Como saber se praticar meditação vai ser bom para mim?
Essa é uma pergunta frequente não só com relação à meditação, mas com outros recursos do desenvolvimento humano. É comum as pessoas terem dúvidas se essas ferramentas servem para elas.
Pois bem. Ao perguntarem para Sócrates, o filósofo: “se uma pessoa estudar por x tempo filosofia, ela se torna filósofa?”
Ao que Sócrates respondeu: “Minha mãe é parteira, se ela estudar como fazer parto por 30 anos, não vai poder fazer parir uma mulher que não estiver grávida.” (é mais ou menos isso)
Assim eu diria que são as ferramentas de desenvolvimento pessoal, que carregam nas suas sementes todo o potencial para despertar nas pessoas as virtudes e valores humanos, mas se o terreno for árido, dificilmente nascerá algo.
Não há ferramenta alguma no mundo boa o bastante para desenvolver o ser humano, se nele não houver terreno fértil para isso.
Além disso, é muito importante ter em mente que, nem sempre aquilo que se quer, é o necessário para desenvolver-se, e nesse ponto somos um tanto mimados.
É muito comum fazermos um julgamento sobre os resultados que queremos desses processos de desenvolvimento pessoal, de modo a alimentar uma alta expectativa sobre eles, e quando vemos que não é bem aquilo que esperávamos, concluímos: isso não serve para mim!
Acontece que o julgamento e a expectativa, podem minar os recursos da sua “terra”, e semente alguma germinará.
Com a meditação, por exemplo, o que mais vejo são expectativas de, ao começar a meditar esperar sentir: relaxamento, calma, a mente vazia, felicidade, serenidade, mas ao nos sentarmos para meditar, muitas vezes, senão a maioria das vezes, é justamente o contrário que acontece.
Ficamos agitados, impacientes, irritados, com muitos pensamentos, com sono, e por aí vai. Tudo isso faz parte do processo de meditação. E aprender a lidar com tudo isso, estar atento e íntimo dos nossos processos internos frente aos desafios que a prática traz, é uma preparação para os desafios que a vida nos traz.
Mas se não estivermos “grávidos” desse processo de desenvolvimento da consciência humana, de nada valerá técnica alguma.
A consciência humana se desperta a partir do momento em que entendemos que o processo de crescimento enquanto ser humano é doloroso, lento, e árduo. E a responsabilidade por esse processo é individual e intransferível.
Crescer dói. E quando entendemos isso, e nos abrimos para isso, o terreno se torna fértil para germinar as sementes.
Como diz o ditado: Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece.
Silvia Cavalaro
https://www.silviacavalaro.com.br/
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