esclarecedoras, seja empático e diga: “Eu entendo porque você pensa assim.” Só depois de ser ouvido de verdade, o outro estará preparado para ouvir você.
E ao invés de dizer “Eu discordo de você”, troque por “Eu penso diferente” ou “Eu tenho uma outra visão, você quer ouvi-la?”. Você gera a curiosidade e não impõe sua opinião discordante.
Dessa forma, você estabelece uma aproximação com o gestor, fazendo-o sentir-se importante e competente no controle da situação, eliminando qualquer possibilidade de ameaça.
Portanto, para discordar é preciso saber usar uma linguagem assertiva.
Seja firme e empático, mostre interesse pela discordância, avalie sua opinião com perguntas esclarecedoras.
- Se a ideia for boa, fale: gostei, não tinha pensado com esse olhar;
- Se a ideia não for boa, demonstre os prós e contras.
Pratique a empatia, pois para ser ouvido, lembre sempre daquela premissa poderosa: “Uma pessoa está preparada para ouvir, depois de se sentir bem ouvido”.
Use esta técnica com seis passos para discordar do seu gestor, sem gerar conflitos desnecessários:
Passo 1: Escute ativamente, fazendo perguntas esclarecedoras de suas dúvidas.
Passo 2: Faça empatia e procure entender o que está por trás daquela opinião, o que o leva a pensar daquela forma. Coloque-se no lugar dele e entenda o problema com o olhar dele.
Passo 3: Desperte a curiosidade do gestor e mostre que você tem uma outra alternativa, uma sugestão.
Passo 4: Discuta a ideia que, agora, é dos dois e não diga mais: “A minha ideia”. Diga: “Penso que se fizermos assim, vamos ganhar isso”.
Passo 5: Ele pode mesmo assim, discordar da sua ideia. Peça-lhe que lhe dê informações sobre o seu Não para você entender melhor a discordância. E se concluir que sua ideia não é a melhor, concorde com seu gestor.
Passo 6: Recue estrategicamente, se necessário. Se você chegar no limite de resistência e perceber que, mesmo com todos esses cuidados, seu gestor continua inflexível, recue e avalie os impactos de fazer o que e como ele quer. Depois decida o que fazer.
Pratique e pratique e só assim você aprenderá a conviver com a diversidade.
Vera Martins
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