Vivemos em um momento no mundo que a intolerância se mostra em todas as dimensões, seja nas empresas, nas escolas, nas comunidades. Vivemos em constante defensiva e isso só tem aumentado o índice das doenças emocionais.
Precisamos dar um passo para trás e ver o que estamos fazendo com nossas vidas. Se não fizermos nada iremos chegar a um colapso generalizado. A grande maioria diz que estamos no mundo VUCA (acrônimo em inglês para descrever quatro características marcantes do momento em que estamos vivendo: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) e depois de um workshop que assisti e refletindo com algumas pessoas, foi possível perceber que desde sempre estivemos em um mundo VUCA, só que não existia a tecnologia.
Atualmente a velocidade das coisas tem sido absurda e o que não percebemos que somos como ondas de rádio que captam todas as vibrações do ambiente. Essas ondas passam por nós e nos cabe prestar atenção com qual frequência queremos nos sintonizar. Podemos nos sintonizar com a frequência do ódio, da intolerância, impaciência, resistência, ansiedade ou nos sintonizar com a frequência do amor, tolerância, paciência, resiliência. A escolha é única e exclusivamente nossa. Porém estamos tão envolvidos com o inconsciente coletivo que muitas vezes acreditamos que estamos no caminho certo.
PARE!
Um minuto e perceba como está seu corpo agora?
Quais as vibrações ele está transmitindo neste momento?
É essa vibração que você está passando para o outro.
É essa vibração que deseja passar para seu(sua) filho(a), marido, esposa, pai, mãe, irmãos?
Esse mundo VUCA atualmente nos deixa em constante alerta!!!!!
Ah! Para onde eu vou? O que eu vou fazer? Fulano está melhor do quê? Estou ficando para trás!
Gente que cansaço dá, não?
Isso tudo é uma violência contra nós mesmos!
A Violência começa conosco, em como podemos estar em todos os lugares ao mesmo tempo? Sermos tão bom quanto o outro? Termos tanto dinheiro quanto o outro? Sermos tão celebridade quanto o outro? Termos tantos likes quanto o outro? É busca incessante de comparação e esquecemos de nos comparar conosco e mais ninguém.
Estes últimos dias estive lendo o livro de Arun Gandhi em que ele nos traz vários ensinamentos do seu avô Mahatma Gandhi.
Gandhi nos deixou cinco pilares da não violência nas quais ele viveu de forma intensa: Respeito, compreensão, aceitação, apreciação e compaixão e tudo isso começando a partir de si mesmo:
Respeito
Respeitar como sou, com minhas qualidades e defeitos, aí poderei respeitar o outro como ele é, com seus pontos de vista, que são diferentes dos meus. Precisamos ter clareza do que é respeito para mim e o que é respeito para o outro e isso é possível quando nos colocamos no lugar do outro.
Compreensão
Será importante perceber o significado do outro diante de uma fala ou situação. Qual a necessidade você e o outro têm que será importante atender. Na medida que evoluímos na busca para entender uns aos outros, evoluímos em nossa jornada interior.
Aceitação
Aceitar como sou, com minhas limitações, qualidades, assim como o outro. Como Maturana e Varella colocam: “Aceitar o outro como ele é e não como eu gostaria que ele fosse.” Assim poderemos criar a capacidade para aceitarmos as outras visões e posições e nos permitir sermos mais fortes e sensatos.
Apreciação
Este quesito podemos trazer à luz da Psicologia Positiva, utilizando o acrônimo PERMA criado por Martin Seligman, que são as emoções positivas: apreciar a beleza, ser grata, celebrar, viver o presente, sentir bem-estar. Quando cultivamos emoções positivas trazemos para nossas vidas mais engajamento, conquistamos melhores relacionamentos, passamos a perceber significado em nossas vidas e consequentemente nos sentimos realizados.
Compaixão
Quando falamos de compaixão, estamos focados em descobrir os pontos fortes e as esperanças da outra pessoa. Existe uma certa confusão entre compaixão e pena. A compaixão está diretamente ligada a reconhecer que o outro precisa de amor-próprio, assim como eu. E a pena é um sentimento de dó, na qual julga-se que o outro é inferior, mesmo que a intenção não seja essa. Compaixão é buscar entender o outro genuinamente, sem invadir seu espaço. Mas para sentirmos compaixão será importante antes termos autocompaixão. Autocompaixão não é justificar o que fizemos de errado, mas é acolher o que fizemos, enlutar, refletir e sair da culpa que não nos leva a lugar algum e nem traz o passado de volta. É assumir a responsabilidade pelo que fizemos, tirar os aprendizados, nos perdoar e fazer diferente da próxima vez.
Deixo com você uma pergunta:
O que você pode cuidar em você a partir de hoje, para viver do modo como deseja e estar satisfeito com sua vida, sem se preocupar com o outro?
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