Nos últimos tempos, nós Coaches Profissionais, temos testemunhado um gritante movimento de falsas promessas de sucesso garantido que, de forma indiscriminada, vítima um sem número de pessoas que estão à procura de uma oportunidade no mercado de trabalho.
Primeiro devemos nos lembrar que o conceito de carreira em razão de uma economia altamente dinâmica e influenciada por constantes mudanças na tecnologia e por reestruturações organizacionais de diversas naturezas, passou a não mais ser caracterizado como uma experiência formada por apenas um ciclo e limitada a um emprego, mas como a sequência de todas as experiências de trabalho de uma pessoa ao longo da vida.
Segundo os Professores, Doutores – Joel Souza Dutra e Elza Fátima Rosa Veloso (VELOSO; DUTRA 2010) no Brasil, o fenômeno de transição de carreira ganha impulso a partir de 2000, caracterizado por movimentos na carreira que implicam assumir e se confrontar com novas identidades profissionais, exigindo que cada indivíduo desenvolva a capacidade de adquirir e absorver conhecimentos e habilidades de diferentes naturezas.
O desejo de deixar um emprego, independentemente do quão satisfatório ele possa ser ou parecer para uma pessoa, leva todos a um confronto com questões sobre a identidade e as necessidades que precisamos ver atendidas, como por exemplo, as responsabilidades individuais e familiares, os compromissos financeiros e uma reserva financeira; a Prof. Dra. Herminia Ibarra (Ibarra, 2008/2009) em seu livro “Working Identity” – Identidade de Carreira – A experiência é a chave para reinventá-la – comenta que neste confronto precisamos refletir sobre quem somos, quem pensamos que poderíamos ser, quem temos a esperança de nos tornarmos e o que podemos perder no processo de transição.
Acrescento ainda o que estamos dispostos a deixar para trás, por conta deste momento de transição.
O processo de transição não é assim tão óbvio e simples como temos visto na mídia em geral, e claro uma transição de carreira para se tornar um Coach Profissional não é diferente, e requer além de investimento considerável no próprio desenvolvimento, uma dedicação incondicional para se manter atualizado e aberto para novas metodologias e conhecimento acadêmico que não se adquire em dois ou três dias de treinamento.
Como destacado por (de Vries, Manfred Kets; Korotov, Konstantin e Florent-Treacy, Elizabeth) a velocidade das mudanças no mundo globalizado tornou-se, também, um dos maiores aceleradores de programas de Coaching no novo século. A pressão por produzir resultados e por transformar o pensar, bem como a rápida desatualização de competências antes consideradas como eficientes, trazem a necessidade do contínuo autodesenvolvimento como essencial para o sucesso de profissionais em geral e claro também para aqueles que desejam abraçar a atividade como Coach Profissional.
Segundo William Bridges (1991), existe uma diferença clara entre mudança e transição de carreira. Mudança é situacional, ao passo que transição se refere ao processo psicológico vivido por indivíduos para lidar com uma nova situação. O autor classifica a mudança como um evento externo e a transição como um evento interno.
Mudanças estão enfatizadas naturalmente em resultados; e transições, no desfecho que deverá ser dado para abandonar uma antiga situação. Em outras palavras, mudanças situacionais dependem do novo, enquanto transições psicológicas envolvem renunciar a realidade e a identidade que existiam antes de a mudança ocorrer.
De acordo com Bridges (1991, p. 19, em tradução livre), “antes de se tornar uma pessoa diferente, você tem que deixar no passado a velha identidade profissional. Antes de você aprender novas maneiras de fazer as coisas, você precisa desaprender as antigas.”.
O modelo proposto por Bridges mostra a transição como um evento que acontece em três etapas: término, zona neutra e recomeço. Iniciado o processo de abandonar a identidade antiga, a primeira etapa no gerenciamento da transição foi coordenada.
Em seguida, vem a zona neutra, caracterizada como uma jornada entre duas identidades, na qual se realizam as reorientações e redefinições necessárias. A zona neutra é uma etapa que toma tempo durante a transição. Quando se trata de um caso de promoção ou troca de emprego, por exemplo, a mudança situacional externa provavelmente ocorre rapidamente. No entanto, no íntimo do profissional, a transição psicológica acontece lentamente, porque, na verdade, durante um tempo, o indivíduo se esforça para abandonar a identidade anterior, até compreender e assumir a nova.
Essa é uma etapa marcada, de um lado, por dificuldades emocionais e confusões, principalmente, quando se trata de uma mudança de setor de atividade, mas, de outro, pode representar uma oportunidade de estímulo à criatividade, à renovação e ao desenvolvimento do profissional (BRIDGES, 1991).
Por último, o recomeço acontece quando o indivíduo está pronto para comprometer-se emocionalmente com a nova situação, enxergar-se como uma nova pessoa e realizar as coisas de uma maneira diferente. Essa etapa distingue-se por envolver novos entendimentos, valores, atitudes e, acima de tudo, uma nova identidade (BRIDGES, 1991).
Assim, meu caro leitor, eu lhe convido a pensar em tudo isso, planejar sua transição com uma certa urgência se estiver infeliz e pouco realizado na atividade que desempenha, mas por favor, não tenha pressa. A pressa pode vir acompanhada de muitos riscos desnecessários. Invista tempo em pesquisa para determinar o que você quer fazer na nova carreira, quem você quer ser e para isso, consulte profissionais preparados para prestar o apoio que você necessite, não se furte em pedir apoio e não caia no engodo de fórmulas preconcebidas que garantem sucesso, e que colocam um único modelo para tudo e para todos sem respeitar as individualidades.
No caso específico da atividade de Coaching, nós Coaches Profissionais da ICF estamos prontos e nos colocamos à sua disposição para uma troca de ideias e para prestar o apoio que você precisar, caso esteja pensando em se tornar um Coach. Associe-se a nós e venha fazer a diferença neste mercado.
João Luiz Pasqual
Presidente da ICF Brasil eleito para o triênio 2016/2018 atuando aqui como colunista representante e voluntário da ICF Brasil.
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