Conflitos entre Pais e Filhos: Como passar do conflito para a cooperação
É inevitável uma convivência sem que haja conflito. Ele faz parte das relações humanas. Mas em alguns casos, o excesso de discussões pode deixar o relacionamento insustentável. A dificuldade em estabelecer um diálogo respeitoso, acaba gerando um afastamento e prejudicando o entendimento na relação.
Recebo muitas queixas de pais que sentem que, à medida que seus filhos crescem, se tornam irreconhecíveis. Causa-lhes estranheza o fato do filho, que antes compartilhava tudo com eles, adorava estar em sua companhia e sempre topava os programas propostos, agora parece estar inacessível.
Já não tem mais interesse em fazer os programas sugeridos, apresenta um comportamento reativo e de contrariedade. Manifesta isto por meio de respostas grosseiras ou expressões não verbais, como uma revirada de olhos ou algum outro gesto que externe seu descontentamento.
As inúmeras tentativas e insistência para uma maior aproximação, acabam sendo frustradas. A sensação é de que vai se criando um abismo entre as partes e o distanciamento na relação fica cada vez maior. O que acaba gerando confronto e desentendimento. Mas é possível transformar este conflito entre pais e filhos em cooperação.
A primeira coisa a fazer é entender a sua própria necessidade e seu estado emocional no momento da conversa.
Algumas reflexões podem ser úteis: “Porque isso é importante para mim?” “De que eu preciso nesse momento?” “Como estou me sentindo?”. Pensar sobre isso, ajuda a trazer mais clareza na forma como você se comunica e uma maior compreensão da sua intenção ao fazer isso.
Em seguida, é importante compreender as necessidades que estão por trás do comportamento que seu filho está expressando. Procurar compreender como ele está se sentindo, pensando ou agindo, poderá ajudá-lo a encontrar maneiras mais construtivas de responder à situação.
Investigue quais são os possíveis motivos que podem estar contribuindo para que ele aja assim. Pode ser que ele deseje mais atenção e não verbalize isso claramente. Ele pode ter aprendido que reagindo mal irá receber atenção, mesmo que de forma indevida.
Quando estão se sentindo impotentes e sobrecarregados, responder pode fazer com que sintam que estão no controle da situação. Pode ser que ele esteja se sentindo desrespeitado e responda da mesma forma. Ou talvez esteja tentando testar os limites. Eles estão aprendendo e testar limites faz parte do aprendizado para saber até onde podem ir. Cabe a nós adultos, impor limites saudáveis.
Pode ser que estejam tentando afirmar sua identidade. À medida que crescem, começam a sentir necessidade de ganhar maior independência e autonomia. Aprendem a tomar suas próprias decisões e suas atitudes podem ser uma tentativa de se diferenciar de seus pais.
Nesses momentos, ficar discursando com longos sermões ou fazer ameaças, pode potencializar ainda mais o atrito. Procure usar sua paciência e sabedoria para lidar com a situação. O sermão pode ser substituído por compreensão e respeito mútuo, que leva à cooperação e ao fortalecimento da relação entre vocês.
A forma como nós adultos respondemos ao comportamento será determinante para aumentar a discussão ou redirecioná-la de forma saudável.
Em momentos de tensão falar para que fiquem calmos ou que não sintam raiva, não tem nenhum efeito positivo. Ao contrário, pode gerar ainda mais descontrole. Isso não irá fazer com que mudem a forma como estão se sentindo. É mais efetivo dizer: “Não tem problema sentir raiva, mas use suas palavras de forma respeitosa para expressar seus sentimentos.”
Nesses momentos, procure manter a calma. A pior coisa que você pode fazer é revidar com raiva. Manter-se equilibrado e conversar com seu filho é mais construtivo e leva a melhores resultados. Uma das melhores formas de mostrar a ele que você consegue manter o controle sem se alterar é permanecer respeitoso e usar um tom de voz firme e tranquilo.
Uma coisa é dizer a seus filhos como devem se comportar, outra coisa é ser exemplo desse comportamento que você quer ver neles. A melhor forma de demonstrar como lidar adequadamente com conflitos é você praticar o que prega e mostrar coerência. Agindo assim, você passa a mensagem de que você não irá tolerar desrespeito e que também os leva a sério.
Para ajudar os filhos a lidarem com conflitos, é importante ter uma escuta ativa. Ao invés de sugerir soluções ou trazer respostas prontas, permita que eles cheguem às suas próprias conclusões. Pergunte a eles como poderiam ter lidado com a situação de maneira diferente. Assim você os ajuda a entender melhor suas emoções e a encontrar formas mais eficazes de expressá-las.
Assuma a responsabilidade ao falar. Ao invés de responsabilizar seu filho pela forma como se sente, use a autorresponsabilidade em sua comunicação.
Assim você consegue uma resposta mais receptiva da parte dele. Mudar a forma de falar faz toda a diferença. Troque: “Você está me desrespeitando agindo assim.” Para: “Eu me sinto desrespeitado quando você fala dessa forma comigo.”
Validar e acolher os sentimentos, mesmo não concordando com a forma como eles se comportam, faz com que se sintam ouvidos e percebam que têm valor. A sensação de que são considerados e compreendidos, aumenta a aproximação entre vocês e é capaz de transformar a contrariedade em cooperação.
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Danielle Vieira Gomes
http://daniellegomescoach.com.br/
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