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Como está a sua saúde mental?

Estresse crônico, tensão, despersonalização, esgotamento físico e emocional... O que você tem feito a respeito disso?

Amigos, esta é a primeira postagem de 2019 no Espaço do Coach. E eu vou abordar um tema extremamente preocupante, que é a saúde mental das pessoas que nos cercam, sejam familiares ou mesmo colegas profissionais. Há exatamente um ano, o prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, escreveu um artigo que passou despercebido a muita gente, alertando que mundo está envolvido por problemas quase incontroláveis, em que se destaca a desigualdade social. A revolução digital, que tem claro potencial de trazer avanços à humanidade, também implica riscos sérios para a privacidade, a segurança, os empregos e, até mesmo, a democracia. Cresce o poder de poucos gigantes de dados americanos e chineses, destaque ao Google.

Trazendo o foco para o nosso país, e como recentemente publicado pela Editora Fênix em seu e-book É preciso falar sobre a saúde mental no ambiente de trabalho, os transtornos mentais e emocionais são a segunda causa de afastamento do trabalho. Em todo o mundo, os gastos relacionados a transtornos emocionais e psicológicos podem chegar a seis trilhões de dólares até 2030, mais do que a soma dos custos com diabetes, doenças respiratórias e câncer, apontam estimativas bastante sérias. Indo além, nos últimos 10 anos, a concessão de auxílio-doença devido a transtornos mentais aumentou em quase 20 vezes, segundo o Ministério da Previdência Social. E os afastamentos funcionais, em média, são superiores a 100 dias.

Ainda segundo a publicação citada, o Brasil é considerado o país mais ansioso e estressado da América Latina. Nos últimos 10 anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18% na região, o que corresponde a 322 milhões de indivíduos. No Brasil, perto de 6% dos habitantes – a maior taxa do continente latino-americano – sofrem com esse tipo de transtornos. O país também lidera em relação à ansiedade, chegando a 9% da população. Esse problema engloba efeitos como fobia, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático e ataques de pânico.

Esse quadro preocupante fica ainda mais crítico, no Brasil, com o alto grau a que chegamos com a síndrome de Burnout (confundida com depressão, mas tendo raízes relacionadas ao trabalho), que já afeta 32% da população economicamente ativa do país, perdendo mundialmente apenas para o Japão. Conforme a publicação antes referenciada, essa síndrome é citada também como esgotamento profissional, tendo por principais características o estresse crônico, tensão, despersonalização e o esgotamento físico e emocional.

E então, eu pergunto outra vez: Como está a sua saúde mental? O que você tem feito a respeito disso?

Em vários momentos eu tenho tido a oportunidade de alertar sobre algumas razões que podem explicar esse cenário opressor, no qual todos nós somos levados a conviver em um mundo com alta volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (leiam meus textos sobre O mundo VUCA do Coaching, aqui mesmo na Cloud Coaching). A alta volatilidade está diretamente vinculada a um ambiente de máquinas, robôs e aplicativos que, por princípio, estão aí para nos liberar o tempo que poderemos aplicar em trabalhos criativos. Mas será que é assim que acontece? Ou não sabemos tirar proveito do tempo e estamos nos “escravizando” de outra forma?

Após um ano do artigo de Joseph Stiglitz, foi agora realizado o Fórum Econômico Mundial em Davos, versão 2019. O evento reuniu cerca de 250 autoridades do G20 (as 20 principais economias do mundo) e de outros países, buscando ampliar espaços de cooperação econômica. Cabe destacar, que o tema deste ano foi Globalização 4.0: moldando uma arquitetura global na era da quarta revolução industrial, com debates sobre os impactos da globalização e da digitalização industrial. Essas negociações ocorreram em meio a um contexto mundial marcado por incertezas, fragilidades e controvérsias sem precedentes. Pode parecer assustadora a previsão, mas o grau de recentes avanços tecnológicos e os seus impactos no cotidiano do ser humano estão no vídeo cujo link indicamos a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=fw4XKP1aWf4.

Tem sido marcante o avanço das pesquisas e dos trabalhos que usam de tecnologia digital avançada e dos principais conhecimentos de neurociência. Há pouco mais de um ano, vários renomados cientistas assinaram um artigo na revista Nature, em que apontavam para os graves riscos em ampliar a desigualdade social, a falta de privacidade e de liberdade de pensamento, em afetar a autonomia individual e o livre arbítrio (Leia o texto completo em https://www.contextoexato.com.br/post/neurotecnologias-o-alerta-etico-dos-cientistas20171207). Vale dizer, com os avanços da inteligência artificial mudam as demandas para os profissionais, trazendo perguntas e dúvidas que remetem à ansiedade de não ter respostas: Como será a vida profissional do futuro?

Para dar uma dica muito boa, pelo menos, de como agir neste mundo VUCA para preservar a saúde mental, convido você leitor a assistir a palestra de Michelle Schneider, realizada em São Paulo, há cerca de seis meses (clique em https://www.youtube.com/watch?v=9G5mS_OKT0A). Ela aborda a evolução mais recente do mercado de trabalho, bem como mudanças que a tecnologia trouxe e que ainda vai trazer nos próximos anos. Em um futuro onde as máquinas irão substituir metade da força global de trabalho, como os profissionais vão conseguir se diferenciar dessas máquinas e permanecerem necessários dentro de um mundo tão digital?

Especificamente tratando da temática da saúde, na sua apresentação Michelle cita o site americano WebMD, fonte de notícias e informações médicas confiáveis. Curiosamente, esse site recebe mais visitas e consultas do que todos os médicos americanos juntos. Parece claro que lá nos EUA, assim como aqui no Brasil, cada vez mais as pessoas sofrem sozinhas com problemas que afetam a saúde mental, omitindo isso de amigos e parentes até o momento em que não suportam mais ficar sem ajuda. Assim como em um passado nem tão distante os portadores de AIDS eram discriminados, hoje a chamada psicofobia passa a estar presente como estigma e preconceito contra as pessoas com doenças ou transtornos mentais.

O meu recado final é para que haja um padrão ético sempre presente nos relacionamentos pessoais e profissionais, buscando ajudar as pessoas a terem mais conforto diante de seus problemas, anseios e fobias. Especialmente, que o profissional de Coaching esteja sempre pronto e em dia com a sua própria saúde mental, de forma a executar a ação adequada com o cliente, dentro de um contexto de harmonia e bem-estar. E com a clareza de entender as origens de eventuais dificuldades que possam estar presentes no alcance de objetivos ou metas antes identificadas. No Brasil, 12 de Abril é o dia oficialmente dedicado ao enfrentamento desses problemas, que podem alcançar qualquer um de nós, seja no trabalho ou mesmo dentro de casa!

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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