Cosmovisão Holossistêmica: O que é e por que você precisa saber (parte II)
Dando continuidade ao artigo publicado anteriormente, hoje vamos à parte II. Caso você não tenha lido a parte anterior, então acesse: Cosmovisão Holossistêmica: O que é e por que você precisa saber (parte I).
Para entendermos o que é Cosmovisão Holossistêmica, vamos em primeiro lugar ver mais de perto o que é Sistema.
O que é Sistema?
Sistema é um pacote, um campo de energia que tem entradas, processamento e saídas. Ou, na definição da Wikipédia, “um sistema é um conjunto de elementos interconectados, de modo a formar um todo organizado”.
Podemos dizer que todo e qualquer ser, qualquer objeto, qualquer coisa, e também qualquer pessoa, grupo ou organização pode ser visto, de fato, como um Sistema.
Todos os sistemas têm ENTRADAS que podem ser, por exemplo: um alimento, um estímulo, uma proposta, uma pergunta, uma informação, um cumprimento, um apertar de botão, etc.
Vejamos suas características, indicadas no gráfico abaixo, a saber:
- Os sistemas então executam um PROCESSAMENTO, que ocorre no interior do sistema. É a digestão, a transformação, a fabricação, a forma de organizar, de classificar, de entender, de cruzar os dados, etc.
- E os sistemas dão SAÍDAS que podem ser, por exemplo: a resposta, o efeito, o produto, a reação, a mudança, o despacho, etc.
- E, atento a tudo, nas entradas, no processamento e nas saídas, está o FEEDBACK, o observador, o regulador, o redirecionador. (ver gráfico).
- O sistema tem uma pele que o delimita frente a outros sistemas, mantendo sua coesão energética. Esta pele faz com que haja uma Faixa Interna (FI), que contém sua forma própria de ser. Além disso, contém uma Faixa Externa (FE), onde estão todos os sistemas com os quais o sistema está em interação.
- Todo sistema busca equilibrar sua faixa interna com a faixa externa, busca assim equilíbrio, harmonia, HOMEOSTASE.
- Conforme acontece o processamento interior, vai-se gerando simultaneamente SINTROPIA e ENTROPIA. A Sintropia – ou Anatropia ou Antientropia – é a evolução, o crescimento, o desenvolvimento – segundo a resultante evolutiva do sistema. O sistema vai integrando em sua estrutura interna as energias, organizando as ideias e/ou as experiências que vai adquirindo ao longo de seus processamentos. Ao mesmo tempo, há uma força de desintegração, a Entropia, que vai promovendo desgaste, envelhecimento, desorganização, perda de energia, perda de memória, gerando detritos, fumaça, calor, lixo, excrementos, etc. Energias entropisadas servirão de adubo para novos ciclos energéticos.
Na cosmovisão sistêmica tudo está em movimento, tudo é cíclico, nada é sólido, fixo. Tudo evolui. O universo tem uma pressão originante que faz com que tudo esteja em expansão. Novos ciclos emergem de ciclos anteriores, entropisados, num processo de reciclagem, de reprodução, de transformação, que utiliza as energias desgastadas como fertilizantes para novos sistemas.
Agora podemos seguir…
O que é Cosmovisão holossistêmica?
É holo porque considera o todo vibrando simultaneamente em todas as suas partes e expressões, num eterno presente, no Aqui e Agora. Qualquer realidade contém o Todo e está contida no Todo. É expressão do Todo.
E é sistêmica porque considera as partes do todo em movimento dinâmico, em redes interdependentes, onde nada existe isolado, qualquer ser, desde uma partícula de um átomo até as galáxias, desde um inseto até um elefante… tudo está interligado, em processos de contínuas transformações. Como um holograma: o todo está na parte e a parte é o todo. Tudo se interliga. Tudo está conectado a tudo.
Significa que devemos contextualizar cada acontecimento, pois as coisas não acontecem separadamente. É preciso reagrupar os saberes para buscar a compreensão de cada um de nós e do universo.
A compreensão de nossa integração com o planeta nos leva a uma nova compreensão sobre a vida. A sintonização com as leis universais gera coerência frente aos múltiplos desafios que enfrentamos no nosso dia-a-dia.
