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Cultura do Pessimismo: Sintomas, Causas e Como Superar
Começando pelo óbvio: não podemos controlar fatores externos a nós. A macroeconomia, a geopolítica, as condições climáticas globais, as políticas públicas, o humor do síndico do prédio ou o equilíbrio emocional do motorista do carro à sua frente.
Para quem reconhece que cada um de nós é um agente fazendo parte de sistemas vivos, que estão em movimento, é importante portanto reconhecer que sim, nossa presença, nosso silêncio ou nossa fala, nossa arte em sermos o melhor de nós a cada dia, isso importa e tem seus efeitos, em nós mesmos e nos que são impactados pela nossa presença e nossa vibração.
Muita coisa, porém, independe de nós.
O que cabe é, internamente, saber lidar com as ocorrências externas. No relacionamento interpessoal, mantermos o respeito e o autorrespeito, conseguir lidar com o diferente, conhecer a si mesmo e seguir trabalhando para fortalecer seus pontos fortes e enfraquecer seus pontos fracos, e muito mais.
Ou seja: os ambientes (sistemas) aos quais estamos mais diretamente ligados e nos quais ocupamos um lugar que nos permite exercer influência direta, a arte do conviver pode ser exercida e aprimorada. Beleza.
Porém, vivemos tempos de uma crise civilizacional muito evidente.
E sem entrar em considerações sobre as causas dessa crise e quem ganha e quem perde com ela, o chamado “tecido social” passa por ondas. O mais comum é se deixar levar por essas ondas, sob o risco de perder-se de si mesmo.
Um dos traços culturais mais graves, conforme diversos pensadores contemporâneos, é o pessimismo. Para citar um, recomendo conhecer alguma das obras do italiano Elio Stefano D’Anna. Especialmente em seu livro “Um Sonho para o Mundo”, ele aponta, nas artes, na política, na economia, a predominância, em nosso tempo, de uma visão pessimista, parte importante do vazio existencial que atualmente alcança proporções epidêmicas.
Esse pessimismo é contagiante, e pouco a pouco corrói a capacidade do ser humano de realizar seu potencial.
O percentual dos “nem-nem” é um triste indicativo da tal crise. O culto ao feio, a relativização da verdade e da mentira, a profusão de detratores da ética tendo êxito em suas falcatruas, a aparente impunidade da corrupção, seja ela praticada em pequena ou em larga escala, parece que a sociedade está vivendo uma espécie de carnaval ladeira abaixo.
E nem falamos da epidemia de depressão e de ideação suicida. Se nosso objetivo fosse esgotar a lista de sintomas de crise e de fatores que alimentam o pessimismo, esse parágrafo não teria um fim.
Claro que existem sinais de avanço e movimentos que mantêm a chama da esperança acesa. Os otimistas conscientes (não incluo os “polainas” nem os “tô nem aí” nesse grupo) existem, estão ativos. E, graças a esses, muitas iniciativas, projetos e campos de estudos e de práticas construtivas estão furando as ondas que subtraem vida e desmotivam um mar de gente.
Não há outro caminho a não ser o da consciência.
Saber que o mal existe e que ele produz maldade é pisar com os dois pés no chão. E a partir da consciência, fazer escolhas e empreender seus próprios movimentos.
Quando a onda contrária está muito forte, saber esperar, usar o silêncio e a preservação da paz interior para que ela esteja sempre pronta a ser emprestada para quem nos procurar. Fazer o possível, conscientemente, para ser esperança, ser farol, ser uma bênção na vida daqueles que nos olham buscando uma saída.
Poucos aparecem querendo ser o salvador da pátria, mas o ser consciente não embarca em ondas. Deixa-se apenas ser, mas não se nega a ser. De certo, não acertamos sempre, porque não somos totalmente conscientes, somos seres em construção.
Se então, junto com o que sabemos, pudermos cultivar a certeza de que não somos infalíveis. Temos o que aprender com a vida e com tanta gente inteligente que também existe à nossa volta (acho que o nome disso é humildade). Faremos parte da reconstrução da civilização, que está em marcha, mesmo que a descida da ladeira ainda empurre a maioria, lamentavelmente, para o fundo do fim.
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Quer saber mais quais são os principais sintomas da cultura do pessimismo e como ela afeta a sociedade? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em falar com você.
Almir J Nahas
Consultor Sistêmico
https://olharsistemico.com.br/
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