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Como não sentir culpa ao comer?

Você já comeu algo que queria e começou a sentir culpa por ter comido? Acredite, muitas pessoas passam por isso. Então como não sentir culpa ao comer?

Como Não Sentir (DE VERDADE) Culpa ao Comer?

Como não sentir culpa ao comer?

O sentimento de culpa ao comer geralmente acontece em pessoas que já fizeram uma ou mais dietas restritivas e que classificam os alimentos em bons ou ruins. Essa classificação dicotômica geralmente faz com que os alimentos mais gostosos e palatáveis sejam classificados como proibidos, e que os tidos como saudáveis sejam aqueles mais “sem graça”.

Mudar essa crença é uma tarefa difícil e requer uma grande desconstrução e quebra de paradigmas. Não acontece do dia para a noite e pode ser necessária orientação especializada. Existem pessoas que já restringiram tanto a alimentação e fizeram tantas dietas diferentes que acabaram desenvolvendo medo de comer – o ato de comer para elas se tornou engessado e calculista. Isso acaba criando uma desconexão entre a comida, o corpo e a mente, em que não se ouve mais as necessidades do próprio corpo. Dessa forma, em cada refeição, seja ela grande ou pequena, são gerados ansiedade, culpa e pensamentos sobre o valor nutricional dos alimentos. Concorda que isso não é algo natural?

Mesmo em pessoas que se permitem comer alimentos “proibidos”, essa permissão geralmente acontece de forma calculista. De forma prática, muitas vezes deixou de comer outras coisas durante o dia, ou malhou mais na academia, ou irá fazer jejum intermitente no dia seguinte, buscando algum método compensatório.

Para sair desse ciclo de dietas que pode aprisionar, gerar culpa, insatisfação, perda de controle e frustração, vou trazer os princípios do comer intuitivo, conceito que já citei no artigo do efeito sanfona.

Aprenda a ouvir seu corpo e comer intuitivamente 

A intuição é definida como a capacidade para entender, identificar ou pressupor coisas que não dependem de conceitos racionais e avaliações específicas.

O Comer Intuitivo é baseado em 3 pilares e possui 10 princípios explicados abaixo de maneira prática e sucinta para auxiliar as pessoas a recuperarem a sabedoria corporal e melhorarem a relação com a comida.

1. Rejeitar a mentalidade de dieta

Tente deixar de lado tudo o que você aprendeu sobre nutrição, calorias, dietas e outras medidas que oferecem uma falsa promessa de emagrecimento rápido, fácil e permanente. Esteja atento(a) aos seus pensamentos;

2. Honrar a fome

Atente-se aos sinais do seu corpo e procure, aos poucos, reconhecer o tipo de fome que está sentindo e os sinais que ela dá, como perda de energia, desatenção, dor de cabeça, ronco da barriga, etc.;

3. Fazer as pazes com a comida

Permita-se comer o que você gosta e o que tem vontade. Por meio dessa permissão você vai gradativamente entendendo que nenhum alimento é proibido, e, por isso, não necessita ser consumido sem controle, como se fosse uma despedida. Seu corpo pode começar a pedir alimentos saudáveis e sentir prazer com eles;

4. Desafiar o policial alimentar

Não se prenda a regras alimentares determinadas pela mentalidade de dietas restritivas. Da mesma forma, ignore os policiais externos da sua alimentação, que podem ser amigos, familiares e até profissionais de saúde cheios de julgamentos;

5. Sentir a saciedade

Esteja consciente enquanto come para perceber o momento em que sua fome física foi atendida. Busque comer devagar e com atenção. Não tenha medo de comer até se saciar, mas também não se sinta na obrigação de comer tudo o que tem no prato se não estiver mais com vontade. Com o tempo, você aprende a regular o quanto coloca de comida no prato;

6. Descobrir o fator de satisfação

O objetivo de comer não pode ser apenas satisfazer as necessidades físicas, mas também as socioculturais e emocionais, incluindo ficar feliz e satisfeito com o que se comeu. Crie um ambiente agradável, que influencie nessa satisfação, podendo ser uma decoração bonita, música e companhia;

7. Lidar com as emoções sem usar a comida

Analise suas emoções antes de comer e verifique se o desejo de se alimentar advém de uma ansiedade, tristeza, solidão, raiva, ou se é por fome fisiológica. Questione-se “o que eu preciso?”, “será que é comida ou um abraço, companhia, um momento de lazer?”, “como faço para atender o que eu realmente preciso?”. No meu artigo sobre os tipos de fome, eu explico um pouco mais sobre a fome emocional;

8. Respeitar o próprio corpo

Não se compare com outras pessoas pois você é um ser único. Querer ficar com o corpo igual de alguém só prejudicará sua saúde. Seja sua própria referência e saiba apreciar as partes que gosta, ao invés de evidenciar as que não gosta. Uma rotina de autocuidado com o corpo pode ajudar a mudar sua visão sobre ele;

9. Se exercitar e sentir a diferença

Busque fazer uma atividade física que você goste e se identifique. Sinta prazer em se exercitar. Praticar exercícios de forma punitiva ou obrigatória não será sustentável. A maneira como você pratica atividade física influencia até mesmo suas escolhas alimentares e sua relação com a comida;

10. Honrar a saúde por meio de uma nutrição gentil

O comer intuitivo não desconsidera recomendações nutricionais presentes em diretrizes para alimentação saudável, mas defende uma nutrição gentil. A nutrição gentil é o oposto da nutrição terrorista e fiscal de pratos. Confie no seu corpo e siga sua intuição para comer.

Para finalizar, gostaria de esclarecer que para aplicar esses princípios do comer intuitivo é indicado que você consulte com um(a) nutricionista para que ele(a) avalie o momento ideal para iniciar e acompanhe o andamento do processo. Fazer por conta própria pode gerar dúvidas, desconfiança e sentimento de incapacidade.

Este artigo tem o objetivo de trazer conhecimento sobre alternativas para pessoas que já tentaram fazer diversas dietas com resultados ineficazes, e muitas vezes se veem cansados e sem saída para conseguir ter uma alimentação melhor.

Espero ter ajudado e me coloco à disposição em caso de dúvidas. 😉 

Gostou do artigo? Quer saber mais sobre como não sentir culpa ao comer? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Até a próxima!

Viviani Marcon
https://www.instagram.com/vivianimarcon/

Referências
Tribole E, Resch E. Intuitive eating – A revolutionary program that works. New York: St. Martin’s Griffin; 2012.
ALVARENGA, Marle et al. Nutrição Comportamental. 2.ed. Barueri – SP: Manole, 2019.

Confira também: Como evitar doces em excesso?

 

Viviani Marcon é Engenheira de Alimentos pela Universidade de São Paulo e graduanda em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo. Possui experiência profissional na área da Engenharia em indústria alimentícia, laboratórios de pesquisa da USP – FZEA e da University of Missouri (Columbia – EUA) e consultoria em inovação pelo SEBRAE-SP. Na área da Nutrição, foi membro da Liga Acadêmica de Nutrição Esportiva (LANESC); trabalhou com nutrição comportamental na SDS Nutrition, empresa coordenada pela nutricionista e Dra. Sophie Deram; desenvolveu, juntamente com uma equipe de profissionais, projeto de Iniciação Científica em educação alimentar – PEDUCA, cujo objetivo é oferecer formação aos educadores das escolas estaduais do Estado de São Paulo sobre alimentação saudável; é certificada como Coach de Saúde e Bem-estar pela Carevolution, e atualmente trabalha na área de nutrição clínica hospitalar, ajudando a desenvolver novo protocolo com foco em melhores desfechos clínicos dos pacientes.
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