Você deve estar tomando decisões a toda hora, não é verdade?
De que forma você toma suas decisões? Você toma decisões rápidas? Ou demora para decidir, analisa com calma os fatos e circunstâncias e só depois decide? Você costuma se arrepender depois de algumas decisões que tomou?
Estas e muitas outras perguntas ocuparão a presente reflexão.
Em nosso dia a dia, estamos tomando decisões o tempo todo.
Pare e reflita comigo. De manhã ao levantar, olho para o armário e decido qual roupa irei usar; decido se tenho tempo ou não de tomar café; se sim, o que comer, e assim sucessivamente o dia todo.
Como é esse processo de tomada de decisões?
O que é tomar decisões?
Podemos dizer que tomar decisões é o processo pelo qual são escolhidas algumas ou apenas uma entre muitas alternativas para as ações a serem realizadas.
Segundo a Wikipedia, “na administração, a tomada de decisão é o processo pelo qual se escolhe um plano de ação dentre vários outros para uma situação-problema. Todo processo decisório produz uma escolha final. A saída pode ser uma ação ou uma opinião de escolha.”
Algumas decisões que tomamos são triviais, são decisões do dia a dia e pouco interferem na nossa realidade. Tomando consciência ou não, estamos tomando decisões o tempo todo.
Mas, há decisões que poderão interferir na nossa realidade pessoal ou profissional. Estas exigem um cuidado especial. São decisões que não podem ser tomadas à revelia e exigem um processamento mais profissional.
Vamos olhar mais de perto quais os passos que geralmente se dão no processo decisório.
Com base na teoria da trialética mental, o processo de tomada de decisões passa pelos três campos do cérebro.
E para cada decisão que tomamos, pequena ou grande, estamos usando as três inteligências: Racional, Emocional e Operacional.
Didaticamente, vamos seguir passo a passo, mas o seu cérebro trabalha com todos os três campos simultaneamente. Às vezes, tomamos decisão num piscar de olho e o nosso cérebro percorreu, sem que tivéssemos consciência, todos os passos do processo decisório.
Quais são estes passos?
- CAPTAR A REALIDADE;
- CONHECER A REALIDADE;
- ASSUMIR;
- CRIAR PARA DECIDIR;
- TRANSFORMAR;
- REALIZAR;
- REDIRECIONAR.
CAPTAR A REALIDADE é estar aberto para o que se quer conhecer, transformar e direcionar. É abrir a intuição para sentir o campo tensorial, isto é, o clima, a vibração; perceber que existe algo que pede uma intervenção, uma decisão. É a ativação da inteligência emocional. O emocional sente, capta, percebe: “sim, é isto” “este é o problema” “não gostei disso…”
E aí entra o racional, que começa a agir para conhecer.
CONHECER é adquirir uma visão sistêmica das diferentes forças que influenciam o campo e suas interligações.
De forma mais ou menos consciente, nossa mente processa uma enorme quantidade de dados.
Para conhecer bem alguma coisa, o mundo científico criou uma série de instrumentos e metodologias de coleta e ordenação e cruzamento de informações. Quando fazemos isto (e sempre fazemos, sabendo ou não), de maneira informal, a probabilidade é de pré-julgarmos o fato ou a questão de forma um tanto precipitada.
Por isso é importante aprender a dar um tempo, criar uma certa distância, para olhar de maneira mais objetiva, de modo a não se deixar envolver em julgamentos ditados pelo campo emocional, que é muito imediatista e caótico. Este é um momento em que a razão deve orientar, com análises, comparações, buscando clarear a mente, até que tenhamos uma síntese que nos aproxime ao máximo da realidade que nos está desafiando a conhecê-la.
Para isso seguimos os passos:
1. Tema:
Trata-se de definir o que vamos buscar conhecer. Focaliza-se a atenção mental sobre o eixo da questão a ser trabalhada. Pode estar baseada num impulso interior ou num estímulo exterior. Este é o tema que está exigindo solução.
Estabelecido o tema, o assunto, vamos para o 2º. Passo, que é a…
2. Coleta de dados:
Podemos coletar dados verbais, não verbais e factuais.
2.1. Os Dados Verbais podem ser: Escritos (documentos) ou Orais (entrevistas, perguntas);
2.2. Dados Não-Verbais: captar o clima, observar a decoração, o uso do tempo, as ligações subgrupais, as emoções;
2.3 Dados Factuais: analisar os fatos, os movimentos, os gestos, a direção dos olhares, os acontecimentos.
Uma vez coletados os dados, é importante o…
3. Processamento:
É a computação dos dados, tratamento estatístico, conferição, ordenação, perceber se falta alguma coisa, se há incoerências.
