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Coragem de Ser Imperfeito (parte 1)

O sentimento de vergonha é universal e se não a experimentamos, não temos como praticar a empatia, base para a conexão humana. Quanto menos falamos sobre a vergonha, mais sentimos medo de sermos imperfeitos.

2015 chega com suas páginas em branco para que possamos escrever nossos próximos capítulos, por isso, procurei um tema muito especial. Hoje vamos Aprender a Jogar com a pesquisadora Brené Brawn, da Universidade de Houston que estuda sobre a Coragem de ser Imperfeito. A experiência de Brené exerceu um impacto tão forte em minha vida que sempre que tenho oportunidade, compartilho essas aprendizagens.

Brené pesquisa sobre Conexões Humanas – habilidade de nos sentirmos conectados – que vem do senso profundo de merecimento, pertencimento e amor e, que dá sentido às nossas vidas.

Quando Brené iniciou seus estudos, costumava perguntar às pessoas sobre amor e elas falavam sobre “coração partido” e sobre as experiências dolorosas de “serem excluídas”. Ou seja, quando perguntava sobre “conexão”, as histórias que contavam eram sobre “desconexão”. A causa estava na “vulnerabilidade” capaz de gerar vergonha e medo da desconexão. Vergonha de “não ser boa o suficiente, magra o suficiente, rica o suficiente, bonita o suficiente, inteligente o suficiente, promovida o suficiente – como se houvesse algo que, se outras pessoas souberem, faria com que não merecesse conexão”. Brené afirma que o sentimento de vergonha é universal e se não experimentamos a vergonha, não temos como praticar a empatia, base para a conexão humana. Mas ninguém gosta de falar a respeito e, quanto menos falamos, mais sentimos esse medo de ser imperfeito. Porém, para que a conexão aconteça, temos que nos permitir ser vistos, realmente vistos. Foi então que Brené dividiu as pessoas em 2 grupos: as que tinham um senso de merecimento (acreditavam merecer amor e pertencimento) e as pessoas que lutavam para ter esse sentimento (imaginavam não serem boas o suficiente, portanto tinham medo de não serem merecedoras de conexão). O padrão encontrado nas pessoas que se sentiam merecedoras de amor e pertencimento, pode ser resumido em 4 aspectos comuns:

  • Entusiasmo pela vida;
  • Coragem (palavra latina que significa “coração”) – quem você é de todo o coração. Essas pessoas tinham, simplesmente, a coragem de serem imperfeitas;
  • Compaixão – gentis consigo mesmas primeiro, e então com outros, porque não se consegue praticar a compaixão por outras pessoas se não conseguimos nos tratar com gentileza;
  • Conexão como resultado da autenticidade – elas estavam dispostas a serem quem elas eram, coisa que temos absolutamente que fazer para conseguir nos conectar. Portanto, elas abraçavam a vulnerabilidade completamente e acreditavam que o que as tornava vulneráveis as tornava lindas. Elas falavam sobre a vontade de dizer “eu te amo” primeiro, a vontade de fazer alguma coisa onde não havia garantias, a vontade de respirar enquanto esperavam o médico ligar depois de uma mamografia. Elas estavam dispostas a investir em um relacionamento que poderia ou não funcionar. Elas achavam que isso era fundamental.

Uma coisa curiosa aconteceu com Brené ao longo de sua pesquisa foi que ela precisou encarar sua vulnerabilidade de frente e procurou desconstruir seu sentimento de vergonha para entender como funcionava porque descobriu que: “a melhor maneira de viver é assumir nossa vulnerabilidade e parar de querer controlar e prever tudo ao nosso redor”. Com isso, Brené entrou em uma crise existencial que a levou a uma terapia para tratar sua própria vulnerabilidade (centro da vergonha, medo e de sua própria luta por merecimento). Para Brené, ao assumir nossa vulnerabilidade damos espaço para a alegria, criatividade, pertencimento e amor. Segundo ela: “foi como uma briga de rua de um ano, uma pancadaria onde a vulnerabilidade pressionava e eu pressionava de volta – perdi a briga, mas provavelmente ganhei a vida de volta”.

Então quando Brené voltou a sua pesquisa tentando entender melhor “os entusiasmados”:

  • Que escolhas faziam?
  • Como lidavam com a vulnerabilidade?
  • Por que lutamos tanto contra ela?

Brené conclui que: “vivemos em um mundo vulnerável e quando tentamos paralisar a vulnerabilidade nos tornamos adultos mais endividados, obesos, viciados e medicados porque a pesquisa conclui que não podemos seletivamente paralisar emoções e selecionar a parte ruim como a: dor, vergonha, medo, desapontamento, porque não conseguimos paralisar esses sentimentos sem paralisar os afetos, nossas emoções”. Então, quando paralisamos a alegria, paralisamos a gratidão e, paralisamos a felicidade. E isso se torna um ciclo perigoso. Por isso, Brené nos alerta para que pensemos a respeito – somos imperfeitos e mesmo assim merecemos amor e pertencimento. Para isso, precisamos nos deixar ser vistos, profundamente vistos – vulneravelmente – e amar com todo nosso coração, mesmo que não haja garantias, mesmo que seja realmente difícil. Apenas ser capaz de parar, e, em vez de catastrofizar o que poderia acontecer assumir: “Sou grata, porque me sentir vulnerável significa que estou viva.”

E o mais importante é acreditarmos que somos suficientes e mais bondosos conosco para conseguirmos ser gentis com as pessoas ao nosso redor.


Fonte: www.ted.com

Suzy Fleury Author
Suzy Fleury é Psicóloga (CRP 06/24888-4 – IUP/1985), Pós Graduada em Marketing (Escola Superior de Propaganda e Marketing – 1989), Fundadora da Academia Emocional (1991), Ministra Palestras, workshops e Cursos (desde 1991), Trabalha com as melhores Equipes esportivas do Brasil (1993), Membro da Comissão Técnica da Seleção Brasileira de Futebol (1998 – 2000), Autora do Livro Competência Emocional (Ed. Gente, 1998), Mestre Psi Esporte (U. Autônoma Madri e Comitê Olímpico Espanhol, Reg.27472 – 2005), Especializada em Psicologia Cognitiva (Instituto de Terapia Cognitiva, CFP 013/07 – 2008), ICC – International Coaching Certification Training (Lambent, Reg.4289 – 2008), Profa. Miami Ad School/ESPM SP e RJ – Liderança e Inteligência Emocional (2013), e Membro da ICF – International Coaching Federation (2014).
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