Minha proposta hoje é dar dicas para o exercício da CNV – Comunicação Não Violenta:
- Ouvir sem intenção: Sem julgamento, sem utilizar teorias, sem ter pré-requisitos. No Coaching chamamos de Escuta Ativa;
- Estar presente: Estar 100% conectado com o outro, deixando de lado, seus pontos de vista, crenças, sentimentos, emoções. No Coaching chamamos de Presença;
- Evitar dizer para uma pessoa raivosa na cara: “Sim, mas…“ Quando utilizamos o “mas” estamos invalidando tudo que falamos antes. Se você trabalha ou trabalhou no mundo corporativo sabe muito bem o que é isso. Lembra do feedback de avaliação? Cara você foi muito bem neste semestre, “MAS”…. é apertar a tecla delete do computador;
- Dizer o que você quer e não o que você não quer: Diga, ‘desejo que você me leve a sério’, ao invés ‘você não me leva a sério’. Você não me ajuda, diga você pode me ajudar?
- Parafrasear: reproduzir ou perguntar o que o outro falou, com objetivo de gerar entendimento. “Você está chateado porque deseja mais reconhecimento?” ou “Percebo que está chateado porque deseja ser reconhecido”;
- Desapegar do Orgulho: Você quer ter razão ou ser feliz? Os dois não funcionam. Até que ponto você insiste em ter razão somente por causa de uma coisa chamada ORGULHO? Se abaixar a cabeça o outro vai montar, se não me posicionar sou um fraco, brigar pelo meu ponto de vista é que me faz ter mais poder e por aí vai;
- Observação: Quando for ouvir alguém evite opinar, avaliar ou aconselhar, se atenha aos fatos em si. Todas as vezes que na observação é inserida opinião, a avaliação ou o aconselhamento as pessoas tendem a levar como uma crítica. Minha dica também é excluir os adjetivos o máximo que puder;
- Ainda na observação: evite colocar generalizações ou exageros linguísticos como “sempre”, “nunca”, “jamais”, “toda vez”;
- Sentimento: Quase não aprendemos sobre sentimentos, porque não sabemos na maioria das vezes expressá-lo. Costumamos colocar como sentimento uma sensação ou um pensamento acreditando que seja sentimento. Por exemplo: “Estou com raiva”. A raiva não expressa um real sentimento, ela mascara o que realmente está por trás. Ou “Você me deixa com raiva”. Nesse caso, estou expressando um pensamento e culpando o outro sobre o meu estado;
- Exercitar a vulnerabilidade: Ser vulnerável é ser fraco na concepção geral, quando expressamos sentimentos se é percebido como fraco, ou seja, vulnerável. Um dos poucos momentos em que as pessoas se permitem ser vulneráveis é com o nascimento de um filho, na perda de um ente querido. A vulnerabilidade deixa a pessoa em exposição, e exposição não é algo bem visto;
- Compaixão: este é sentimento que se tem quando pequeno e vai se perdendo ao longo da vida;
- Assumir a Responsabilidade: Deixar de se culpar e culpar os outros: Se culpar é querer trazer o passado de volta e com isso se isenta de ser responsável; o mesmo acontece com o culpar os outros. As coisas que acontecem na vida são sempre de responsabilidade da pessoa;
- Necessidade: Ter clareza dos valores que norteiam a sua vida: Quais são seus valores? Que valores você tem que não abre mão? Ter a clareza dos valores trará à tona quais são as necessidades. Agora se não sabe os valores, como poderá identificar numa conversa com as suas necessidades?
- Pedidos: Na maioria das vezes, sabe-se muito bem o que não quer, deixando de lado o que realmente quer: “Eu não quero que grite comigo”, como seria “Você pode falar mais baixo?”. Dou cursos e palestras e quando faço essa pergunta: o que você quer, as pessoas costumam dizer o que não querem. Para isso o grande segredo é exercitar o Pensamento Positivo;
- Autoempatia: Para poder se conectar com o outro será importante se conectar consigo mesmo. Só se pode ser tolerante com o outro quando se é tolerante consigo mesmo. Só se pode ser responsável quando assume a sua própria responsabilidade, sem se culpar.
A CNV-Comunicação Não Violenta é algo simples de se ouvir, com muita complexidade no exercitar, porque é necessário se permitir mudar a forma como vê a si mesmo, como vê o outro e o ambiente que se está inserido. É complexo porque o ser humano tem a necessidade de se perceber pertencido.
Segundo Watzlawick, Beavin e Jackson, constantemente as pessoas enviam e recebem uma diversidade de mensagens, sejam elas pelos canais verbais ou não verbais, e as mesmas necessariamente modificam ou afetam umas às outras. Quando duas pessoas interagem constantemente, reforçam e estimulam o que está sendo dito ou feito, de tal forma que o padrão de comunicação entre os participantes de uma interação define o relacionamento entre eles. Observa-se, assim, que a importância das mensagens não está vinculada somente à questão de comunicar algo, mas também, e especialmente, à influência que ela exerce no comportamento e nas atitudes das pessoas em interação.
A Teoria Pragmática da Comunicação Humana, segundo Watzlawick (1973), afirma que a comunicação afeta o comportamento, tendo implicações fundamentais nas relações interpessoais. Dizem eles: “Atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui valor de mensagem, influencia os outros, e estes outros que, por sua vez, não podem responder a essas comunicações, estão, portanto, comunicando também” (p.45).
Qualquer comunicação implica num compromisso e, por conseguinte, define a relação.
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