A transformação digital não é tecnológica, é organizacional. É fundamental, além de investir em novas tecnologias, mudar o mindset.
O Australopithecus afarensis foi um dos primeiros ancestrais do homem. Este pequeno hominídeo, semelhante a um macaco, viveu no leste da África há pelo menos 2 milhões de anos.[1] O ser humano moderno provavelmente se desenvolveu entre 200 mil e 100 mil anos atrás. Foram necessários bem mais que 100.000 anos de evolução para chegarmos à Revolução industrial, entre 1760 a 1860, com o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão e o tear mecânico. Apenas 210 anos depois, chegamos à revolução digital. Em apenas 0,14% do tempo que gastamos desde o início conhecido, até a Revolução Industrial. Em 2020 entramos na Idade Digital, ultrapassando todo o Século XX em apenas 1 trimestre.
Até há pouco ainda avaliávamos nossas Personas em grupo – os Grupos de Personas. Assim como, no “passado” fazíamos as nossas avaliações baseados em parâmetros, estabelecendo médias gerais na medicina, educação, entretenimento, propaganda, consumo, marketing, bem-estar, lazer. Enfim, em diferentes setores, a avaliação era feita com base em padrões determinados por uma média estatística. O fato é que quando pensamos na média ou no grupo, não estabelecemos contato com ninguém.
A transformação digital não é tecnológica, é organizacional
O mundo digital que agora se inaugura, a nova era, a do individualismo levado ao extremo, ao contrário do pensamento comum, não acontece apenas com o uso da tecnologia. A transformação digital não é tecnológica, é organizacional. A tecnologia é mero instrumento – proporciona cada vez melhores e mais dinâmicas experiências ao consumidor.
Para tanto, é fundamental, além de investir em novas tecnologias, mudar o mindset. Tratar desigualmente pessoas aparentemente iguais, porque além das individualidades, os fatos da nossa vida nos moldam ao longo do tempo.
O foco está pulverizado – possibilidades multitela, multilinguagem, multiforma – e o conceito de audiência, engajamento e atenção ou aprendizagem que havia antes, serve cada vez menos para balizar as estratégias e garantir resultados.
Entender que cada pessoa está em fase distinta de desenvolvimento e que adquiriu, na sua vida, percepção e sentimento absolutamente individualizado sobre tudo o que viveu e, portanto, para cada um, há uma sequência diferenciada de contato, conexão, emoção e uma razão para o engajamento – compreensão do mundo ao seu redor e sincronicidade com seus interlocutores – será, a única forma de conseguir atender e ter sucesso nesta tarefa. O nosso novo mundo será para cada um, um mundo capaz de oferecer o que cada indivíduo precisa.
Como nos adaptar à era do individualismo extremo?
Necessário ter clareza sobre objetivos, comunicação, assertiva e direta. Neste ponto, não temos mais tempo para errar.
Se por uma lado estamos ingressando na era digital ou do individualismo extremo, por outro lado algumas pesquisas nos mostram o quanto precisamos “correr” neste pós- pandemia, 46% das empresas estão “confusas digitalmente” e as 54% que se consideram “comprometidas digitalmente” ainda não completaram seu caminho rumo à transformação digital.[2]
Parte da complexidade dessa jornada está no alto volume de dados gerados de forma aleatória. Para se ter uma ideia, foram criados 33 ZB de novos dados em 2018 (1 ZB = 1 trilhão de Gigabytes). Desse total, 14% eram originais e 86% vieram de replicações e redistribuições, sendo 25% dos dados úteis tagueados e, apenas, 13% deles analisados. Até 2023, mais de 103 ZiB de novos dados deverão ser criados, prevê o IDC Brasil.
Nota: 1 ZiB corresponde a 1.000.000.000.000.000.000.000 de bytes
Estima-se que, do início da civilização até 2003, a humanidade criou 5 exabytes (um quintilhão de bytes) de informação. Um estudo da consultoria IDC indica que, de 2012 até 2020, o volume de dados armazenados na internet dobrará a cada dois anos.
As razões por trás desta explosão de dados são simples de entender. A proliferação das redes sociais, o crescimento do e-commerce e a crescente penetração de dispositivos móveis são fenômenos relativamente recentes e que tendem a se intensificar nos próximos anos. Além disso, estima-se que, já em 2025, teremos 25 bilhões de dispositivos conectados, que vão de PCs e smartphones a dispositivos sensoriais como câmaras de monitoramento e medidores de velocidade, gerando uma enxurrada de dados complexos.
A cada segundo nós criamos um novo dado. Por exemplo, só no Google, a humanidade faz cerca de 40.000 consultas por segundo, o que significa 3,5 bilhões de buscas por dia e 1,2 trilhão por ano.
Portanto, o que temos em excesso é informação. O que nos falta são critérios e objetivos claros. Todas as definições de que precisamos para entender e nos relacionarmos com o próximo, seja ele um colaborador da empresa, um cliente, um amigo ou você mesmo já está disponível, em algum lugar. Como encontrar, vai depender da compreensão das dimensões humanas além de si mesmo.
Está ao nosso alcance, a grande fase de desenvolvimento humano e compreensão das nossas razões e principalmente a integração de todas as pessoas em uma sociedade mais humana, respeitando todas as condições individuais.
Se não for uma decisão humana, entender e desejar participar deste momento – que seja então uma decisão empresarial para melhor rentabilidade – Se investirem em estratégias e projetos relacionados a big data, empresários e comerciantes poderiam aumentar as suas margens operacionais em até 60% ao ano.
No final, todos serão beneficiados por esta decisão, em todos os setores. Defina então, o seu porquê!
Sandra Moraes
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Fontes:
[1] Encyclopædia Britannica, Inc.
[2] IDC Brasil
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