A publicação Harvard Business Review, de 06/02/2015, divulgou interessante artigo de dois professores americanos: Oslen Ayduk, da Universidade California Berkeley, e Ethan Kross, da Universidade de Michigan. Ambos militam na área de Psicologia, com foco em Emoções, Autocontrole e Processos Cognitivos. No estudo, os cientistas abordam algo que faz parte do cotidiano de qualquer Coach, ou seja, como manter-se racional e não se deixar abalar emocionalmente perante um cliente.
Para eles, algumas pessoas parecem ter a habilidade incrível de manter a racionalidade, não importa o que aconteça. São capazes de tomar boas decisões, enquanto outras desperdiçam energia ao entrar em pânico quanto às próximas tarefas a realizar ou, então, ficar sofrendo diante das próprias falhas. O curioso é que esses seres racionais parecem estar sempre dominando a cena, enquanto os demais ficam presos a velhos hábitos e formas de pensar. O abismo entre os dois tipos parece intransponível.
Na realidade, a barreira pode ser removida através de simples mudança lingüística. E está na forma de como falar silenciosamente consigo mesmo, como fazemos com frequência, especialmente quando diante de um desafio enorme. Você diz “Como faço isso”? Pois os autores sugerem que diga, a si mesmo, “Como você, (seu nome), pode fazer isso?”. Eles citaram o Prémio Nobel Malala Yousafzai, que comentou o uso da última abordagem, quando convidada a contar como se sentiu após descobrir que estava na lista de alvos talibãs. Ela imaginou que, se atacada, buscaria responder a pergunta: “Se um talibã vier, o que você fará, Malala?”. E a resposta foi: “Malala, basta pegar o sapato e acertá-lo”.
Os dois autores do artigo, junto com outros sete colegas, desenvolveram essa questão em uma série de experimentos. Descobriram que as pessoas passam a refletir sobre as experiências emocionais, de forma mais intensa, quando usam seus próprios nomes, ao invés de pronomes como “você”, “ele” ou “ela”. As pessoas passam a controlar melhor os seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Os pesquisadores ficaram muito impressionados como a simples mudança de linguagem pode produzir efeitos tão potentes nas pessoas. Os resultados são apenas a pequena parte de um universo muito maior nas pesquisas sobre o poder da autoreflexão, como caminho de conversar consigo mesmo. Não é só o “pensar e refletir”, mas é o “falar e ouvir”. No caso de um Coach que está atendendo seu cliente, eis aí a sugestão que pode contribuir para levá-lo ao controle das emoções e à razão mais sensata.
O melhor é que os efeitos dessa auto-conversação se prestam a situações em tempo real, ou seja, quando você está executando uma tarefa ou processo de interação com terceiros, a substituição do pronome pelo seu verdadeiro nome pode ser feita rapidamente e os resultados serão surpreendentes.
Que tal começar a exercitar a dica em sua casa e, quando com o seu cliente, ensiná-lo sobre isso?
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