Então podemos olhar para as entradas que recebemos no nosso dia a dia sem reagir, como habitualmente agimos. Paramos com olhos bem abertos e encontramos novos rumos para nossas ações, para nossas vidas e nossas relações. Quando somos capazes de parar para nos observar e não reagir, testamos nossos limites e podemos ser menos severos. Não julgamos a nós mesmos e aos outros.
Ampliamos a visão de nós mesmo, das pessoas que nos envolvem, de nosso trabalho e, sobretudo, nossa visão de mundo.
Podemos citar Fernando Pessoa: “A sua visão é do tamanho de sua aldeia, a sua aldeia é o seu mundo.”
Ao aplicarmos a cosmovisão holossistêmica, vemos que tudo está ligado a tudo, não há nada isolado. Existe uma interconexão de cada sistema com miríades de sistemas, com os quais está em interdependência.
O belo texto de Thich Nhat Than, monge budista vietnamita, nos dá ideia dessa interdependência, bastando olhar com uma visão ampliada, a saber:
“Se você olhar bem, verá claramente uma nuvem em um papel em branco. Se não existir a nuvem, a chuva não cai. E se não cair a chuva, a árvore não cresce. Se a árvore não cresce, não se faz papel. Então podemos dizer que o papel e a nuvem se encontram em interexistência. Se observarmos mais profundamente o papel, veremos nele a luz do sol. Sem a luz do sol, o mato não cresce. Ou melhor, sem ela nada no mundo cresce. Por isso, reconhecemos que a luz do sol também existe no papel em branco. O papel e a luz do sol se encontram em interexistência. Se continuarmos observando profundamente, veremos o trabalhador que cortou a árvore posteriormente levada à fábrica de papel.
Veremos também o trigo no papel. Sabemos que o trabalhador não pode existir sem o pão de cada dia. Por isso, o trigo, a matéria-prima do pão, também existe no papel. Pensando desta maneira, reconhecemos que um papel branco não pode existir quando faltar qualquer um destes elementos. Não posso citar nada que não esteja aqui, agora. O tempo, o espaço, a chuva, os minerais contidos no solo, a luz do sol, as nuvens, os rios, o calor… tudo está aqui, agora. Não podemos existir sozinhos.
Este papel branco é totalmente constituído de “elementos que não são papel”. Se devolvermos todos os “elementos que não sejam papel” à sua origem, o papel deixará de existir. O papel, em sua espessura fina, contém tudo do universo. Nele não há nada que não exista em interdependência. A inexistência de elementos independentes significa que tudo é satisfeito por tudo.
Nós só existimos em interexistência com os demais e com todo o Universo, assim como um papel só existe porque todos os demais elementos existem.”
Como diz o mestre Eckart Tolle: “Você não é separado do Todo. Você é um com o sol, a terra e o ar. Você não tem uma vida, você é a própria Vida”.
Eu estou no Universo e assim o Universo está em mim. Somos um, com tudo e em tudo. Nós contemos em nós o Universo e, dessa maneira, nele estamos contidos. Por exemplo: em nosso corpo temos a mesma proporção de água que o planeta (80%). Contemos em nós os reinos mineral, vegetal e animal. E neles estamos contidos: somos água, terra, sol e ar. Nosso corpo contém de fato os mesmos minerais do planeta terra. E que são os mesmos, em arranjos diferentes, dos outros corpos celestes, até onde os cientistas puderam observar.
O Contido-Conter é a maior cosmovisão possível ao ser humano, cuja compreensão a tudo transforma e harmoniza.
Então o que dificulta tomarmos consciência deste Contido-Conter? Como é que processamos dentro de nosso interior tudo que passa por nós a cada momento? É nosso “Recheio Mental”.
Não deixe de conferir a parte III deste artigo no próximo mês… então até lá!
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre Cosmovisão Holossistêmica? Então entre em contato conosco. Teremos o maior prazer em responder.
Renato Klein & Maria Luiza Furlan Klein
Adaptado por Marcos Wunderlich para Cloud Coaching
Mentalizadores do Sistema ISOR®
https://holos.org.br
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