Como pode ser desafiador fazer um pedido
Me veio esse tema à cabeça depois de participar de uma reunião nessa semana. Fazia muito tempo que não participava de uma reunião em que, de repente, os ânimos se alteraram.
Percebi que estava tentando explicar uma ideia e não conseguia chegar ao final da frase, logo era interrompida e me parecia que a pessoa não tinha paciência para esperar.
Como, às vezes, queremos que o outro nos entenda, podemos nos colocar numa forma agressiva ao nos expressarmos, e não percebemos conscientemente.
E lembrei de um grande ensinamento da comunicação não violenta (CNV), que estamos muitas vezes lidando com necessidades não atendidas do nosso interlocutor e, claro, com as nossas também.
Há 5 anos atrás fiz uma opção em sair do mundo corporativo e, desde então, trabalho em rede e com parcerias. E nesses 5 anos, só por 2 vezes passei por uma reunião em que o diálogo beirou a “violência”.
O que mais me chamou a atenção foram os gatilhos despertados em mim. Primeiro o susto, depois a raiva, depois a rápida observação do que estava acontecendo e então minha escolha por não entrar nessa frequência. Em outros tempos, talvez eu discutisse ao invés de recuar e observar.
E com todas as emoções e com todo o respeito que sinto por essa pessoa, comecei a querer compreender que pedido poderia estar sendo feito ali que eu não tinha entendido.
Eu não tinha entendido o escopo do projeto e, portanto, não tinha entendido a necessidade por trás do pedido. E quando estamos numa situação de auto-observação fica mais fácil, abandonar as certezas do Ego e fazer o que diz nosso coração.
Recuei, baixei meu tom de voz, respirei, e disse que não estava entendendo.
Às vezes podemos ter ideias claras na cabeça e achamos que o outro já nos entendeu, ou tem a mesma velocidade de raciocínio para um tema em específico.
Às vezes não fazemos as perguntas que podem nos ajudar a compreender o que o outro está tentando dizer, às vezes as pessoas não assumem sua liderança no projeto e na ideia e isso pode gerar perguntas persuasivas para que possamos chegar nas mesmas conclusões, sendo que dirigir, dizer claramente: “faça isso!”, pode ser mais suave e gerar clareza.
Porque se sua resposta não é como o outro estava esperando ouvir, a conversa trunca e podemos não ter a oportunidade de trazer o assunto com equilíbrio. Uma conversa se assemelha mais a uma dança, do que a uma luta.
Dá muito mais trabalho e energia tentarmos entender o que está por trás do não dito, do que sermos claros e dizer, não é?
Eu ouvi: “Eu estou com raiva porque você não está entendendo o que estou falando.”
Por isso termos consciência de nossos pensamentos, sentimentos e padrões pode mudar o contorno de qualquer comunicação.
É muito comum projetarmos no outro o que sentimos, uma armadilha do ego para nos proteger sem dúvidas. Às vezes estamos impacientes e dizemos que o outro está, estamos com raiva e dizemos que o outro está, e nem nos damos conta.
As competências da Inteligência Emocional nos ajudam a perceber rapidamente nossos gatilhos, fazer a leitura de nós mesmos e do outro e conseguir gerenciar as emoções.
Com isso, temos muito a ganhar. Manter o respeito e carinho que temos pelo outro na sua integralidade e, sem dúvida, fazermos escolhas cada vez mais conscientes sobre nossas relações e parcerias e sobre como queremos trabalhar.
Você acha que suas conversas no trabalho, em casa, estão partindo de um ponto da sua consciência? Acha que está sendo claro em seus pedidos e em suas necessidades?
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre como fazer um pedido de forma clara e consciente? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Claudia Vaciloto
http://www.nasala.net/
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