4. Diagnóstico/Síntese:
Definimos o que está acontecendo. Olhamos a realidade, mais de perto, para ver como ela é, até poder dizer que conhecemos esta realidade, este assunto que pede nossa interferência.
Aqui entra um ponto muito importante. Geralmente somos muito imediatistas e queremos logo buscar solução ou soluções. Mas precisamos compreender que há um ponto importante que antecede. É o ASSUMIR.
Psicossíntese é a conscientização do potencial disponível para reformulação, reorientação ou solução; ativação das energias motivacionais pela percepção do conjunto de possibilidades de superação do atual estágio para outro, de nível evolutivo mais elevado.
A psicossíntese gera densidade, força para buscar solução.
Chega então o momento de ativar a nossa inteligência emocional, nossa criatividade. É o momento de criar.
CRIAR é abrir a mente para a busca de alternativas e caminhar para decisões focadas. Vamos em busca de soluções.
5. Busca de soluções:
5.1. Brainstorming (Tempestade Mental): liberação da imaginação, da fantasia, da inspiração, em busca das mil e uma possibilidades de soluções, inovações, mudanças.
5.2. Viabilização: Crivo das soluções apontadas, listando as que têm possibilidades operacionais, sem receio de desafiar os atuais limites, mas levando-os em conta.
5.3. Priorização: Hierarquização das viabilidades, considerando o fluxo e o momento epigenético do sistema analisado.
5.4. Futurição: Projeção para o futuro de como poderão evoluir as prioridades listadas, antevendo as mudanças, as transformações, a progressão, buscando antecipar os fatores de reforço e os de freio na condução do futuro desejável.
Agora estamos preparados para a Decisão.
6. Decisão:
– A Decisão envolve processos de escolha e determinação dos caminhos a serem seguidos e das ações a serem executadas, o que implica em assumir riscos.
– Decisão‚ um ato de vontade que se apoia na razão, mas a transcende num impulso holístico.
A decisão tomada não significa que as coisas vão acontecer. Já vimos muitos planejamentos que não saem do papel. Ficam enfeitando as gavetas e não caminham para a execução.
É hora de agir. Agir para transformar.
TRANSFORMAR é criar densidade mental para antever claramente o que se quer mudar e juntar forças para correr os riscos da reformulação.
A transformação acontece através da realização.
REALIZAR é fazer acontecer as decisões, levando em conta a dinâmica pessoal e organizacional. A realização é um processo eminentemente operacional.
É pela transformação que começa o processo de realização e consiste nos passos a seguir:
7. Plano de ação:
Aqui nos referimos ao plano de ação operacional. É operacionalizar a decisão tomada, prevendo a distribuição de tarefas, a delegação de funções e as estratégias de ação, com fluxograma.
8. Implementação:
Implementação, Execução, ou Implantação – significa fazer cumprir o que foi estabelecido no plano, nos programas, projetos ou fluxogramas operacionalizados – etapa por etapa, dia após dia. Seu eixo‚ centrado na ação técnico-operacional, requer sobretudo eficiência.
9. Gestão:
Gestão significa dar andamento ao fluxo de ações necessárias à implementação das decisões, de forma a fazê-las acontecer segundo as diretrizes que foram traçadas. Para isto se requer manter o fluxo de informações e de comando, redefinir e delegar funções.
10. Monitoramento:
Monitorar significa acompanhar a execução, estabelecer o nível de disciplina, injetar motivação, estar atento aos redirecionamentos necessários face às mudanças e situações inesperadas.
Podemos observar que o Feedback está no interior do gráfico indicando que ele, também denominado redirecionamento, pode e deve acontecer a qualquer momento em qualquer passo do processo de tomada de decisão.
Feedback:
É o processo de avaliação e reconhecimento do ritmo e dos resultados das ações, bem como de realimentação, regulagem e redirecionamento a cada passo do processo decisório.
Implica, na verdade, em estar atento aos passos do Ciclo Mental Cibernético: coletar dados, processá-los, fazer o diagnóstico e a psicossíntese de como está evoluindo o sistema, buscar alternativas que reforcem ou redefinam as decisões.
Concluindo, podemos dizer que poucas pessoas têm coragem de tomar decisões, porque decidir é correr riscos. Só quem corre riscos é que erra. E só quem tem coragem de correr riscos de errar é que aprende e cresce.
Essa é talvez a principal razão por que poucas pessoas assumem ser líderes, porque ser líder é decidir. A maioria das pessoas prefere seguir o comando de um líder ou um chefe, aplaudindo ou reclamando, para não correr riscos com decisões, que são sempre probabilísticas.
Decidir é assumir fazer acontecer.
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